Panta rei, tudo flui II – Mudanças Biológicas

Mudanças há em todo o lado e a todo o momento. Uma das alterações constantes é no nosso genoma. A todo o momento há erros a serem corrigidos, erros de tradução e transcrição genética a ocorrerem. As células replicam-se, aparecem mutações, não só pela idade da célula mas também por agentes externos como vírus, detergentes, temperaturas elevadas, radiação UV, microondas, etc. Além das mudanças no genótipo de cada um a curto prazo também há alterações no chamado pool genético, o conteúdo alélico distintivo de uma determinada população, ao longo dos milhares de anos em que o ser humano migrou para climas novos. Essas alterações chamamos de evolução.

O Homem ao migrar para zonas de habitação novas e, consequentemente, para novos ambientes teve de se adaptar de forma rápida. A evolução rápida permitiu que essas pessoas sobrevivessem em situações novas e em ambientes novos.

Pelos mundo todo há ambientes tão diferentes como altitudes elevadas, o Tibete a 4900 metros, a região habitada mais elevada do mundo é um exemplo. Outros ambientes passam por savanas quentes, tundras, florestas tropicais húmidas e desertos.

É certo que grande parte da adaptação foi tecnológica mas a evolução permitiu-nos ter um cérebro e estruturas corporais capazes de fazer roupa e casas. Contudo na pré-história a principal componente visível da evolução foi genética. Assim, podia-se esperar encontrar vestígios dessas adaptações rápidas no genoma humano. Diferenças em genes que dão a capacidade de viver numa zona geográfica e que tenham aparecido recentemente e se espalhado por essa mesma população.

Jonathan K. Pritchard e colegas foram em busca de desafios ambientais no genoma humano. “Algumas variantes dos genes presentes na determinação da cor da pele clara e adaptação à luz solar reduzida estão distribuídas de acordo com as rotas de migração antigas” (Scientific American)

Em médias somos idênticos em 99,8%. No entanto existem zonas pequenas no genoma que diferem e que poderão ser a grande diferença. Os locais, no genótipo, em que um nucleótido substitui outro nucleótido chama-se single nucleotide polymorphism (SNP). A maior parte dos SNPs pode não exercer grandes alterações. Tudo depende da zona em que for a alteração. Podem ler mais sobre mudanças genéticas aqui.

Quando a Selecção Natural favorece um alelo, este torna-se mais comum a cada geração. O indivíduo portador apresenta uma reprodução diferencial positiva. Se ambiente estabilizar, esse alelo dissemina-se pela população e acaba, também ele, por estabilizar e generalizar-se passando a fazer parte do pool genético daquela população.

As mudanças genéticas são constantes em todos os organismos. Toda a Natureza biológica é uma máquina bem oleada que não pára de funcionar.

3 comentários

  1. Ana,

    é verdade, não somos diferentes o suficiente para sermos subespécie.

    Manel,

    A grande diferença é que na horizontal o teor de oxigénio é o mesmo, ao contrário do teor na vertical. Por isso a grande diferença entre viajar 5 Km na horizontal e os mesmos 5 na vertical. Além disso é mais difícil fisicamente subir. 😉

    • Manel Rosa Martins on 18/07/2011 at 14:38
    • Responder

    4900 metros? Isso quer dizer que habitamos uma lâmina de barbear, vista de lado. 5 Km na vertical, esses 5 Km na horizontal percorremos nós a pé quase sem dar por isso…

  2. bem a propósito: http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=39558&bl=1

    Não é o único estudo da área; o projecto Genográfico da NG, com o geneticista Spencer Wells, entre outros, já tinha elaborado àrvores genealógicas genéticas do Homo sapiens e chegado às mesmas conclusões. Os genes não mentem 😀

    Engraçadamente, o pool genético mais diverso é o do continente africano. Ou seja, ainda não passou tempo suficiente para que se acumulassem diferenças genéticas grandes entre os povos que sairam do continente Africano nas primeiras migrações do Homo sapiens. Engraçadamente, as alterações genéticas que permitiram certas adaptações fisiológicas (um caso bem evidente é o da produção de melanina, feita de forma a minimizar ou maximizar a captação de raios UV, consoante o local geográfico; outro é o dos esquimós, pequenos, com mais gordura corporal e superficie corporal mas atarracada e arredondada 😀 para minimizar as perdas de calor corporal) não são, em termos estatisticos e no que concerne ao pool genético mundial, significantes o suficiente para justificar sequer uma subdivisão sistemática do Homo sapiens em subespécies distintas 😀 E esta hein? 😀

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