Descoberto o primeiro asteróide troiano da Terra

Foi descoberto o primeiro asteróide troiano da Terra! Astrónomos norte-americanos confirmaram recentemente a presença e as características orbitais singulares de 2010 TK7, um objecto com cerca de 300 metros de diâmetro previamente identificado em imagens obtidas pelo telescópio espacial WISE. Este é o primeiro exemplar de uma classe de objectos co-orbitais da Terra nunca antes observada.

O asteróide 2010 TK7 marcado com um círculo verde numa imagem obtida pelo telescópio espacial WISE.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA.

Os asteróides troianos são objectos co-orbitais dos planetas que ocupam regiões de estabilidade gravitacional situadas nos vértices de dois triângulos equiláteros cuja base comum é a distância do Sol ao respectivo planeta (os pontos de Lagrange L4 e L5). Até agora conheciam-se apenas asteróides troianos dos planetas Marte, Júpiter e Neptuno; no entanto os astrónomos admitiam há muito a existência de objectos com uma relação semelhante com a Terra. A sua observação nunca tinha sido concretizada devido ao facto destas regiões serem de difícil acesso aos telescópios terrestres.
2010 TK7 realiza uma curiosa dança orbital com a Terra, com um centro de movimento que oscila em redor do ponto langrangiano L4. Estes movimentos são produto de uma excentricidade e inclinação orbitais relativamente elevadas e poderão num futuro além dos próximos 250 anos arremessar o asteróide para uma configuração orbital diferente da actual.


Animação mostrando como o movimento de 2010 TK7 em redor do Sol se traduz numa série de complexas oscilações em torno de L4. A primeira parte mostra o movimento do asteróide ao longo de poucos anos visto de uma posição fixa sobre o Sol. A segunda parte mostra os movimentos do asteróide relativos à Terra ao longo de uma escala de tempo maior.
Crédito: Athabasca University/CFHT.

7 comentários

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  1. Obrigado pela explicação aos dois, eu entendi melhor do que no artigo que li, mais pensei mesmo deste forma, e sei que este asteroide será um prato cheio para os conspiracionistas.
    Abraços e ótimo artigo como sempre.

  2. Weslley,

    O Carlos tem razão. Na verdade não nos devemos preocupar com este asteróide pelo menos nos próximos 5000 anos! 😉
    A questão é que os loops de 2010 TK7 em redor de L4 são tão complexos que tornam imprecisa a previsão da sua posição em escalas de tempo superiores a 250 anos. Isto não quer dizer que o asteróide possa vir a colidir com a Terra no futuro. O problema aqui é que as aproximações de 2010 TK7 a L3 (o ponto de Lagrange situado a 180º da Terra) deixam-no muito susceptível às perturbações gravitacionais de Júpiter, tornando ao fim de algum tempo a actual configuração orbital instável. Neste cenário, o mais provável é o asteróide ser arremessado para uma das outras relações estáveis com a Terra: as órbitas horseshoe (http://en.wikipedia.org/wiki/Horseshoe_orbit) ou saltos periódicos entre L4 e L5.

  3. Penso que sim. Afastar-se ou aproximar-se. Já que as órbitas são dinâmicas.
    Mas como o Sérgio escreveu no post, não nos devemos preocupar com isso nas próximas centenas de anos 😉

  4. Carlos por acaso corremos algum risco ou a tedencia é deste asteroide se afastar de nós?

  5. Esta descoberta é figura da capa da revista Nature desta semana. Podem encontrar o artigo aqui: http://www.nature.com/nature/journal/v475/n7357/full/nature10233.html.

  6. Tenho a impressão que este é o 1º a ser descoberto, de vários asteróides que têm a mesma órbita que a Terra – que andam atrás ou à frente da Terra 🙂

    1. As duas STEREO já tinham procurado sem sucesso objectos nesta região quando por lá passaram em 2009 (http://imperiumsolis.blogspot.com/2009/04/sondas-gemeas-stereo-em-busca-das.html). Provavelmente só uma missão dedicada a esta tarefa poderá localizar novos objectos.

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