Estranha Hiperião

Hiperião, a oitava maior lua de Saturno. Para criar esta composição em cores aproximadamente verdadeiras, foram combinadas imagens captadas a 28 de Novembro de 2010, a uma distância de cerca de 113 mil quilómetros, pelo sistema de imagem da sonda Cassini, através de filtros de ultravioleta (338 nm), verde (568 nm) e infravermelho próximo (752 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

Depois de ter permanecido mais de 3 semanas em modo de segurança devido a um erro grave no computador de bordo, a sonda Cassini regressou na semana passada ao seu normal funcionamento. A actividade científica da missão foi reiniciada no passado dia 26 de Novembro, primeiro com uma pequena série de observações da lua Titã a uma distância de 1,94 milhões de quilómetros, e posteriormente com a captação de imagens do pólo sul de Saturno, em busca da esquiva aurora austral. No domingo, a Cassini efectou uma passagem não programada por Hiperião, uma grande lua de forma irregular localizada numa órbita exterior à de Titã.

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Animação composta por 7 imagens captadas pela sonda Cassini a 28 de Novembro de 2010, durante a sua aproximação a Hiperião.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.

Hiperião é talvez a lua mais estranha de Saturno. A sua superfície encontra-se coberta por crateras profundas que lhe conferem o aspecto de uma esponja. No fundo de grande parte das crateras é possível observar a presença de um material escuro: provavelmente compostos orgânicos acumulados pela lenta sublimação de materiais voláteis nestes locais.
No entanto, a semelhança de Hiperião com uma esponja vai além do seu aspecto. Dados obtidos pela sonda Cassini durante as suas passagens pela lua em 2005 e 2006 confirmaram que Hiperião tem uma porosidade superior a 40%, o que sugere uma estrutura interna semelhante a uma pilha de fragmentos de gelo e poeira fracamente acrecionados pela força da gravidade.

3 comentários

  1. ahhh great! 🙂

    Thanks pela explicação!! 😉

  2. ciclops.orgOlá, Carlos

    LOL
    Não, nem uma coisa nem outra.

    Para cada órbita da Cassini estão programados encontros com uma ou duas luas de Saturno, no máximo. Para que estes encontros ocorram, são necessários reposicionamentos da sonda, por assistência gravitacional (por exemplo, com passagens a curta distância de Titã), ou por queima de combustível.
    No entanto, em cada órbita a sonda cruza-se à distância com outras luas, e aproveita estes encontros distantes para recolher imagens da sua superfície. Nos sites da missão Cassini e do CICLOPS (http://www.ciclops.org/) referem-se frequentemente a estes encontros como encontros não programados – daí eu ter usado essa expressão.
    Na actual órbita (órbita 141), a Cassini teve como alvo de estudo a lua Encélado. No entanto, aproveitou esta passagem distante por Hiperião para obter mais imagens da sua superfície (importantes para a cartografia completa desta lua de Saturno).

    Um abraço
    😀

  3. Sérgio,

    Fiquei confuso com esta parte: “a Cassini efectou uma passagem não programada por Hiperião”.

    Quer isso dizer que:
    – foi não programada inicialmente, mas decidiram agora passar por lá?
    OU
    – a sonda Cassini esteve quase (em termos cósmicos) a levar com uma “esponja” na “cabeça” sem contar?

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