Buracos Negros, Matéria Negra, Energia Negra

Hoje fui ver uma palestra de um dos especialistas mundiais em cosmologia, Karl Gebhardt.
A palestra, além de informativa, foi divertida.
A expressão que ele mais usou foi: não sabemos.

Sobre Buracos Negros, o que me ficou na memória foi ele ter dito que definitivamente é um facto que os Buracos Negros nascem e evoluem da mesma forma onde se incluem, mas não se sabe como é.

Sobre Matéria Negra, ficaram-me 3 coisas:
– as galáxias não são “planas”, mas sim bolas/bolhas, em que 80% da matéria é matéria negra.
– já se anda há procura da matéria negra, sem saber-se o que é, há 70 anos.
– não se sabe o que é matéria negra, mas quase de certeza que é uma nova partícula elementar desconhecida.
– o CERN, com o LHC, vai conseguir descobrir essa partícula elementar, num período de 3 anos.

Sobre Energia Negra:
– sabe-se que existe, porque vêem-se os seus efeitos. Por exemplo, leiam aqui e aqui.
– sabe-se desta energia somente nos últimos 10 anos.
– sabe-se que é uma força repulsiva.
– não se sabe o que é, nem sequer se é negra, nem sequer se é energia.
– sabe-se sim que está por todo o Universo.

– aliás, a Energia Negra constitui 71% do Universo, a Matéria Negra constitui 25%, enquanto a matéria normal são uns meros 4%. E, ainda pior, os elementos pesados, como carbono, oxigénio, etc, que perfazem o nosso planeta, os seres humanos, etc, são só 0,03% do Universo.

– ele também disse que a Expansão (no início do Universo) é uma teoria com bastante problemas.
– disse que o Big Bang tem montanhas de problemas/questões não respondidas.
– falou também em várias soluções para o problema da Energia Negra, e uma delas achei bastante curiosa: talvez não haja energia negra. Sabe-se que o que vemos é o Universo Observável, mas o Universo Não-Observável é muito maior (leiam aqui). Talvez nos limites do Universo (que não conseguimos ver) exista uma grande concentração de galáxias, que puxa as galáxias que observamos. Assim, imaginamos que existe uma desconhecida energia negra, mas de facto pode ser a gravidade a trabalhar de forma normal. Claro que neste caso, o Universo não seria homogéneo, e assim caía um dos pilares da Teoria do Big Bang.
– ele usou bastante este diagrama:

– disse que o nosso observatório vai estudar o tempo ANTES do que no gráfico se vê o universo a crescer a velocidades crescentes (ou seja, antes de se ver “Expansão acelerada”).
– disse também que antes desse período não se sabe nada. Nos gráficos (como em cima), antes da aceleração acelerada, aparece a dizer que o universo se expande a velocidades desaceleradas, mas isso foi uma ideia que se assumiu, mas que nenhum estudo o confirma. Não há quaisquer dados para trás!

Jelly Bean Universe = Universo feito de gomas. Representa as percentagens de matéria normal, matéria negra e energia negra, que existem no Universo. Crédito: Reidar Hahn/Fermilab

Jelly Bean Universe = Universo feito de gomas. Representa as percentagens de matéria normal, matéria negra e energia negra, que existem no Universo.
Crédito: Reidar Hahn/Fermilab

10 comentários

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    • Francisco Caetano on 08/05/2014 at 23:14
    • Responder

    Olá,

    Quanto à inflação inicial do Universo, ponho a hipótese desta ter sido uma explosão, tanto pelo curto espaço de tempo em que ocorreu, como pela dimensão relativa da “expansão” inicial.
    E o candidato ou candidatos que me ocorrem seria uma uma colisão entre matéria e anti-matéria à escala Universal.
    Também neste encontro se poderia ter formado a matéria escura (uma forma de matéria neutra em que a matéria e a anti-matéria se anulam) e a energia escura.

    Espero ter contribuído para deslindar os mistérios do Universo!
    😀

    Abraço

    • Carlos Leandro on 14/04/2014 at 14:33
    • Responder

    Amigo, bom dia.
    Estive observando, como primeiro passo para se questionar sobre qualquer coisa, e formulei o seguinte:

    Se os movimentos dos corpos celestiais, somados à suas velocidades com que fazem isso, com a deformação que causam em suas trajetórias no espaço, não formariam, como reação, uma espécie de funil giratório, que atrairia todos os corpos para o centro?

    Primeiro pensei sobre a gravidade do planeta, que seria justificada pelo seu giro em seu próprio eixo. As forças resultantes desse movimento seriam a gravidade, como conhecemos.

    Depois, pensei sobre nosso sistema solar. Os movimentos dos planetas ao redor do sol, geram uma força ao centro, “puxando” os corpos do sistema a aproximarem-se do centro.

    Depois, pensei no universo. Os movimentos dos sistemas ao seu redor gerariam uma mesma classe de força que os aproximam do centro.

    Os buracos negros seriam pontos de equilibrio de deformações resultantes das deformações causadas pelos corpos, sistemas e galáxias.

    Tudo giraria em torno de um centro, que estão sendo aproximados dele pelos mesmos motivos.

    EXISTE ALGUM RAMO DE ESTUDOS NA FISICA QUE CONSIDERE ESSAS POSSIBILIDADES, OU ALGO PARECIDO??

    Muito Obrigado.

    1. No sistema solar, quem tem mais massa é o Sol. E poderia pegar em todos os planetas, juntá-los, e mesmo assim só completaria 10% do Sol.
      Tendo isso em conta, o movimento dos planetas são irrelevantes.
      Os objetos têm tendência a cair para o centro de massa, que neste caso é no Sol.

      Quanto à ideia de que o Universo pode estar a rodar:
      http://physicsworld.com/cws/article/news/2011/jul/25/was-the-universe-born-spinning
      http://adsabs.harvard.edu/full/1969MNRAS.142..129H
      http://www.phy.cuhk.edu.hk/gee/mctalks/rotuniv.pdf

      abraços

  1. Muito legal seu site, eu nao conhecia!
    Parabéns pelo trabalho!

    • Manel Rosa Martins on 14/04/2012 at 22:58
    • Responder

    Não percebi 2 coisas.

    O que quer dizer onde se incluem? Os buracos negros, logo no início, quer dizer onde se extinguem após consumirem a matéria ao seu redor?

    E nos elementos “pesados” julgo que ele se refere aos elementos com, ou com mais ,de 62 nucleões (neutrões e protões) ou seja tão “pesados” ou mais pesados do que o Ferro (o seu isótopo mais abundante tem 62 neutrões).

    Abraço Carlos, deve ter sido uma Palestra fabulosa para se assistir.

    1. Onde se incluem é onde existem 😉
      Ou seja, não vagueiam como as estrelas que nascem em creches de estrelas e depois vão ter a outros sítios 😉

      Elementos leves são o Hidrogénio e Hélio, que existiram desde o Big Bang. Os outros são pesados 😉

      abraços

  2. Em relação à matéria negra, houve alguma menção à hipótese que o Neil DeGrasse Tyson levantou de ser uma interferência de outros universos?

    1. Não 😉
      Não se entrou na área do multiverso 😉

  3. Quanto mais procuramos aprender e entender o mundo mais nos damos conta da nossa ignorância.

  1. […] gostei de Tyson dar a entender que sabemos como o Universo evoluiu no passado. A verdade é que não sabemos. Mais uma vez, os nossos modelos só refletem a nossa ignorância. Não gostei, novamente, da […]

  2. […] gostei de Tyson dar a entender que sabemos como o Universo evoluiu no passado. A verdade é que não sabemos. Mais uma vez, os nossos modelos só refletem a nossa […]

  3. […] Negra. Simulação Bolshoi. Mapa do Universo. Côr. Vega estrela polar. Órbitas dos planetas. Palestra. História do Universo em 10 minutos. Tamanho. Universo mais velho e com mais matéria. 250 vezes […]

  4. […] a própria divulgação desta ideia, incluindo com os diagramas da NASA, não ajuda nada, porque reflectem concepções erradas. É caso desta famosa imagem feita pela NASA, como expliquei aqui.Olhando para uma perspectiva […]

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