Visita a Tenerife e os Telescópios gigantes

Ainda relativamente à participação no cruzeiro astral, no dia 19 de Abril passamos na famosa ilha de Tenerife. Aqui seguimos para Porto de La Cruz e o Loro Parque, um parque dedicado à riquíssima diversidade biológica da ilha, com especial ênfase para as quase trezentas espécies de papagaios (“Loros” em castelhano).
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A visita foi curta e o interesse turístico sobrepôs-se ao facto de nesta ilha se localizar o Instituto de Astrofísica de Canárias (IAC), um importante instituto de pesquisa astrofísica localizado em Tenerife nas Ilhas Canárias, Espanha. O IAC foi fundado em 1975 pela Universidade de La Laguna e tem três componentes: o Instituto de Astrofísica, em Tenerife o Observatório del Roque de los Muchachos em La Palma e o Observatório del Teide em Tenerife.
Ainda perguntei ao taxista se era possível visitar o observatório del Teide, mas as três horas que tínhamos disponíveis não eram sequer suficientes para fazer a viagem de ida e volta do Caís. Por outro lado, a montanha onde este se encontrava estava, naquele dia, coberta de nuvens. Por curiosidade perguntei, também, quanto tempo seria necessário para fazer a viagem para a Ilha de La Palma, onde se situa o maior telescópio do mundo, actualmente. A resposta do Gregório, um emigrante Venezuelano nas Ilhas há 23 anos foi que bastavam 20 minutos de avião e cerca de 1 hora de barco. Esta seria uma visita interessante – o Gran Telescope Canarias, com um espelho de 10,4 metros é, actualmente, o maior do mundo.
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O Observatório de Roque de los Muchachos está situado no município de Garafía na ilha de La Palma, no limite do Parque Nacional de la Caldera de Taburiente. O observatório está a uma altitude de 2400 metros e foi inaugurado em 1985, tendo a maior concentração de telescópios no hemisfério norte.
Os telescópios terrestres, como este, têm sido ultimamente suplantados por telescópios espaciais como o Hubble e o Chandra (raios X). Isso deve-se ao facto da luz dos objectos celestes ter de atravessar a atmosfera terrestre, criando muitas limitações à resolução destes telescópios e retirando vantagens aos telescópios de grandes dimensões. Contudo, uma nova tecnologia está prestes a alterar este estado de coisas – ópticas adaptativas. As ópticas adaptativas requerem uma fonte luminosa (estrela guia) que pode ser uma estrela próxima do objecto a observar ou em alternativa, pode ser usado um laser. Para controlar a deformação dos espelhos está a ser desenvolvida uma tecnologia na qual poderosos computadores com software apropriado recolhem dados de sensores sobre a distorção da atmosfera e através de um feedback contínuo fazem as correcções necessárias para contrariar a distorção atmosférica.
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Toda esta tecnologia é importante devido à nova geração de telescópios terrestres, actualmente em desenvolvimento. Estes projectos são o GMT (Giant Magellan Telescope), resultante de uma parceria entre instituições Americanas e Australianas e o E-ELT (European Extremely Large Telescope). Ambos os projectos devem estar concluídos em 2017. O GMT consiste em 7 espelhos circulares que simulam uma abertura efectiva de 24,5 metros e o E-ELT deverá apresentar quase o dobro deste diâmetro com 42 metros. Isto fará dele o maior telescópio jamais construído. O E-ELT terá um sistema de ópticas adaptativas bem como plataformas de multi-instrumentos.

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Por outro lado, também no mundo dos telescópios espaciais haverá novidades, não só pelas novas funcionalidades e dimensões, mas também pela preocupação de continuar a abranger toda a gama do espectro electromagnético (o que não é possível na Terra). O já conhecido James Webb Space Telescope (JWST) será lançado em 2013 e irá ter o maior espelho jamais lançado para o espaço com 6,5 metros de diâmetro, contra os 2,4 metros do telescópio espacial Hubble. O JWST não será um telescópio do visível como o Hubble, será um instrumento a captar luz no infravermelho, capaz de desvendar as galáxias mais distantes. Para manter as baixas temperaturas, necessárias para o bom desempenho deste tipo de telescópios este terá uma espécie de guarda-sol do tamanho de um campo de ténis que o protegerá da radiação solar.
O JWST deverá estar também afastado da radiação infravermelha da Terra, pelo que, ao contrário do Hubble, que possui uma orbita de baixa altitude que pode ser alcançada a partir do Space shuttle, o JWST será colocado num ponto de Lagrange distante, o ponto L2 a 1,5 milhões de quilómetros da Terra onde a gravidade do Sol e da Terra se anulam mutuamente. Aqui, estará numa órbita estável, com a Lua, a Terra e o Sol por detrás do seu escudo protector, podendo observar galáxias distantes sem qualquer interferência.

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