Por vezes há locais interessantíssimos mesmo aqui ao lado e não damos por isso. Na constelação Cisne, entre Deneb e Sadr, existe um desses sítios, tão excepcional como obscuro.
A apenas 6 mil anos-luz de distância, a associação Cygnus OB2 ocupa uma região do espaço com algumas centenas de anos-luz de extensão e apresenta uma das maiores concentrações de estrelas de tipos espectrais O e B observados na nossa galáxia. O último censo registou quase 3 mil estrelas deste tipo. De facto, a densidade de estrelas jovens é tal que alguns astrofísicos adiantaram a possibilidade de se tratar de um enxame globular jovem, à semelhança dos observados nas Nuvens de Magalhães.
A população estelar da associação é igualmente notável. Entre os membros contam-se inúmeras estrelas Wolf-Rayet, supergigantes ultraluminosas de tipo espectral O, sistemas binários em contacto estremamente maciços e vários candidatos a LBV (Luminous Blue Variable). Estas estrelas, muito raras, estão entre as mais luminosas da nossa galáxia.
Na associação existem também vários vestígios de supernovas, confirmando que se trata de uma região de formação estelar extremamente vigorosa. O satélite INTEGRAL, da ESA, identificou Cygnus OB2 como um dos focos mais intensos de raios gama provenientes do decaimento radioactivo do Alumínio-26, um isótopo instável com uma vida média de 720 mil anos e que se forma preferencialmente em supernovas e nos energéticos ventos estelares de estrelas maciças.
Mas como pode tudo isto passar despercebido ? Como é possível nunca termos reparado num tal esplendor ? Por um acaso infeliz, a associação encontra-se por detrás de nuvens de poeira interestelares densas que absorvem a luz visível em mais de 10 magnitudes. Sem este obstáculo, esta seria uma das regiões do céu mais espectaculares. Numa área equivalente às Plêiades teríamos dezenas de estrelas de magnitude 1 e 2 alterando significativamente a percepção dos asterismos. Poderíamos não ter uma constelação do Cisne…
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