Redondo, ida e volta

O céu do ASTROREDONDO deixou saudades.
Mesmo se o local é um pouco inclinado, o que para alguns instrumentos, como o meu Obsession, não é o ideal, a verdade é que há algum tempo que não observava num céu de tal qualidade.
Por isso, resolvemos repetir.
E, na 6ª feira, pelas 18:00 horas, eu, o Filipe Alves e o José Ribeiro rumámos a Redondo, ao encontro do Henrique, do Francisco, do Hugo Silva, do João Gregório e filho.
Mais tarde juntou-se ao grupo o Vítor Nunes, organizador do AstroRedondo.

Munido de uma carta de magnitudes, identifiquei duas estrelas de magnitudes 6.25 e 6.27, na zone de Leão. Excelente céu, portanto. Mas não tão escuro como tínhamos tido no sábado anterior.
Foi uma bela noitada, com uma bela colheita de objectos. E a maior parte dos alvos foram galáxias. Nesta altura é a época ideal para os enxames de Virgem e Cabeleira de Berenice, sem esquecer Leão.
Comecámos por M42. Com o espelho ainda quente e com a constelação a fugir para poente, a imagem esteve longe de ser perfeita. Aproveitámos para ver a planetária NGC 2022 e M78 que apresentava uma bela luminosidade.
Seguiu-se M51, a galáxia do redemoinho, em Cães de Caça; muito bem delineados os braços espirais e nítida a ponte para o NGC 5195.
M104, Sombrero, antecedeu a visão das Antenas, em Corvo. Bastante brilhantes, definiam-se bem os dois componentes em interacção.
Em Virgem começámos pelas galáxias da Cadeia Markarian. Com a ocular de 31mm era uma beleza ver toda aquela riqueza de galáxias. O mesmo aconteceu mais tarde com o enxame Abell 1656 e Hickson 61 em Cabeleira de Berenice, onde fomos brindados com um número muito elevado e indeterminado de galáxias no campo da ocular.
Um TOUR –função muito útil do ArgoNavis – com um filtro a magnitude 12, levou-nos a uma viagem pelo enxame de Virgem e Cabeleira de Berenice, viagem interrompida a certo ponto, tantos eram os alvos.A nebulosa planetária NGC 4361, em Corvo, antecedeu a observação de M46, com a nebulosa planetária, NGC 2438. Que visão magnífica! Grande, brilhante, sobreposta a um enxame extenso e rico de estrelas. Foi aqui que nos apercebemos que a noite estava excelente para enxames.
Por isso percorremos M13, M92, M4, M80, M71, M10, M12, M14, M19, M107, M62, M3, M5 etc.
Foram imagens deliciosamente belas e ricas.
Houve tempo para o Fantasma de Júpiter, a nebulosa Olho do Gato, a Esquimó; tempo ainda para M57 com visão em curtos lapsos de tempo da estrela central, para a Blinking, que, quando olhada directamente, praticamente desaparecia, para reaparecer pujante de brilho logo que se desviava o olhar.
Saturno esteve melhor no sábado anterior. Aliás o céu apresentava alguma turbulência.

Pelas 02:00 partiu toda a gente, excepto eu, o Filipe e o José Ribeiro.
Ainda tentámos resolver Antares. O José Ribeiro foi o único a vislumbrar Antares B. Na verdade ainda estava muito baixa e a turbulência era bastante grande.
Tentámos a dupla dupla, Nu Scorpii. Devido à turbulência só se resolveu um dos pares. Quanto à dupla dupla, epsilon Lyrae, foi facilmente resolvida.
M27, M83, Centauro A completaram a noite.
Ainda tentei levar o Obsession até ao globular Omega de Centauro. Verifiquei que conseguiria, mesmo no limite mecânico do instrumento, não fora o globular se encontrar tapado por uma pequena elevação de terreno.

Foi uma noite sem vento.
As águas da barragem estavam perfeitamente espelhadas. E nelas podiam ver-se reflectidas inúmeras estrelas, uma visão fantástica, privilégio de quem lá está na altura adequada.

Partimos por volta das 03:30 rumo a Lisboa. Foi uma excelente noite.

Bons céus
Alberto

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