Magueijo e o Problema do Horizonte

O nosso universo parece ser surpreendentemente uniforme.
Ao olhar através do espaço de uma extremidade do Universo visível para a outra, observa-se que a radiação de cósmica de fundo de microondas que enche o cosmos está à mesma temperatura em toda parte.
Isso pode não parecer surpreendente até que se considere que o diâmetro do Universo é de cerca de 28 mil milhões de anos-luz e que o nosso universo tem apenas 14 mil milhões de anos de idade.
Como nada pode viajar mais rapidamente do que a velocidade de luz, não é possível explicar de que forma a radiação poderia ter viajado entre os dois pontos e nivelar as zonas quentes e frias criadas no grande estrondo que foi o big-bang e para se atingir o equilíbrio térmico que nós vemos agora.

O “horizon problem” (problema do horizonte) tem sido uma grande dor de cabeça para cosmólogos, tão grande, que vieram ao de cima uma série de teorias como é o caso da “teoria da Inflação” e mais recentemente a teoria do físico português da velocidade da luz variável (VSL).

Para resolver o problema do horizonte poderíamos considerar que o universo expandiu de forma ultra-rápida nos primeiros 10-33 segundos após o big-bang (Inflação cósmica) ou pensar que na realidade houve uma variação na velocidade da luz (VSL) e que esta teria sido muito superior no inicio do universo. Contudo, estas teorias, apesar de conseguirem resolver um mistério invocam outros ainda mais difíceis de resolver.

A primeira questão que me surge relativamente à suposição do Magueijo é porquê?
Não sei se por ingenuidade se por falta de comunicação João Magueijo nunca se preocupou em responder a esta questão – Porque razão teria variado a velocidade da Luz?
Além disso, se o tempo e o espaço são apenas dois aspectos da mesma realidade como pode a luz variar no tempo e não no espaço?
Na minha opinião, o próprio conceito de uma constante que é variável não me parece muito realista.
Por outro lado, ao fim de 5 anos Magueijo deveria ser mais substancial para alguém que com esta teoria pretende destruir toda a Física construída no século XX a partir do postulado de uma c constante. Basta recordar algumas das equações mais importantes da física, mesmo da mecânica quântica e ver quantas vezes é que a constante c aparece nestas fórmulas. Assim, apesar de todas estas novas ideias em termos científicos, a temperatura uniforme da radiação de fundo permanece como uma anomalia por explicar.

Tal como as novas teorias de Einstein no inicio do século XX, só os resultados das observações astronómicas, com aparelhos mais precisos, é que poderão corroborar ou refutar estas teorias.

5 comentários

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    • Ronaldo Bandeira on 15/03/2016 at 19:30
    • Responder

    Não sou físico (sou apenas um engenheiro eletrônico curioso).

    Mas pela lógica, entendo que logo no início do big bang a “densidade da gravidade” deveria ser muito maior do que atualmente. Como a gravidade afeta a velocidade de luz, imagino que ao contrário do que se disse aqui, a velocidade da luz naquela ocasião deveria ser bem menor do que hoje.

    Para polemizar e explicar ainda a homogeneidade da radiação cósmica de fundo de microondas, apesar do que hoje já está claro que nem toda a teoria quântica se aplica ao macro-universo, não poderíamos extrapolar a teoria do entrelaçamento ou do emaranhamento quântico de duas partículas para explicar esta homogeneidade?

    Abraços,

    Ronaldo Bandeira

  1. Uma vez me disseram que a mecânica quântica prova que particulas surgem do “nada”. Bem, questionei “como pode ter certeza que naquele experimento, na que máquina, tinha o nada?” “Como saber se as equações estão perfeitas e completas? como medir o nada? como se prova que o nada existe? como calibrar um equipamento ou experimento para medir o nada?” quem garante a calibração dos instrumentos? com a palavra os instrumentistas e físicos. Admiro e acredito na ciência mas, pouca ciência afasta o homem de Deus, muita ciência aproxima.

    Acho muito mais fácil visualizar a criação por Deus (não exatamente como está na Biblia) do que “Do nada surgiu tudo”. Se meus alunos não estudarem NADA não aparecerá resultado quantico na prova.

    Estou a ouvi-los.

    1. Em vários artigos aqui no AstroPT, já está explicada essa problemática do “nada”. É uma conceção errada das pessoas, porque não entendem as definições físicas. Não é preciso meter “deus ao barulho” nisto.

      abraços

  2. Mesmo não existindo nada existe alguma coisa? Da Física sobram sempre questões metafísicas…

    Do incomensurável– do ignoto— do atemporal –

    1. Sim.

      O “nada” em física está cheio de tudo… 😉

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