Pilares da Criação desaparecem

Créditos: NASA, Jeff Hester, and Paul Scowen (Arizona State University)

A imagem de cima é de uma região na Nebulosa da Águia, conhecida por Pilares da Criação.
É uma região com muito gás e pó, onde estão a nascer inúmeras estrelas: muitas terão discos de poeira à volta, o que levará à formação de planetas.
Ou seja, cada “pilar” é enorme e deverá “criar” várias estrelas. O “pilar” maior tem 7 anos-luz de comprimento – quase o dobro da distância entre o Sol e a estrela mais próxima.

Os Pilares da Criação estão a cerca de 7000 anos-luz de distância da Terra.
Ou seja, a luz demora 7000 anos a viajar de lá até chegar a nós. Tal como vemos o Sol, não como é agora, mas como era há 8 minutos atrás (o tempo que a sua luz demora a chegar à Terra), neste caso vemos os Pilares da Criação como eram há 7000 anos atrás.

Vem agora a parte mais interessante:
Em 2007, astrónomos descobriram que uma explosão de Supernova (estrela massiva que implode) nessa região deve ter destruído tudo há 6000 anos atrás!
Ou seja, os Pilares da Criação, provavelmente já nem existem! (e potencialmente, discos de poeira a rodear estrelas jovens por lá, também não)
No entanto, como a luz demora 7000 anos a cá chegar, só vamos ver os efeitos dessa explosão daqui por 1000 anos!

Concluindo, maravilhemo-nos com os Pilares da Criação por mais um milénio, apesar deles já não existirem…

19 comentários

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    • Reinaldo da Silva on 26/09/2016 at 21:20
    • Responder

    Que pena que estes pilares não existem mais, é (ou eram ) uma das mais lindas preciosidades neste imenso universo .
    Bem ainda temos mil anos para nos maravilharmos com a luz remanescente!

  1. Oh, que pena. Então supondo que eu estivesse em uma espaçonave em uma velocidade de muito mais que a da luz , a ponto de chegar lá em um minuto (claro, apenas uma suposição) e estivesse olhando com um telescópio para esse nebulosa eu veria ela como se estivesse em super velocidade e quando chegasse lá estaria como hoje?

    1. Os pilares já não existem…

      Se partir daqui agora e chegar lá em 1 minuto, terá gasto mais 1 minuto a chegar lá. Não verá quaisquer pilares… 😉

    2. É verdade o que o Carlos Oliveira disse. Se eu olhasse para os pilares daqui da terra, veria como estavam a 6 mil anos. Se eu chegasse lá em 1 minuto, eu não veria mais nada, eles já não estariam mais lá…

  2. 1 Os Pilares estão a cerca de 7000 anos-luz de distância da Terra.
    2 Em 2007, astrônomos* descobriram que uma explosão de Supernova (estrela massiva que implode) nessa região deve ter destruído tudo há 6000 anos atrás!

    Então me surgiu as seguintes dúvidas…

    Como cientistas detectaram tal Supernova se a luz e o radio viajam a mesma velocidade?
    No caso a estrela esta 1000 anos luz mais próximo?
    Mas uma supernova pode gerar uma onda de choque de mais de 1000 anos luz?

    1. Podíamos estar a ver uma estrela lá, super-gigante, que pode explodir como supernova dentro de 1.000 anos (segundo o nosso tempo).

      Mas na verdade estamos a ver torres de pó “perto” disso… a cerca de 1.000 anos-luz na nossa direcção que parecem ter sido afectados por uma explosão mais longínqua mas que a luz ainda não chegou a nós. Essa “luz” (radiação da explosão”) deverá chegar dentro de 1.000 anos.

      Note que estamos a “ver” em infravermelho… por isso podemos ver por “entre o pó”.
      Só após se dispersar poderemos ver a explosão que deu origem à supernova 😉

      Em inglês:
      “A new, striking image from Spitzer shows the intact dust towers next to a giant cloud of hot dust thought to have been scorched by the blast of a star that exploded, or went supernova. Astronomers speculate that the supernova’s shock wave could have already reached the dusty towers, causing them to topple about 6,000 years ago. However, because light from this region takes 7,000 years to reach Earth, we won’t be able to capture photos of the destruction for another 1,000 years or so.
      (…)
      Spitzer is a space telescope that detects infrared, longer-wavelength light that our eyes cannot see. This allows the observatory to both see the dust and see through it, depending on which infrared wavelength is being observed. (…)
      Above the pillars is the enormous cloud of hot dust, colored red in the picture, which astronomers think was seared by the blast wave of a supernova explosion. Flagey and his team say evidence for this scenario comes from similarities observed between this hot dust and dust around known supernova remnants. The dust also appears to have a shell-like shape, implying that a supernova blast wave is traveling outward and sculpting it.”

      abraços

    • Anndrey Francys on 10/05/2011 at 21:44
    • Responder

    Inacreditável que si pode estar olhando pro passado. Muito interessante.
    Eu entendi a função do Spitzer, mas a minha duvida é se por acaso eu quisesse saber como Júpiter está no momento, com o Spitzer eu levaria os mesmo 36 minutos-luz? Ou sejá a velocidade do infravermelho no espaço é a mesma velocidade que luz demora para andar pelo espaço?

    1. Sim, toda a luz (seja visível, infravermelho, ultravioleta, etc) viaja à mesma velocidade: velocidade da luz.

      Simplesmente, ao ver em infravermelho vê através da poeira.
      Ou seja, se em edifício, veria através da parede, e veria o que estava dentro do edifício.
      Da mesma forma, o Spitzer vê dentro dos pilares.

      abraço

  3. Sim, Júpiter está a 36 minutos-luz da Terra, quando está mais próximo da Terra.
    Quando está mais longe está a 53 minutos-luz.

    Supondo que está mais perto e que aparece uma nova mancha “de repente”, por exemplo… só vemos essa mancha passados 36 minutos.

    O Spitzer vê em infravermelhos… logo, se há poeira pelo meio, nós não vemos através dela, mas o Spitzer vê.
    Funciona da mesma forma que olhar para dentro de um edifício. Eu só vejo até às paredes. Mas o Spitzer consegue ver através delas, para dentro do edifício… se existem fontes de calor lá dentro, por exemplo, pessoas/estrelas.

    • Anndrey Francys on 10/05/2011 at 02:53
    • Responder

    Estava eu andando pela internet e me deparei com esse artigo, achei muito interessante. Li os comentários e respostas em seguida me veio está duvidá.

    Então quer dizer que se algo do nada “brotar” em Júpiter, tipo uma nova aureola ou algo do tipo que chame bastante atenção , como demora 30 minutos luz da gente, poderia estar com telescópio apontado para Júpiter e não veria nada até os 30 minutos deis da mudança?

    E como foi dito o tal “spitzer” vê mais alem em infravermelho, queria saber quanto mais em distancia e tempo.

    Valew ;D

  4. Obrigado Caro Prof. Carlos Oliveira.
    Foi um esclarecimento com explosões de artifício suficientes para se entender. Torna-se evidente a importância de se ver o Universo a grandes distâncias para melhor se compreender o presente e até as probabilidades do futuro.
    Um Bom Ano.
    Abraço

  5. Sim.
    Quanto mais distante vemos no Universo, mais olhamos para o passado.
    É uma “viagem no espaço”, mas na verdade é uma viagem no tempo.

    Por exemplo, o Sol está a 8 minutos-luz de distância.
    O que quer dizer que a luz do Sol demora 8 minutos a chegar até nós.
    Ou seja, vemos o Sol como ele era há 8 minutos atrás e não “agora”.
    Da próxima vez que olhar para o Sol, lembre-se que está a vê-lo há 8 minutos atrás… e entretanto ele pode já ter desaparecido há 7 minutos atrás
    😛

    No Sol, isso não acontecerá.
    Mas Sirius – a estrela mais brilhante no céu nocturno – é uma estrela dupla, em que a anã branca poderá tornar-se uma Supernova tipo I.
    Como Sirius está a 8 anos-luz, então vemos Sirius como era há 8 anos atrás.
    Sirius pode ter explodido há 7 anos e 364 dias atrás, e só amanhã vemos o brilho dessa explosão.
    Como explosões de supernovas extinguem toda a vida num raio de 30 anos-luz… então caso vejamos essa luz, morremos praticamente instantaneamente.
    Ou seja, podemos morrer todos amanhã, devido a uma explosão que já se deu há 7 anos e 364 dias.

  6. Uma excelente pergunta, a mesma dúvida e uma resposta também mais esclarecedora:
    (um evento de supernova que está para acontecer (ou melhor, que já aconteceu, só que ainda não conseguimos detectar).

    Sublinho esta questão, porque passo algum tempo a efectuar cálculos a comprovar se notícias destas têm uma consistência lógica e científica suficientemente valorizadas.
    Noutro contexto, o caso da Gliese 581 a estrela anã-vermelha a 20,5 anos-luz de distância da terra, muitíssimo mais perto que os “Pilares da Criação” 7000 anos de luz e (já não existentes) ou ainda a imagem do Universo em larga escala que mostra mais de 1 milhão de galáxias, que como é sabido só a nossa via láctea terá mais de 100.000 anos de luz de diâmetro e dista 2,6 milhões de anos-luz duma outra galáxia vizinha a Andrômeda.
    Dado que os instrumentos que se dispõe até hoje para toda a observação situam-se
    invariavelmente no nosso sistema solar, as distâncias terão sempre aqui como partida de observação. Requererão certamente muitíssimos cálculos históricos muito precisos para conclusões evidentes do conhecimento de hoje.
    Ainda que com infravermelhos observando o calor os eventos serão sempre constatados já depois de terem acontecido e em antevisão muito antes de acontecerem. Isto para as distâncias com vários anos de luz.
    Assim as variáveis que constituem a realidade das imagens da existência material do Universo observável torna-o de tal modo mutável, quer pelos movimentos rotativos das galáxias, quer pela formação de novas estrelas e planetas, quer ainda pela extinção de outras tantas que continuamos a observar passados muitíssimos anos de se terem extinguido.
    Em conclusão, as imagens do Universo não serão as imagens da realidade existente,
    mas daquela realidade que já existiu há muito tempo?

  7. spitzer.caltech.edu…

    Essa é uma excelente pergunta.

    Quando li a notícia, tive exactamente a mesma dúvida, daí que na altura fui ler mais sobre o tema.

    Nós conseguimos ver lá neste momento (agora que a luz nos chega) que existem cerca de 20 estrelas massivas prontas para explodir nos próximos milénios. Ou seja, probabilisticamente falando, então já várias dessas que vemos (que a luz nos está a chegar agora) já explodiram.

    No entanto, o Observatório Espacial Spitzer vê em infravermelhos… ou seja, vê por dentro dos pilares. Nós só conseguimos ver na luz visível, mas o Spitzer consegue ver o “calor” também. Por isso, consegue ver “mais longe” que nós.
    E detectou em infravermelhos uma “bolha” a ser formada dentro de um dos pilares.
    Sinal que é um evento de supernova que está para acontecer (ou melhor, que já aconteceu, só que ainda não conseguimos detectar).

    Nos links no post, tem uma explicação mais detalhada, em inglês, da NASA
    😉
    http://www.spitzer.caltech.edu/news/249-ssc2007-01-Famous-Space-Pillars-Feel-the-Heat-of-Star-s-Explosion

  8. Tudo bem? Como os astronomos sabem da explosao de uma SN na regiao se a luz ainda demorará 1000 anos para chegar ao nosso sistema…?

  9. A distância ilude a razão,
    efémera humana em movimento
    sem parar.
    Quando a alcançamos em pensamento,
    a ciência é poesia,
    a contemplar.

    Nada mais belo, que a razão,
    consciente dum porvir,
    do que nos serve o próprio olhar.
    Toca-nos o coração,
    sentindo-a sorrir,
    muito depois de passar…

    Boa passagem de Ano e 2011 próspero em muitas coisas boas.

  10. E aproveitando a ideia de um amigo no Facebook…
    é também extraordinário estar-se a ver algo que já não existe há 6000 anos…
    e está-se a ver “com vida”… como era na altura.

  11. Parece-me que esta imagem, e a história, é a ideia perfeita do significado de “fim de ano”.
    É uma constante reciclagem de materiais no Universo.
    O constante renascer de algumas coisas, e o desaparecimento de outras.

    Basicamente, iniciam-se novos ciclos!

    BOM ANO para todos os nossos leitores!!!

  12. Mil anos como se fossem um dia e um dia como se fosse mil anos… Amo essa precisão divina. 😀
    E num piscar de olhos a tecnologia humana descobre meios para diminuir distância e tempo. 😉

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