Desequilíbrio Fundamental

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As pulseiras do equilíbrio, e umas quantas “medicinas” alternativas, que fomentam uma cura pelo equilíbrio e usam jargões científicos para pasmar os utentes/clientes são, na verdade, uma incoerência científica.

Hoje fala-se muito em equilíbrio, queremos estar em equilíbrio físico, mental, psicológico, energético, enfim, em equilíbrio de tudo e com tudo. O problema é que, cientificamente, o equilíbrio é sinónimo de morte.

A ideia do equilíbrio é muito bonita e atraente a uma sociedade stressada e cansada. Esta ideia sugere relaxamento, tudo o que precisamos depois de meio dia de trabalho e meio dia de trânsito. No entanto aquilo que sugere não é o que sustenta o sentido científico. Em primeiro lugar estes negócios só buscam o desequilíbrio das contas dos clientes (mas isso é problema dos clientes porque pagam). Em segundo lugar não buscam o equilíbrio pois isso seria drástico (ou seja é publicidade enganosa).

Em Química, o equilíbrio atinge-se quando “a proporção entre as quantidades de reagentes e produtos em uma reacção química se mantém constante ao longo do tempo”. Em Física, o equilíbrio atinge-se quando as forças se compensam. Assim deixa de haver movimento. No ponto de equilíbrio de um pêndulo todas as forças se anulam e não há qualquer movimento.

O nosso corpo está repleto de reacções físico-químicas. Um pensamento depende de reacções químicas entre neurónios. Todo o nosso corpo é um frasco de inúmeras reacções constantes. O motor dessas reacções, e consequentemente da vida, são os diferentes gradientes tanto de pressão como de concentrações. A respiração depende, também, do transporte de protões de fora para dentro de organelos celulares e isso acontece por dois motores:

1 – há mais protões fora e, por transporte passivo, passa para dentro – isto é devido ao gradiente de concentrações.

2 – Por um motor celular – transportador protónico. Só por esta reacção vital vemos que o desequilíbrio é fundamental à vida.

Assim, o desequilíbrio é o motor da vida. Só andamos para a frente se estivermos desequilibrados para a frente e se aprendermos a cair, por forma a colocar bem o pé para dar o próximo passo. Se não aprendermos a cair e a olhar para o chão pisamos o que não queremos: pulseirinhas e amuletinhos do equilíbrio que fazem bem ao mau olhado; pedrinhas que equilibram o espírito e curam enxaquecas; águasinhas milagrosas que fazem bem às finanças; enfim uma panóplia de obstáculos que eu não quero pisar.

3 comentários

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  1. “Se não aprendermos a cair e a olhar para o chão pisamos o que não queremos: pulseirinhas e amuletinhos do equilíbrio que fazem bem ao mau olhado; pedrinhas que equilibram o espírito e curam enxaquecas; águasinhas milagrosas que fazem bem às finanças; enfim uma panóplia de obstáculos que eu não quero pisar”

    Brilhante esta parte 🙂

    Bom artigo

    • Agostinho Magalhães on 11/10/2010 at 18:43
    • Responder

    Ufff! Por momentos fizeste-me acreditar que não mais me levantaria!… :-))

  2. Fiquei parado a olhar para a imagem? 🙂

    Photoshop? Ou mesmo real? 😛

    De resto, muito bom texto, e excelente conclusão:
    “o desequilíbrio é o motor da vida.”
    😀

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