Votar

Albert Einstein: “Insanity: doing the same thing over and over again and expecting different results.”

Já disse o que tinha a dizer sobre a democracia, neste post.
Continuo a não me conformar, mesmo que digam que o tenho que fazer.
Ou seja, continuo a fazer o que foi a verdadeira lição do Dilema da Conformidade, neste post.

Dias como o de hoje em Portugal, são para mim exatamente iguais às eleições em South Park, no episódio intitulado: “Douche and Turd“: não existem opções competentes (que resolvam os problemas), mas iludem-nos que é nosso “dever” escolhermos entre uma muito má escolha ou uma péssima escolha.

Sempre que há votações, vêem-me à ideia as palavras do extraterrestre da série 3º Calhau a Contar do Sol:

Dick Solomon: How many times do I get to vote?
Volunteer: One time.
Dick: It doesn’t matter that I’m brilliant?
Volunteer: No.
Dick Solomon: Have you noticed how tall I am?
Volunteer: We all get one vote.
Dick Solomon: You mean your vote counts the same as mine?
(…)
Dick Solomon: What’s the point of having a democracy, if people go around voting wrong?

Como diria Doug Gwyn: “Truth is not determined by majority vote” – a verdade não é determinada pelo voto da maioria.
Ou Carl Sagan: “One of the saddest lessons of history is this: If we’ve been bamboozled long enough, we tend to reject any evidence of the bamboozle. We’re no longer interested in finding out the truth. The bamboozle has captured us. It is simply too painful to acknowledge – even to ourselves – that we’ve been so credulous.”

Para quando uma MERITOCRACIA, em vez de falsas democracias?

24 comentários

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  1. Já durante muito tempo que quando voto não estou a votar por ser o melhor candidato escolhido, mas pelo menos mau oferecido.

    Na minha opinião, acho que um dos grandes problemas de Portugal, é não ter Políticos profissionais. As pessoas que exercem estes cargos são todas sem grande, para não dizer nenhuma, formação política.

    Para além disso, não há renovação, ou seja, temos que “aturar” sempre os mesmos anos e anos a fio…

  2. É um jogo de cadeiras e concurso de popularidade. Há uns anos dei por mim a pensar numa situação que aconteceu aí nos Estados Unidos. Qual é a probabilidade de numa verdadeira democracia, com 200 milhões de cidadãos e potenciais presidentes distintos, ir calhar a um pai e um filho a presidência de um país. Alguma coisa está errada, quando de um universo tão vasto de escolhas, a escolha se reduz a umas dúzias de pessoas…

    Por cá, algo que gostava de ver feito, era a contabilização dos votos a nível nacional – e a partir daí a distribuição de deputados – e não a nível distrital.

    1. “É um jogo de cadeiras e concurso de popularidade.”

      Esse é que é o grande problema…. não é uma meritocracia… é uma escola secundária.

      “ir calhar a um pai e um filho a presidência de um país.”

      Calma que ainda falta o Jeb Bush… 😛 podes ter mais um filho 😛 ehehhe
      E lembra-te dos Clinton… também podia ser o casal.
      E lembra-te do clã Kennedy 😉

      Mas em Portugal não anda muito diferente.
      Desde quando anda lá o Mário Soares?
      E o Cavaco?
      E o Manuel Alegre?
      E o Portas?
      E o Louçã?
      e…. ?

      São sempre as mesmas caras.

      É uma realeza… são todos Nobres num palácio Monárquico.

  3. Interessante o post, logo hoje que houve uma eleição em minha escola, bem, uma eleição qualquer para diretor e vice da minha escola, mas tinha um detalhe legal: Só tinha 1 chapa e de um jeito ou de outro nós éramos obrigados a votar, se nós não fôssemos votar iria ser retirado pontos nossos. Eu não estudo política, mas acho que isso é algo anti-democrático, já que só haveria uma chapa e ela de qualquer jeito iria ganhar, para quê obrigar a irmos lá?

    • Ana Guerreiro Pereira on 06/06/2011 at 01:54
    • Responder

    Como já disseram aqui, nestas eleições o resultado foi só um: correr com o Sócrates dali. E foi corrido. Prova de que o povo não é assim tão sereno, lançando um aviso sobre o seu sucessor.

    O resto… vê-se com o tempo.

    1. O probema é mesmo esse. Agora a ideia era correr com o Socrates. Daqui a 4 anos vamos andar “todos” a querer correr com o Passos Coelho, pq ele naõ fez o que nós queriamos, que era viver um mundo de unicornios cor de rosa.

      Gente: a culpa não é/foi do Sócrates é de todos… Por isso, mesmo tendo ir votar ontem e em quase todas as eleições, concordo com muito do que o Carlos diz.

      O problema é que isto é sempre vira o disco e toca o mesmo. E não vejo jeito de mudar. :S

        • Ana Guerreiro Pereira on 07/06/2011 at 01:25

        Lamento, mas recuso aceitar uma responsabilidade que não é minha. Não, a culpa não é de todos. É só de alguns. Especialmente dos que votaram nos suspeitos do costume. 😉

        E recuso incluir-me em alguns nós e generalizações relativamente ao estado do país porque não contribuí nem directa nem indirectamente para isso, muito pelo contrário. De modo que, não acho correcto fazer os justos pagar pelos pecadores. A culpa não é de todos, não. Nem todos são parvos e nem todos se furtam às suas obrigações. E um dos maiores culpados vai sair impune…

        E em politica, infelizmente, só podem existir é opiniões. O que não existe, por vezes, é a noção de que Roma e Pavia não se fizeram num dia e que as mudanças não se operam do dia para a noite. Considero que a derrota e demissão de um safardanas pulhítico foi uma grande vitória. E não foi por ele “não fazer o que nós queremos”, foi por ter colocado o país nesta situação com a sua megalomania, incompetência, mediocridade e jogo de mera propaganda e aparências.
        Se fiquei contente com a eleição do PSD? Não. Não considero que seja uma mudança, mas pelo menos tirou-se um mediocre da cadeira do poder. O argumento de que “tirámos um para pôr outro” que alguns utilizam está gasto e não tem sentido, porque se assim fosse não lutariamos por nada com medo de que o futuro fosse pior. A questão é que não sabemos como será o futuro e que vivemos tempos dificeis e instáveis, onde tudo pode mudar da noite par ao dia.

        Tb concordo com muito daquilo que o Carlos diz, mas considero que o voto tb pode ser uma arma. Desta vez foi-o para expulsar um arrogante aldrabão da cadeira do poder. Não se trata de “porque não fez o que nós quisemos”! Trata-se de uma personagem que foi o cúmulo da incompetência em todos estes anos (claro que não a única personagem do género, infelizmente). O PPCoelho ainda nem sequer começou o governo (q, de resto, estará condicionado pela Troika…), pelo que considero que se lhe pode ser dado o benefício da dúvida. Se se revelar outro Sócrates (o que duvido, porque tem noção de que um povo que não está contente não o vai tolerar…nem a troika). Se fossemos a cruzar os braços porque “são todos iguais” (outro argumento de desresponsabilização muito comum, porque ninguém é igual a ninguém), teríamos deixado todos os salazares, hitlers, pol-pots, pinochets, estalines, e afins no poder. Tirá-los dali para quê se “os outros são iguais” e se “é tudo uma ilusão”?…

        Como disse, tudo depende da forma como se encaram as coisas. Prefiro encará-las usando o jogo da Pollyana (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pollyanna), apesar de ser uma pessimista nata (por isso mesmo é um desafio pessoal :D). E poderemos dizer que não saiu nada de bom daqui? Ou que não saiu nada de bom do 25 de Abril?…

    • José Mesquita on 06/06/2011 at 00:08
    • Responder

    Hoje vi duas jovens, de tenra idade e analfabetas, a votar ao mesmo tempo que eu.
    Perguntavam à mesa qual era o partido em que queriam votar (não me apercebi qual). Depois queriam ir juntas para o local de preenchimento do boletim, do que foram impedidas verbalmente.
    Quando fala em meritocracia fala em, por exemplo, impedir analfabetos de votar? Ou só a partir da 4ª classe? Ou só com o secundário desde que não tenha sido tirado em processo RVCC?
    E se o mérito não for este? Pode ser a altura? A cor do cabelo? Ou o gene XPTO?

    1. O mérito vê-se obviamente no trabalho, na competência, e nos resultados.
      Não se vê em papéis de escolas, ou cores de cabelo, ou alturas…

      enfim…

        • José Mesquita on 06/06/2011 at 10:14

        Decerto que falamos do mesmo se…
        Uma meritocracia ” Forma de liderança que se baseia no mérito, nas capacidades e nas realizações alcançadas, em detrimento da posição social” é com certeza o que todas as democracias perseguem, a escolha do seu “Primus inter pares”. Se assim for, excelente. Apesar de, como sistema falível que é, a democracia por vezes falhar.
        Decerto que não falamos do mesmo se…
        Se se considerar que o direito de escolher apenas puder ser exercido pelos que têm mérito. E aqui é que reside o problema. O mérito pode ser encarado de forma diferente em momentos, sociedades e épocas diferentes. E levar ao ponto, como já levou e leva em tantas sociedades, que existem cidadãos de primeira e de segunda até no direito de escolher. E essa diferenciação pode ser feita pelo mérito da “cor do cabelo”, do “gene XPTO”, etc.
        Provavelmente falávamos da primeira hipótese e eu, …enfim…, não entendi á primeira…

      1. Sim, falávamos na 1ª hipótese 😉

        “Apesar de, como sistema falível que é, a democracia por vezes falhar.”

        Por vezes?
        Seja em Portugal, seja onde fôr, diga-me lá exemplos onde o mérito da pessoa foi o responsável por essa pessoa ser escolhida.

        Sinceramente, assim de repente, lembro-me de uma mão-cheia em diferentes países.
        Isto em centenas e centenas deles nos últimos 20 anos.

        Se nos limitarmos a Portugal, qual percentagem que votou no PSD, por exemplo (é só um exemplo), sabe em quem votou para a Assembleia da República?
        O mesmo para todos os partidos.
        Além de não se avaliar o mérito dessas pessoas… 99% das pessoas nem sabe quem eles são.

        No caso do PSD, conhecem o Passos Coelho de o verem na TV. Mas não conhecem mais ninguém. Votaram sem saber em quem votam. Muito menos saber o mérito de cada um.

        E se nos limitarmos ao “cabecilha”, Passos Coelho, a minha pergunta é: qual o mérito dele?
        (o mesmo perguntaria no caso do Sócrates, Portas, e outros…)

        Para mim, não há nenhuma dúvida que daqui por 4 anos, vai estar toda a gente farta dos que lá estão no poder agora.
        E daqui por 8, a mesma coisa.
        E daqui por 12 a mesma coisa…
        … e assim sucessivamente.

        E de quem é a culpa?
        Dos que foram eleitos? Não!
        É de quem vota neles, que não quer saber do mérito de quem é eleito.

        Este é o meu ponto 😉

  4. Carlos:

    A democracia não é mais uma politica do que uma maneira de atribuir o poder. E é o pior que existe, tirando todos os outros que se conhecem.

    Porque a democracia, ao tratar os votos de todos por igual, consegue criar um resultado pacifico do jogo de forças da luta pelo poder. É acima de tudo a unica maneira que se descobriu até hoje de legitimar o poder.

    A culpa de não haver meritocracia não é da democracia. A meritocracia deveria existir dentro da democracia. Por recolnhecimento de todos.

    Eu penso que caminhamos nessa direção mas leva tempo. E uma das coisas que penso que é preciso para camihar na direcção da meritocracia é a formação intelctual das pessoas. Mas tal como a politica, essa formação não se consegue pela força. É preciso é criar condições para que as pessoas cheguem lá por si.

    Ao fim e ao cabo é aquilo que tentamos aqui. 🙂

  5. Essa história é bem complexa. No Brasil tanto a classe média (acesso a cultura de alto nível E informações) , como a pobre fazem escolhas estapafurdias. A classe pobre quando está insatisfeita vota em candidato pior ainda, como na última eleição, um analfabeto em tudo foi o ou um dos mais votados para deputado federal. A classe média para cima que tem acesso a todos os tipos de informações e supostamente pensam nunca deixaram de votar em candidatos EXTREMAMENTE corruptos, como o caso de Maluf (que roubou desca ra da mente em todos os seus governos). São Paulo é um dos redutos malufistas e de maior renda do Brasil e conheço muitos intelectuais que o fizeram.

    Isso ilustra esse mentalidade em questoes politicas para escolher voto. Acho que precisamos reescrever os conceitos e princípios da vida, pois nada se encaixa.

  6. acho inacreditável, após todas as experiências políticas que já vivemos, como ainda há actualmente pessoas que pegam em bandeiras ou buzinam ou gritam em nome de políticos que não sabem como governar este país. enfim multicolores que nos levam até à Grécia!

    1. E muitos deles são os mesmos que andaram a fazer festas com Sócrates, Guterres, Cavaco, e vários outros que nem me lembro agora 😛
      Invariavelmente, depois de verem os resultados passados anos, decidem criticar os políticos. Mas a culpa é deles – das pessoas. Pela parvoíce de estarem sempre a fazer as mesmas coisas e nem sequer se lembrarem que nunca nada mudou.
      Enfim… é a tal insanidade de que fala o Einstein…

  7. Todas estas festas que se fazem em todas as eleições – sabendo nós que basicamente nada muda, e as pessoas continuarão a queixar-se daqui por 4 anos – faz-me lembrar as festas quando o Obama ganhou aqui.
    Eu também fiz festa na altura.
    Mas nos dias seguintes ao ver reportagens na TV, havia pessoas a dizer que já não precisavam trabalhar, que a guerra ia acabar, que iam ser todas ricas… fiquei a pensar para mim que todas essas pessoas devem viver num Universo com unicórnios voadores côr-de-rosa… enfim….

    Será que as pessoas não percebem que as alturas das eleições são simples “circos romanos”, sem mortes, mas somente para entretenimento e amansar as pessoas?
    Será que as pessoas não percebem que já votaram dezenas de vezes, e os problemas continuam e nada muda em termos políticos?

    Enfim… como diria Einstein… é pura insanidade das pessoas.

  8. Fiz ciências políticas na universidade e estudamos todas as teorias políticas possíveis, algumas lindas e comoventes, com um ponto de vista mais filosófico, e política partidária, com ênfase nos governos contemporâneos, e nenhuma destas teorias se enquadra no que hoje chamamos de (ciência) política (partidária), democracia, etc. Portanto, essa associação que se faz de democracia com o que é hoje praticado em uma sociedade politizada não tem absolutamente nada a ver com a teoria. A não ser o maquiavelismo e suas derivações que continuam correntes desde a sua criação.

    1. Não fiz ciências políticas, mas estou totalmente de acordo.
      A democracia, da forma como foi idealizada, que seria numa sociedade informada e não numa sociedade conformada e estupidificada, não tem nada a ver com os resultados que se vêem na prática atualmente… seja em que país fôr.

      Em Portugal, o que temos atualmente é um sistema Monárquico.
      Existem os “escolhidos”, que se mantém no poder a vida toda.
      Não existem verdadeiras escolhas… existem sim sempre as mesmas caras há 20 anos, sempre os mesmos nas cadeiras de poder, sempre esses mesmos que nos dizem que devemos votar neste ou naquele “nobre”.
      E o rebanho lá vai… e muda um nobre pra um conde de vez em quando, e fica todo contente porque acha que fez uma grande mudança… enfim…

        • shirley on 05/06/2011 at 20:54

        Será que não está na hora de ir para as praças e tirar essa velha guarda do poder?

        Portugal tem coisas impressionantes para formar uma economia de ponta e não entendo como passa por dificuldades econômicas.

      1. O problema é que isso já foi feito no 25 de Abril.

        As coisas voltam invariavelmente ao mesmo.

        Mesmo aqueles políticos que querem fazer a diferença e mudar as coisas, ou seja, aqueles que são idealistas e querem mesmo ajudar, acabam por ser comidos pelo sistema.

        Roma tinha um imperador.
        Atualmente temos vários pequenos imperadores… tudo a trabalhar para o mesmo – e não é resolver os problemas.

        Note-se que isso se vê em todos os países.
        Aqui nos EUA é a mesma coisa.
        Vê-se até pelos Tea Party, que são financiados por grandes magnatas, de modo a defenderem leis que são contra eles próprios, contra o povo, e a favor desses magnatas… enfim…

        Por isso é que a educação, o conhecimento é essencial.
        Infelizmente, a grande maioria da população deixa-se vigarizar por balelas que lhes dizem. O cérebro pára-lhes.
        Afinal, para que há tantas telenovelas? Para alguma coisa será… e não será certamente para espevitar a mente a pensar de assuntos que afetem as pessoas…

  9. Carlos, tem razão – muito NÃO vai mudar. E nem é pelos políticos, somos nós, portugueses, que achamos que o mérito é imaginação e a “cunha” e o “esquema” é que são válidos. Mas, por uma vez, deixe-me ficar feliz pelo bendito se ir:-)…
    (Até porque licenciaturas ao domingo não têm qualquer valor científico:-)…)
    Só hoje, Carlos:-)…
    (Obrigada pela lucidez:-)…)
    Bejos:-)…

  10. Enquanto em Portugal se baralha e dá no mesmo – e como em todas as eleições as pessoas andam todas contentes neste dia, tendo a memória super-curta, realço o último vídeo neste post em que se realça a diferença e não sempre os mesmos a viver dos outros:
    http://www.astropt.org/2011/06/05/carpe-diem/

  11. Em quem votou Carlos?

    1. Como eu já disse no post sobre Democracia, já votei em todos no passado.
      http://www.astropt.org/2011/01/24/democracia/
      Após ter percebido como tudo se passava, até por ter amigos em vários partidos, percebi que o melhor era usar a estratégia que é a lição do Dilema da Conformidade (Dead Poets Society) – e que é dada pela escolha do Dalton.
      http://www.astropt.org/2011/06/05/carpe-diem/

      Até haver uma Meritocracia, não me conformarei em somente “talk the talk”, mas continuarei a “walk the walk”.

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