Chang’e-2 a caminho da Lua

A segunda missão lunar da China, a Chang’e-2, foi lançada no Dia Nacional às 1058:57UTC por um foguetão CZ-3C Chang Zheng-3C a partir do Complexo de Lançamento LC2 do Centro de Lançamento de Satélites de Xi Chang, província de Sichuan.

O foguetão CZ-3C Chang Zheng-3C completou a sua missão 25 minutos após a ignição quando o satélite se separou do último estágio criogénico. A sonda abriu então os seus painéis solares e continua os procedimentos para ajustar a sua altitude e direcção do vector de velocidade.

Após 110 horas de voo a Chang’e-2 irá atingir o espaço lunar e iniciar o ajustamento da sua direcção e velocidade para a travagem a cerca de 100 km da superfície lunar. A sonda irá realizar mais três manobras de travagem e entrar numa órbita a 100 km da superfície.

Originalmente construída como o veículo suplente da Chang’e-1 lançada a 24 de Outubro de 2007, a Chang’e-2 é uma sonda mais capaz do que a sua predecessora sofrendo numerosas melhorias tecnológicas. A sonda é capaz de executar novas manobras de captura lunar, controlo orbital e está dotada de uma câmara estéreo CCD de alta resolução.

Com uma massa de 2.480 kg, a sonda irá demorar cinco dias a atingir a Lua em vez dos 14 dias que a Chang’e-1 demorou a atingir o nosso satélite natural. Para tal, a sonda será lançada directamente para uma órbita de transferência no sistema Terra – Lua com um perigeu de 200 km e um apogeu de 380.000 km.

Uma vez em órbita lunar a sonda irá utilizar a sua câmara para observar características de 10 metros na superfície lunar, atingindo uma resolução de 1,5 metros quando sobrevoar a superfície a uma altitude de 15 km. Em alguns testes a câmara foi capaz de atingir uma resolução de 7 metros a partir de 10 km de altitude. Esta é uma melhoria notável se comparada com a resolução de 120 metros atingida pela Chang’e-1.

As características do solo lunar serão também estudadas utilizando espectroscopia de raios gama e raios-X, para assim detectar o conteúdo e distribuição de silício, magnésio, alumínio, cálcio, titânio, potásio, tório e urânio. Os instrumentos irão permitir uma maior precisão e determinação da distribuição dos referidos elementos na superfície lunar.

Outras experiências irão focar nas propriedades da superfície, utilizando tecnologias de detecção de micoondas para a medição da radiação de microondas na superfície lunar a 3,0 GHz, 7,8 GHz, 19,35 GHz e 37 GHz. Estes dados serão utilizados para estimar a espessura do solo lunar e outras propriedades.

A Chang’e-2 irá também estudar os efeitos da energia solar proveniente das CME e do vento solar na superfície da Lua. Para se consegur estes resultados, a sonda está equipada com um detector de partículas solares e um detector de iões que irão estudar a composição, espectro energético e características das partículas solares.

A sonda transporta também outras experiências que irão investigar a espaço profundo. Por outro lado, a monitorização e controlo do voo da Chang’e-2 será a primeira validação do novo sistema de monitorização utilizando banda X por parte da China. Em comparação com a missão lunar anterior que utilizou a banda S, a as frequências que utilizam a banda X permitem uma melhor transmissão de sinais de rádio, monitorização remota e controlo de comunicações.

A sonda irá também testar uma noca câmara, verificando-se uma acentuado aumento no fluxo de capacidade de comunicações. Esta capacidade será muito importante para a missão da Chang’e-3 prevista para 2013. Chang’e-3 deverá alunar na região de Sinus Iridium, que será um dos locais a ser observados pela Chang’e-2.

A segunda missão lunar da China deverá ter uma duração de seis meses, porém a missão pode ser prolongada se a sonda se encontrar em bom estado e exista a quantidade de propolente para tal.

Este foi o quinto lançamento para o CZ-3C Chang Zheng-3C que foi desenvolvido para preencher o espaço entre o foguetão CZ-3A Chang Zheng-3A e o CZ-3B Chang Zheng-3B. Tem uma capacidade de colocar 3.800 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona. A sua configuração é igual à do CZ-3B mas utilizando somente dois propulsores laterais de combustível líquido.

O primeiro lançamento do CZ-3C teve lugar a 25 de Abril de 2008 colocando em órbita o satélite de comunicações e de transmissão de dados TL-1 Tian Lian-1.

O Centro de Lançamento de Satélites de Xi Chang está equipado com dois complexos de lançamento (LC2 e LC3), possuindo uma via de caminho-de-ferro própria e um sistema de auto-estradas directamente para o centro espacial. O Centro de Comando e Controlo está localizado a sete quilómetros e fornece sistemas de segurança e controlo durante os ensaios e lançamentos.

Imagem: Xinhua

5 comentários

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  1. Sim, estão adiantados mas são prudentes. Um exemplo: os lançamentos das missões tripuladas estavam planeados de dois em dois anos; este plano foi abandonado para dar mais tempo para os preparativos para o lançamento da Shenzou-7 em Setembro de 2008 para realizar a primeira saída para o espaço e agora o adiamento para a próxima missão tripulada ainda é maior para assim permitir o lançamento da TianGong-1 em 2011, depois duas missões não tripuladas para ensaiar as acoplagens (Shenzhou-8 e Shenzhou-9) e finalmente a missão tripulada Shenzhou-10 em 2012.

    A China não corre contra ninguém e para além do programa das estações TianGong, em dimensão semelhantes às Salyut e Almaz soviéticas, a China prepara uma estação espacial modular e depois as viagens tripuladas à Lua e não tripuladas a Vénus e Marte.

    Os homens têm muita calma 😉

  2. Olá,

    Olha uma pergunta: eles não estão adiantados no programa?

    Se continuarem adiantados (como já estiveram antes), isso não poderá levá-los à Lua ainda mais cedo?

    E quiçá a Marte primeiro que os americanos?
    😉

  3. Obrigado Carlos!

    Eu apontava para um pouco mais tarde, lá para 2025. Mas que os homens estão decididos, lá isso estão.

    Os próximos dois anos serão os anos da China no espaço com o lançamento da TianGong-1 e das ShenZhou-8, 9 e 10 que irão acoplar com a estação.

    Vamos ficar atentos!

  4. publico.pt…
    Excelente, Rui.

    Será em 2020 que veremos Taikonautas na Lua, como diz o jornal Público?
    http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/china-lanca-a-segunda-sonda-change-rumo-a-lua_1459012

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