uma triste verdade

“The saddest aspect of life right now is that science gathers knowledge faster than society gathers wisdom.” – Asimov, I.

Isto cada vez é mais verdade. O ritmo do conhecimento científico, assim como o da Astronomia, a qual é também parte da Ciência, cresce desmesuradamente de forma impressionante ao passo que a sociedade no geral demora a digerir essa informação ou tão pouco se interessa pelos assuntos conduzindo facilmente a muitas concepções erradas ou disparatadas. Há também um outro aspecto pertinente à iliteracia científica que a meu ver é ainda mais grave que a ignorância. Não é pecado não se saber tudo, ninguém sabe, mas, há certos assuntos que é imperdoável não se ter um mínimo de noção como aconteceu recentemente com o caso relatado por Carlos Oliveira aqui: A frase sábia de Asimov mostra que é preciso fazermos um esforço por tentar compreender melhor o que nos rodeia. Não é mais saboroso perceber porque determinadas coisas sucedem do que ignorar, não se questionar sobre tais assuntos? Por que o céu é azul? Explicado à luz do efeito de Rayleigh com ajuda do electromagnetismo. Por que as estrelas parecem cintilar? Está relacionado com o facto de o feixe de luz dessas estrelas ser deslocado do seu percurso normal com o embate dos fotões (partículas de luz) nas moléculas existentes em maior densidade na atmosfera terrestre do que no espaço vazio. Lembrar que as diversas camadas da atmosfera não estão todas à mesma temperatura e isso cria um turbilhão imenso no movimento das moléculas aí existentes e, desta forma, afectar o percurso normal na luz no meio da matéria. E assim poder-se-ia exemplificar com tantas outras questões. Mas há que lembrar que a Ciência não tem resposta para tudo. Mas, pelo menos, tenta procurar torná-la mais correcta e corrigir erros, lacunas que certos conhecimentos atingidos poderiam conduzir a caminhos errados, a becos sem saída, como já aconteceu com os epiciclos de Ptolomeu. As autoridades são perigosas na medida em que não se questionando pode-se cair no erro de estar a fazer o contrário do que a Ciência diz: questionar sempre o conhecimento, experimentar. E diz ainda: questionar sempre o conhecimento, experimentar… sempre! 🙂

4 comentários

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  1. parece uma indirecta essa de renovar a carta ao Levy. 🙂 Bem pensado. 🙂

  2. Durante o tempo de vida de uma geração, que nasceu com o trabalho familiar agrícola, assistiu ao aparecimento da rádio e da televisão, mal se deu conta que o jornalismo começou a falar de coisas de ciência, e agora não percebe nada de computadores, aconteceu tanta coisa!… Será que umas gerações não quererão obrigar gerações adjacentes a aprender mais do que elas conseguem? Como é que interliga os conhecimentos de gerações tão diferentes?
    Quem sabe os rios e as estações das linhas de comboio de cor, não sabe como os procurar na wikipedia, e vice-versa!
    No código da estrada tiveram uma ideia interessante: obrigar os condutores a renovarem a carta.. Seria esta ideia aplicável à educação?
    🙂
    Isto não é uma solução.. É uma divagação para pensar em consequências, só..

  3. Sobre a única questão colocada. Não tem directamente a ver com a frase, é verdade. Apenas o fiz pois anteriormente respondi a duas questões que poderiam dar a ideia que a Ciência tinha resposta para tudo. Mesmo as respostas a algumas questões não são seguras. Mas as perguntas que fiz, já têm fundamentos bastante sólidos e será difícil mudar-se a ideia delas. O electromagnetismo tem uma resposta muito profunda sobre o céu ser azul. Também aproveitei para lançar a ideia que a Ciência não é só procurar respostas, há que testá-las sempre: daí a ideia de experimentar. Estas duas palavras (entre outras que caracterizam a Ciência) foram aproveitadas de forma colateral por forma a esclarecer e tirar dúvidas que pudessem pensar que a Ciência tinha as respostas todas. Eu poderia continuar com um conjunto de questões: por que é que os quasares se movem tão depressa? Como se provar que a Terra é redonda com poucos recursos à disposição? Há estrelas verdes? Enfim, com uma lista infindável de questões que podem ter ou não resposta fácil, ou nem sequer ter resposta satisfatória.

    Sobre a iliteracia científica, ela também se pode imiscuir no seio da comunidade científica por vezes.. como se pôde ver… explicações para isso… o professor SAMBO deve saber 😀
    Sobre o caso Levy (não , não é o cometa) não muito mais poderei acrescentar subscrevendo as ideias exaradas aqui neste teu comentário.

    Pronto, finalmente, vou comer o meu gelado Carte D’oR que para se manter sólido foi preciso criar-se uma bomba de calor (sim, é esse o princípio de um frigorífico) e para tal a Ciência contribuiu. 🙂 Não é mais saboroso comer um gelado e saber como as coisas funcionam de forma racional sem estar a propalar mentiras científicas? 😀 Pelo menos, procurem infrmar-se antes de opinarem.. assim evita-se a asneirada de textos levi(y)anos.

  4. Olá Jorge,

    Em 1º lugar: bem-vindo novamente com as tuas famosas “quotes”. Manda mais!!!
    🙂

    Não percebi a ligação da quote à “ciência não tem resposta para tudo” (é verdade, mas não vejo qual a ligação à quote), ou à parte de “experimentar”
    😛

    Vejo sim, como tu disseste, a menção à iliteracia científica que existe na sociedade.

    No caso específico e que eu me fartei de criticar:
    http://www.astropt.org/2010/08/06/conhecer-a-terra-e-o-espaco/
    POSSO ESTAR ENGANADO (e se o estiver, digam-me onde), mas pelo que percebi do comentário que o David Levy fez a reconhecer o acerto do Patrick Pais, então poderá haver uma “bolsa especifica na qual ele esteja também interessado”, em que hajam “concorrentes” de áreas referentes à astronomia (exploração espacial) e à astrobiologia.
    Vai daí, ele em vez de enaltecer a qualidade do seu próprio trabalho, resolveu atacar com mentiras (por desconhecimento ou não) essas áreas científicas concorrentes (e nos comentários, também já mentiu novamente, por exemplo dizendo que não fez a equivalência entre a astrobiologia e a ficção científica).
    Ou seja, por dinheiro (para ter acesso a mais fundos) resolveu atacar áreas científicas, divulgando um conjunto de disparates sobre essa ciência.

    O site onde está alojado este texto, pactua com isto, porque deixa que textos destes sejam escritos nas suas páginas.
    Aliás, a associação que governa o site pede doações para promover os seus cientistas. Logo, só se pode assumir que não só aceita mas como quer promover estas atitudes anti-ciência.
    O objectivo será disseminar a iliteracia científica…
    É triste…

    Só espero que o comité de avaliação dessa suposta “bolsa especifica” perceba a estratégia do David Levy: não se coibir de atacar a ciência, se o resultado fôr em proveito próprio.
    E que o comité perceba também que se ele utiliza esta estratégia é porque não acredita no valor da sua investigação (senão enaltecia-a, em vez de gastar esse tempo a atacar a ciência). E se o próprio não acredita, então ninguém deveria acreditar.

    Infelizmente, além dos argumentos ignorantes que constam no texto dele, isto faz-me lembrar a pseudo-ciência ainda noutro factor:

    Temos colocado aqui vários posts a avisar as pessoas contra os perigos dos pseudo. Por exemplo, no caso das “pulseiras quânticas” o que se passa é alguém querer fazer dinheiro escrevendo frases que são pura mentira (por desconhecimento ou não, da ciência inerente às pulseiras).
    http://www.astropt.org/2010/08/01/pulseiras-quanticas/
    O David Levy, por desconhecimento ou não, da ciência ligada à exploração espacial e da ciência da astrobiologia, resolveu também dizer coisas que são mentira (ignorância científica), com o objectivo de fazer dinheiro (SE o objectivo é a “bolsa especifica”).
    SE fôr isto (e só me estou a basear nas palavras do Patrick Pais, que mencionou essa “bolsa” e os “interesses económicos”, e nas palavras do David Levy que agradeceu ao Patrick Pais a “leitura mais sóbria e atenta do texto”), então isto é GRAVE.

    E é GRAVE porquê?
    Se no caso das pulseiras quânticas, o que existem são pessoas que só com objectivos económicos, mentem nos seus textos sobre os resultados da ciência envolvida (por desconhecimento ou não), e por isto, o físico Carlos Fiolhais chamou-lhes pessoas “sem escrúpulos”…
    Qual é a diferença para um cientista que, por objectivos económicos, também mente (por desconhecimento ou não) sobre áreas científicas?
    E onde se situa a associação de ciência que aceita perfeitamente estas atitudes?
    Eu continuo a não querer acreditar que é isto que se passa, mas a resposta do David Levy ao Patrick Pais deixou-me a pender para esse lado.

    Isto também me deixou a pensar em alguns filmes de ficção científica em que cientistas de carácter duvidoso, e só para terem dinheiro para a sua própria investigação (para avançarem nela), resolvem tomar atitudes moralmente, cientificamente, e racionalmente reprováveis.
    Não sei se é isto que se passa aqui, mas que me fez lembrar alguns filmes do género, isso fez.

    Finalmente, tudo isto (ter um cientista a dizer mal da ciência) fez-me lembrar uma frase emblemática aqui nos EUA (foi dita pelo Pogo, num cartoon):
    we have found the enemy and he is us“.
    É triste, mas parece-me que é a frase que retrata perfeitamente o texto do David Levy, em relação à ciência.

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