Viagem até Marte? Cuidado com as bactérias!

Missão tripulada a Marte. Crédito: NASA

Missão tripulada em Marte. Crédito: NASA

Missões de longa duração no espaço podem ser muito perigosas para a saúde, assim diz o novo relatório publicado no The Journal of Leukocyte Biology. Além da forte probabilidade em contrair câncer devido à exposição demorada aos raios cósmicos somada à intensa radiação espacial, os astronautas terão outros problemas à enfrentar relacionados com sua saúde.

O novo estudo argumenta que futuras missões humanas a Marte, assim como outras jornadas de longa duração no espaço podem ser seriamente comprometidas pelos micróbios que seguirão viagem, acompanhando os astronautas. Isto ocorre uma vez que as viagens de longo prazo trazem dois graves problemas para os seres humanos: o seu sistema imunológico é enfraquecido e por outro lado a virulência e a velocidade de reprodução dos micróbios podem ser incrementadas neste tipo de ambiente.

Impossível retornar

Esta combinação de fatores vai obrigar os cientistas a tentar encontrar novas e mais poderosas ferramentas para ajudar aos astronautas enfrentar estes viajantes microscópicos indesejáveis antes que sofram de mal-estar ou doenças no espaço. As viagens longas pelo espaço não permitem o uso de alternativas de emergência como o retorno para um hospital em nosso planeta.

“Quando pensamos em viagens-espaciais, o que vem a nossa mente inicialmente é a longa distância a percorrer”, disse Jean-Pol Frippiat da Universidade de Nancy na França e um dos autores do artigo. “Mas, mesmo que tenhamos uma maneira de cobrir estas distâncias em uma quantidade mínima de tempo, nós ainda temos que saber como será que os astronautas irão conseguir enfrentar e sobreviver ao mal-estar e as doenças que sofrerão”.

Hemácias em uma placa de Petri são utilizadas para o diagnóstico de infecção. A placa da esquerda mostra uma infecção por estafilococos e a da direita, por estreptococos.

Hemácias em uma placa de Petri são utilizadas para o diagnóstico de infecção. A placa da esquerda mostra uma infecção por estafilococos e a da direita, por estreptococos.

Frippiat e seus colegas basearam suas conclusões em estudos que mostram que os sistemas imunológicos tanto de pessoas quanto de animais em ambientes com as condições dos vôos espaciais são significativamente mais fracas que quando estão no solo terrestre. Os cientistas também revisaram os estudos que examinaram os efeitos dos ambientes espaciais e da gravidade alterada na proliferação e virulência das bactérias patogênicas comuns como a Salmonella, Escherichia coli e o Staphylococcus. Os estudos nos mostram que estas bactérias se reproduzem mais rapidamente nas condições ambientais dos vôos espaciais, levando a elevação do risco de contaminação e de aquisição de infecções sérias.

Salmonella

A Salmonella é um gênero de bactérias, pertencente à família Enterobacteriaceae. Os sintomas causados pela Salmonelose são febre, náuseas, vômito e diarréia. Tendem a aparecer cerca de 24 horas após a ingestão. Elas se fixam na parede do intestino delgado, mais precisamente nas células M (microcílios), onde se multiplicam e se manifestam causando vômito, diarréia, náuseas, febre, anorexia intensa e outros.

Como se manter em perfeita saúde no espaço?

“Os pesquisadores delinearam claramente que é improvável que os seres humanos permaneçam em plena saúde quando saem da Terra por períodos prolongados”, afirmou Luis Montaner, Editor Chefe do The Journal of Leukocyte Biology. “Infelizmente, embora a tecnologia espacial esteja bem mais a frente do nosso conhecimento de como manter a saúde humana, a sobrevivência sem doenças ou intoxicações após a chegada em Marte ou no estabelecimento de uma colônia na Lua pode ser problemática”.

No abstract do artigo publicado os cientistas escreveram:

Neste ano [2009], nós celebramos o 40º aniversário do primeiro pouso de humanos na Lua. Em 2020 os astronautas deverão retornar a superfície lunar e estabelecer um posto avançado por lá que irá fornecer uma base técnica para futuras missões tripuladas para Marte. Este artigo sumariza as mais relevantes restrições relativas a realização de viagens a Marte, apresenta os problemas imunológicos associados a este tipo de missão e mostra que nosso conhecimento atual dos efeitos da supressão da imunidade é limitado. O enfraquecimento do sistema imunológico associado como o vôo espacial é, de fato, uma área que deveria ser considerada mais profundamente antes que realizemos viagens espaciais prolongadas.

Fonte

O artigo acima é uma tradução livre (com adaptações editoriais e complementos), baseada na fonte abaixo:

Referência (Journal)

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