Internet Interplanetária

Internet Interplanetária!
Estamos habituados a ter internet em todo o lado, em casa, no emprego, no PC fixo, no portátil, no telemóvel. Já dificilmente conseguimos sobreviver sem Google, Messenger ou Hi5, temos os nossos blogs, participamos nos fóruns, recebemos as últimas notícias do nosso clube directamente no mail, mandamos as fotos das ultimas férias ao cunhado como anexos ao e-mail…
Mas e se formos para o espaço? Poderemos continuar a actualizar o nosso blog a partir de Marte? A resposta é (ainda) não.

O problema nem sequer é tanto da falta de antenas de comunicações, é mais por culpa da velocidade da luz que, apesar de grande, é finita.
Para podermos consultar uma página da internet (ou enviar um mail, conversar através de mensagens instantâneas, etc) é necessário que se estabeleça uma comunicação de dois sentidos entre nós (o nosso PC) e o servidor onde está alojada a página (ou o mail, etc).
Tipicamente essa comunicação demora algumas dezenas ou centenas de milissegundos, desde que enviamos o pedido até que recebemos a resposta. Mas no caso por exemplo da Lua, exclusivamente devido à distância, esse tempo teria de ser aumentado de 2,5 segundos. Pode até não parecer muito, mas já implica algumas complicações técnicas. Se nos aventurarmos até Marte as coisas complicam-se bastante. O tempo de espera varia entre, aproximadamente, os 6 e os 40 minutos (ida e volta), dependendo das posições da Terra e de Marte nas suas respectivas órbitas.
Os protocolos (protocolo: regras que possibilitam a comunicação entre computadores) que utilizamos actualmente esperam que o PC destinatário de uma mensagem responda se a mensagem foi bem ou mal recebida, num intervalo de tempo reduzido (tipicamente até 30 segundos, dependendo do tipo de comunicação). Se não for recebida uma confirmação, a mensagem é reenvida pelo remetente ou ignorada (dependendo novamente do tipo de comunicação).

Este tipo de protocolos não pode ser utilizado para comunicações interplanetárias. Aumentar o “tempo de espera” não é suficiente, pois o equipamento emissor terá de guardar a mensagem em memória, até que receba a confirmação de que foi entregue, o que implicaria que os equipamentos actuais teriam de ser muito mais fornecidos de memória (além de outras complicações), pois em 40 minutos pode gerar-se muito tráfego de internet…
As limitações dos protocolos de comunicação não são o único problema. A simples comunicação ponto a ponto entre dois planetas pode ser afectada por uma série de condições, desde tempestades solares a perdas de alinhamento das antenas ou, o mais problemático, avarias. Pois, porque não será muito viável enviar um técnico atè à órbita de Marte ou até um ponto de Lagrange para arranjar um equipamento…

Cada nodo de uma futura internet interplanetária, teria de ser um equipamento bastante complexo e capaz de, até certo ponto, efectuar pequenas reparações.

Mas o mais extraordinário é que estamos quase lá!
Vinton “Vint” Cerf, um dos responsáveis pelo actual protocolo TCP/IP (usado pela internet) e o homem mais vezes apelidado de “Pai da Internet” tem, já há algum tempo, vindo a trabalhar com a NASA no desenvolvimento de redes tolerantes a atrasos (Delay-tolerant Networking – DTN).
Espera-se que por 2010 o protocolo DTN esteja já suficientemente maduro para ser incorporado em todas as futuras missões tripuladas ou não.
Assim realmente teremos uma internET.

Texto de Ilídio Vicente.

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