Perseidas 2010

Das chuvas de meteoros (as chuvas de meteoros são popularmente mais conhecidas por chuvas de estrelas. Esta denominação aparece pelo desconhecimento da origem dos traços originados pela entrada que um meteoro pode provocar na atmosfera), talvez a mais conhecida entre todas seja a das Perseidas, certamente por ocorrer numa época do ano em que a sua observação é fácil.

Esta chuva tem o seu nome derivado de que o seu radiante, ou seja, o seu ponto de origem parece provir da constelação Perseu, mais concretamente das proximidades da estrela gamma persei. Esta chuva é formada por meteoros rápidos, com velocidades de entrada na atmosfera de cerca de 59km/s e é provocada pela intersecção da órbita da Terra com a órbita do cometa Swift-Tuttle, descoberto em 1862.

Este ano parece ser (mais uma vez), segundo várias estimativas um dos melhores anos para a chuva das Perseidas, e a Lua este ano não estará presente para atrapalhar porque põe-se logo a seguir ao Por do Sol. E que pôr do Sol teremos nesse dia! A seguir a nossa estrela temos Mercúrio, a Lua, Saturno Vénus e Marte, um belíssimo conjunto para um belo fim de tarde. O ponto máximo, ou o pico máximo desta chuva este ano irá ocorrer na noite de 12 para 13 logo que o radiante comece a subir no horizonte.

A média zenital esperada é de cerca de 50 meteoros (na sua maioria serão pequenos e ténues) por hora com velocidades de cerca de 61km/s. A constelação do Perseu começa a surgir no horizonte perto das 22:00 e perto da meia-noite já estará totalmente acima do horizonte.

Como observar visualmente:

  • Não precisa de nenhum equipamento especial para observar as chuvas de estrelas. Apenas é necessário que as condições climatológicas permitam ver o espectáculo. A previsão é de céu limpo portanto é de aproveitar.
  • A Lua não vai causar problemas este ano.
  • É natural que os amadores que observem um evento destes pela primeira vez, achem muito desanimador por conseguir ver poucos meteoros ou nenhum, mas este tipo de eventos requer paciência e persistência. Será necessário esperar que o radiante suba no horizonte para o número de meteoros aumentar. Não basta vir à rua, olhar para o céu durante cinco minutos e esperar ver de imediato alguma coisa. As palavras chave para uma noite de sucesso são: paciência e persistência.
  • O lugar de observação deve ser o mais afastado possível da poluição luminosa. O mais longe possível das cidades, porque quanto mais escuro for o céu mais meteoros ténues se poderão observar. Se pretende observar de sua casa, apague todas as luzes possíveis e espere cerca de 15 minutos para os seus olhos se ambientarem totalmente ao escuro.
  • Para que a observação seja confortável leve para o local uma cadeira de praia (espreguiçadeira) em que o encosto possa ficar inclinado, ou então um saco cama para poder ficar deitado. Quanto mais confortável estiver melhor será a experiência. Se a noite estiver fresca, não esquecer da roupa adicional para proteger do frio e da humidade.
  • Se quiser registar as suas observações, não se esqueça de levar papel e lápis (o lápis é importante porque as esferográficas tendem a não escrever se estiver deitado), uma lanterna de luz vermelha e / ou um gravador a pilhas.
  • Não tente focar a sua observação num objecto concreto, porque em pouco tempo perde o seu campo de visão alargado para ficar fixo num único objecto. Tente observar em direcções diferentes (se bem que, pela lei de Murphy verificará que os melhores meteoros vão sempre aparecer no local para onde não está a olhar).

Fotografar as Perseidas

Fotografar esta chuva de estrelas é muito fácil porque não necessitamos de fazer seguimento. Para isso basta:

  • Uma câmara reflex (tipo SLR), se possível que não utilize pilhas (se for de filme) porque estas por norma descarregam rapidamente com o obturador aberto durante muito tempo, e que possua a posição de abertura manual (posição T, B ou M).
  • As películas devem ser o mais sensível possível (ASA 1600 a 3200). Usa-se normalmente o TMax3200 a preto e branco e as Kodak-Ektar entre 1000 e 1600 ASA a cores.
  • Uma câmara digital reflex que disponha também da posição de abertura manual. Se a sua camera não é reflex mas ainda assim possui a posição manual, configure-a para o máximo de exposição possível e o maior ISO disponível (50/100/200/400/800/1600)
  • A objectiva deve ser de 50 ou 28mm e a mais luminosa possível (f/1.2 – f/2) de forma a poder captar-se um grande campo de visão. É preferível usar uma objectiva de 50mm a f/1.2 do que uma de 28mm a f/2.4, porque a primeira é mais luminosa que a segunda, captando assim meteoros mais débeis.
  • Um tripé é essencial para que a camera esteja estacionada durante a exposição. Não tente fazer exposições sem tripé, elas não lhe servirão absolutamente para nada.
  • Um cabo disparador com fecho para poder manter o obturador aberto ou comando disparador para que possa disparar a máquina sem lhe tocar.

Uma vez estes equipamentos reunidos, deve-se proceder da seguinte forma:

  • Orienta-se a câmara para o zénite ou na direcção oposta ao radiante. Os melhores meteoros passarão nessas zonas, no radiante serão muito pontuais e curtos.
  • Deve-se ajustar a abertura do diafragma para o seu máximo, ou seja para o valor mínimo que a sua câmara possa dar, 1.2, 1.8, etc. sempre o valor oposto a 16 ou 32, que equivalem ao diafragma fechado ao seu máximo.
  • A focagem deve ser feita para o infinito.
  • O tempo de exposição deve ser o máximo possível (máquinas digitais) ou o T, B ou M (nas máquinas reflex).
  • O tempo por cada fotografia (para as reflex) deve variar entre 5 a 10 minutos dependendo da sensibilidade da película, da abertura do diafragma e da poluição luminosa existente. Uma exposição prolongada perto de uma cidade pode resultar numa foto muito esbranquiçada. Se usar uma película 3200 e estiver perto de uma cidade não passe de exposições de 5 minutos.
  • É também recomendado (salvo se o numero de meteoros for muito grande) cortar a exposição se tivermos a certeza que captamos algum meteoro na imagem. É preferível captar um meteoro do que dois se queimarmos demais a película em que depois o resultado é nenhum.
  • É importante registar o número da fotografia, hora de início e fim de cada exposição e a constelação para onde está apontada a câmara.

Se as suas fotografias forem bem efectuadas, poderá observar uma série de rastos curvos deixados pelo movimento das estrelas ao redor do pólo norte e cruzado – se teve sorte – poderá ver os rastos rectilíneos dos meteoros.

Boas observações!

38 comentários

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  1. Podem indicar-me sítios porreiros para ver o fenómeno nos arredores de Lisboa? E, já agora, se há algum evento ou ajuntamento para a observação, também nos arredores? Obrigado.

  2. meteorito.com.br…
    Vejam também este artigo sobre Chuva de Meteoros:
    http://www.meteorito.com.br/moutinho/mt_artigos.php?id=3

  3. Soube agora que vi MUITO CEDO (meia-noite).

    As chuvas de meteoros também são bastante imprevisíveis, e o que acontece é que afinal o pico destas chuvas foram cerca das 4 da manhã.

    Pelos vistos foi uma excelente chuva!
    Chegaram-se a contar 80 meteoros por hora, ou seja, até mais do que as previsões diziam!

    Esta chuva vai continuar durante mais 12 horas, por isso no início desta noite de 13 de Agosto ainda devem ver várias estrelas cadentes a rasgar o céu.

  4. Sim, as próximas noites ainda deverão ter algumas Perseidas, apesar do pico ter sido hoje.
    Ou seja, ainda se verá, mas em menor quantidade
    😉

  5. Bom dia

    hoje ainda será possível ver a chuva de estrelas?

  6. Patuleia,

    Se ler os comentários, vê que as suas perguntas são respondidas.

    É dito que, por exemplo, gráficos podem ser vistos no nosso post do ano passado:
    http://www.astropt.org/2009/08/12/perseidas/

    Depois deste post, já escrevemos outro sobre o assunto:
    http://www.astropt.org/2010/08/12/alerta-espectaculo-de-estrelas-cadentes-as-perseidas-sao-esta-noite/

    E ainda nestes comentários tem a informação sobre programas gratuitos a que pode aceder para saber exactamente como era o céu por cima de si, no local e hora pretendida por si, para saber exactamente para onde devia olhar
    😉

    Mais “user-friendly” só se fossemos aí apontar directamente para as Perseidas … 😉

    abraço!

  7. Olá a todos, apesar de gostar de astronomia, sou um leigo nesta matéria. Sou mais entusiasta da fotografia e como na noite anterior quase que estiveram as condições perfeitas para observar as Perseidas, resolvi que seria a ocasião perfeita para me estrear na fotografia dos céus nocturnos.
    Depois de uma pesquisa na net como observar melhor este fenómeno, vim parar a este blog (já conhecia, mas infelizmente não tenho tempo para o seguir mais atentamente).
    Pena é que a única informação dada foi indicar que devíamos olhar para a constelação Perseu, o que para um leigo como eu é “chinês” penso que também poderiam ter dito se era para Norte, Sul, Este ou Oeste, os leigos como eu agradeciam.
    Mas isso não foi grave, e em cerca de uma hora consegui ver 15 “estrelas cadentes” na direcção SE (era essa a direcção correcta?) apesar da poluição luminosa, mesmo vivendo no campo (Campelos, Torres Vedras), ela infelizmente existe.
    Quanto à fotografia nocturna, infelizmente não consegui captar nenhuma Perseida, falta de experiência aliada a um equipamento fraco para a ocasião (Canon 500D + 18-55mm + tripé).
    Desculpem lá o testamento, mas tentem usar um pouco mais termos “user-friendly” para os leigos como eu de modo que possam atrair mais gente para o belo mundo da astronomia.
    Abraço, Patuleia

    (amanhã vou meter as fotos que tirei esta noite no meu site: http://brunopatuleia.com)

  8. Eu em 15 minutos vi 3.
    O que dá uma média de 12 por hora.
    Muito abaixo das previsões.

    Mas também é certo que estava perto de casa, com alguma poluição luminosa, o que obviamente não me permitiu ver as estrelas cadentes mais débeis.

    No Space Weather diz que no País de Gales, viram cerca de 40 em 2 horas, o que dá uma média de 20 por hora. O que é 3 vezes menos do que as previsões apontavam…

  9. E é melhor dar o link da página senão isto não para: http://blog.gem51.com/2010/08/13/perseidas-2010-as-fotos/

  10. E mais outra: http://blog.gem51.com/wp-content/2010/08/IMG_0774_perseida.jpg

  11. Mais uma: http://blog.gem51.com/wp-content/2010/08/IMG_0757_perseida.jpg

  12. Uma foto fresquinha que nem “era a valer” mas apanhou logo 2 Perseidas http://blog.gem51.com/wp-content/2010/08/IMG_0853_perseidas_2xa.jpg

  1. […] de Meteoros: Quadrantidas. Líridas (2013, 2012). Eta Aquarids, Perseidas (2013, 2011 (aqui), 2010, 2009), Dracónidas (e aqui), Leónidas, Geminídeas. […]

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