Cowboys & Aliens

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Em 1873, no Novo México (EUA), um homem acorda sem qualquer memória do passado, e com uma estranha “pulseira” no braço.
Entretanto, fica a saber que é o criminoso Jake Lonergan, procurado pela polícia…

Enquanto isso, extraterrestres atacam as pessoas que lá vivem (no Novo México, no século 19).

A chave para vencer os extraterrestres está na misteriosa pulseira: a pulseira é uma arma que ele usa contra os alienígenas.

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O elenco é muito bom e Olivia Wilde é belíssima.

É um Western diferente, em que o papel dos índios é entregue aos alienígenas avançados.

As mensagens do filme parecem ser:
– natureza vs. máquinas.
– ritual de passagem para se ser homem é pegar em armas e matar.

O filme proporciona um bom entretenimento… mas tem várias falhas.

Parece-se com o filme Independence Day, em que os humanos se unem (xerife, foras-da-lei, índios, etc) para derrotar os alienígenas invasores. Para os humanos se unirem, é sempre necessário um inimigo em comum exterior (alienígena). É sempre nós vs. eles.

No final, como sempre, os Humanos ganham.
Supostamente, homens a cavalo com armas e setas conseguem vencer seres que têm tecnologia para viajar entre estrelas…
Enfim… não faz qualquer sentido.

Não gostei dos extraterrestres.

Os alienígenas são basicamente os índios do faroeste, só que com melhor tecnologia.

A forma dos ETs é demasiado humanóide… demasiado terrestre.

Os ETs têm as mesmas atitudes e motivações dos Humanos.
Neste caso, é simplesmente uma corrida ao ouro.
Eles podiam ir buscá-lo ao cinturão de asteróides, por exemplo… mas vêm à Terra porque a Terra é o “centro do universo”.

Socialmente os ETs são sub-desenvolvidos, atacando cada qual ao seu ritmo, aparentemente sem qualquer organização ou estratégia.
Basicamente, eles não eram personagens, mas pareciam somente elementos de um jogo de computador, em que o objetivo é matar extraterrestres.

Gostei de ver que os alienígenas parecem ter uma armadura, e por dentro têm o corpo e outros membros (não os normais, externos).

A nave é demasiado mecanizada e parece tirada do século passado.
Os ETs viajam entre planetas, mas têm tecnologia do século XX (até para apanhar/raptar pessoas).
Não faz qualquer sentido.

Ella diz que os alienígenas subestimam os Humanos. Ella diz que somos como insectos para eles. A ideia dela é passar a mensagem que os humanos são insignificantes para os extraterrestres.
Mas isto não é verdade. Os alienígenas decidem lutar corpo-a-corpo com os Humanos. Os Humanos nunca lutariam corpo-a-corpo com moscas.

A jovem mulher Ella (Olivia Wilde), afinal é alienígena de outro planeta que também foi conquistado. Ella disfarça-se de humana para viver entre nós.
Se ela pode mudar de forma como lhe apetece, porque escolheu ser humana? E porque a sua civilização não se salvou? (se afinal podiam mudar de forma, sendo assim biologicamente mais evoluídos que os alienígenas invasores)
Além disso, ela para chegar cá, precisou de naves. Mas parece que ela não tem qualquer tecnologia…

Gostei da citação do padre, que diz que há boas pessoas que fazem coisas más e más pessoas que fazem coisas boas.

Gostei de ver que os humanos daquele tempo pensam que os extraterrestres são os demónios (da Bíblia). É realista.

Quando Ella morre e ressuscita (ao ser cremada), fez-me lembrar a história de Cristo…

2 comentários

    • Dinis Ribeiro on 09/09/2011 at 17:02
    • Responder

    Quanto ao ouro no sistema solar: http://www.astropt.org/2011/09/09/ouro-choveu-do-ceu/#comments

    Quanto ao filme:

    Eu gostei do filme e também das críticas, pois fizeram-me pensar um pouco mais…

    Num primeiro nível de análise até concordo parcialmente com várias das opiniões, contudo tenho alguns “Inputs” como contribuição para um debate:

    1) “Os ETs são basicamente os índios do Far West, só que com melhor tecnologia.”

    INPUT 1 – Não necessáriamente, a mim lembram-me muito mais a dualidade e ambiguidade dois dois cowboys principais. Eles são herois ou vilões? Estes ET’s parecem-me mais uma “caricatura” do lado “mau” dos cowboys. Eles tratam os humanos “como se fossem gado”, o que é “justamente” o que os cowboys fazem com o gado. Para eles todos os humanos são iguais…

    2) “A forma dos ETs é demasiado antropocentrica, misturada com insect-like… ou seja, terrestre.”

    INPUT 2 – Gostei bastante dos ET’s e há vários aspectos ligados a extrapolações em biologia que até me fizeram ir ver melhor as patas mais pequenas na parte da frente dos caranguejos, que embora sejam anfíbios já não são verdadeiramente “terrestres” a 100%.

    3) “Socialmente os ETs são sub-desenvolvidos, atacando cada qual ao seu ritmo, sem qualquer organização.”

    INPUT 3 – Sim, é uma boa crítica. Mas também poderiam ser clones de “má qualidade” (a nivel mental) desenvolvidos por uma tecnologia que já aparecia em 1977 nesta história: http://en.wikipedia.org/wiki/On_the_False_Earths

    Quando se vê o interior da nave, há uma parte que parece quase uma colmeia, e penso que poderia ser uma zona de produção de clones. Para mim, só há um alien que faz várias cópias para servirem para o trabalho físico. Por isso não se vê qual deles é o lider.
    O que tem a cicatriz e é mais “vingativo” pode fazer parte duma “hive mind”.

    Esta objecção, levou-me a ter a ideia de que se calhar o ET que “comanda” o grupo de mineiros-clones “fora da lei” é a versão espacial equivalente ao cowboy que tem a pulseira e que também tem o seu gang que rouba ouro.

    4) A nave é demasiado mecanizada e parece tirada do século passado.

    INPUT 4 – Não concordo totalmente. Do ponto de vista artístico, o facto de se parecer com uma locomotiva pode ser simbólico. Ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Transcontinental_Railroad
    Também ajuda a manter a “atmosfera estética” reduzindo o risco de uma espécie de efeito semelhante ao http://en.wikipedia.org/wiki/Uncanny_valley ou então ao ridículo que surge com os anacronismos http://en.wikipedia.org/wiki/Anachronism

    Gostei dos “Verniers” http://en.wikipedia.org/wiki/Vernier_rocket semelhantes aos usados neste sistema de 1957 http://en.wikipedia.org/wiki/SM-65_Atlas

    5) Os ETs viajam entre planetas, mas têm tecnologia do século XX (até para apanhar pessoas).

    INPUT 5 – As ferramentas mais simples também costumam ser as mais fiáveis.
    Uma vez inventada, a ferramenta não é nunca completamente abandonada, como é referido (julgo) nesta palestra: http://www.kk.org/thetechnium/archives/2009/12/what_technology_2.php

    A tecnologia é interessante: http://en.wikipedia.org/wiki/Lasso e tem inumeras aplicacões no espaço: http://en.wikipedia.org/wiki/Tether_propulsion

    E as naves que voam e atiram os lassos são uma extrapolação (exagerada?) de tecnologia que já existe: http://www.digitaltrends.com/green-technology/the-electric-puffin-nasas-one-man-stealth-plane/ Para mim, uns cowboys usam os cavalos e os outros usam essas “coisas que voam” com várias asas, com um design que também é baseado em estudos tecnológicos actualmente em curso.

    6) Os ETs têm as mesmas atitudes e desejos dos Humanos.
    Neste caso é simplesmente uma corrida ao ouro.

    INPUT 6 – Até gosto da ideia. Porque é que hão de ter sempre motivações estranhas e incompreensíveis? Se as leis da física que geram a vida e o comportamento são as mesmas, porque é que “eles” seriam assim tão diferentes? E talvez não seja “simplesmente” uma corrida ao ouro…

    7) Eles podiam ir buscá-lo ao cinturão de asteróides, por exemplo… mas vêm à Terra porque a Terra é o “centro do universo”.

    INPUT 7 – Justamente por a terra “não ser o centro” do sistema solar é que eles poderiam ter vindo “esgravatar” numa zona (proibida?) fora do local onde estaria a “nave mãe” e que com toda a lógica seria algures no cinturão de asteroides.

    Isto leva-me a imaginar que eles (ele, no caso de “clones”) poderão ser como piratas, ou mineiros ilegais http://en.wikipedia.org/wiki/Illegal_mining_in_India (caçadores ilegais?) que vão para uma reserva natural sem autorização “oficial” para extrair minério.

    8) Por outro lado, a rapariga afinal é ET e disfarça-se de humana para viver entre nós.
    Para chegar cá, precisou de naves. Mas parece que ela não tem qualquer tecnologia.
    Se ela pode mudar de forma como lhe apetece, porque escolheu ser humana? E porque a sua civilização não se salvou? (se afinal podiam mudar de forma, sendo assim biologicamente mais evoluídos que os ETs invasores)

    INPUT 8 – A rapariga pode ser uma espécie de activista da Greenpeace, ou dos direitos dos animais, a agir também no limiar da legalidade. Ou então até pode ser como uma vigilante de parque natural. http://en.wikipedia.org/wiki/Park_ranger
    Pode ter vindo como clandestina a bordo da nave que veio até á terra. Quem deu cabo da civilização dela poderia ser muito mais avançado.
    Os ET’s que são vistos no filme, podem ser usados como nós usamos um grupo de escravos ou de prisioneiros para andar a “partir pedra”.

    Se pensarmos nos ET’s como um ecossitema que viaja e não apenas uma simples espécie, o que vemos pode ser o equivalente a uma matinha de cães treinados para farejar caça. As naves principais e os tripulantes que controlam a missão podem ser muito diferentes.

    Ela parece tão fascinada com os humanos como muitos cientistas estão fscinados pelos gorilas que tentam proteger dos caçadores ilegais.

    9) “As mensagens do filme parecem ser:
    – natureza vs. máquinas.
    – ritual de passagem para se ser homem é pegar em armas e matar.”

    INPUT 9 – Para mim, as máquinas fazem parte da natureza.

    Quanto ao ritual de passagem até concordo em parte com a crítica. Mas penso que é mais sobre uma questão de sacrifício (a vários níveis) e do triunfo da lei sobre o lado “selvagem” do velho oeste.

    10) “Parece um pouco como o ID4, em que os humanos se unem (sheriff, foras-da-lei, etc) para derrotar os ETs invasores. É sempre nós vs. eles.”

    INPUT 10 – Sim quanto á mensagem de união entre os humanos, que me parece positiva.

    Mas, para mim, a relação não é apenas “nós vs. eles”. É muito mais complexa. Como se diz no filme, “Já vi pessoas boas fazerm coisas más e pessoas más fazerem coisas boas”.

    Isso é (em parte) a essência dum Western. A colonização do velho oeste foi uma coisa boa ou uma coisa má?

    Sugiro estes 2 filmes:

    1) http://en.wikipedia.org/wiki/The_Man_Who_Shot_Liberty_Valance Como repôr a lei?
    2) http://en.wikipedia.org/wiki/Assault_on_Precinct_13_(1976_film) Ver o “Napoleon Wilson”

    11) E, por fim, claro, humanos a cavalo com armas e setas conseguem vencer ETs com capacidade para viajar entre estrelas.

    INPUT 11 – Não será assim tão impossível quanto isso. Ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Asymetric_warfare

    E para mim, se existirem ET’s, nem todos serão do mesmo nível perante as leis que serão respeitadas pelas partes mais civilizadas dessa eventual civilização.

    Um bando de semi-analfabetos alcoólicos que trabalhe a limpar o cano de esgoto dum porta aviões nuclear, podem roubar um barco de borracha, ir até uma ilha deserta e andar a esgravatar minerais e a maltratar os animais que lá vivem.

    Aliás o que eles fazem ao barco http://en.wikipedia.org/wiki/Delta_Queen que se vê nesse fime sugere que se estão a divertir através de puro e simples vandalismo.

    Tudo isto levou-me a pensar que um tipo possível de mensagem vinda de extraterrestres poderia muito bem ser uma lista tipo western dos “ten most wanted” http://en.wikipedia.org/wiki/Ten_Most_Wanted_List ou posters do género “Wanted: dead or alive” http://en.wikipedia.org/wiki/Wanted_poster

    1. Comentários interessantes 😉

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