Mais duas imagens do encontro da Cassini com Hiperião

O Carlos Oliveira já vos tinha mostrado algumas das imagens obtidas anteontem pela sonda Cassini durante a sua visita a Hiperião. Deixo-vos agora um retrato a cores e um mosaico construídos por mim. Espero que gostem.

Pormenor de uma grande bacia na superfície de Hiperião em cores aproximadamente naturais. Composição obtida pela combinação de imagens captadas a 25 de Agosto de 2011 pela sonda Cassini, através de filtros para as cores ultravioleta (338 nm), verde (568 nm) e infravermelho próximo (752 nm).
A semelhança desta lua de Saturno a uma esponja não se limita à sua aparência. Hiperião tem uma densidade correspondente a metade da densidade da água, o que evidencia uma estrutura interna extremamente porosa.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ composição a cores de Sérgio Paulino.

O crescente de Hiperião. Mosaico construído com três imagens obtidas pela sonda Cassini durante a aproximação à pequena lua.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ Sérgio Paulino.

3 comentários

    • Dinis Ribeiro on 28/08/2011 at 18:46
    • Responder

    Esta parte chamou-me a atenção: “A semelhança desta lua de Saturno a uma esponja não se limita à sua aparência. Hiperião tem uma densidade correspondente a metade da densidade da água, o que evidencia uma estrutura interna extremamente porosa.”

    A expressão “esponja voadora” anteriormente usada neste artigo http://www.astropt.org/2011/08/27/cassini-fotografa-esponja-voadora/ lembrou-me como as esponjas são estruturas curiosas…

    Ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Sponge / http://pt.wikipedia.org/wiki/Porifera

    Um conhecimento profundo de biologia é vial para se poder pensar um pouco mais profundamente sobre a noção de “Bio-naves” ou “Bio-Ships”.

    Bio-ship
    http://en.wikipedia.org/wiki/Bioship

    A bioship is a type of spacecraft or starship described in science fiction.

    Bioships differ from other types of spacecraft in that they are composed, either predominantly or totally, of biological components, rather than being constructed from manufactured materials.

    Because of this, they nearly always have a distinctively organic look.
    Bioships are usually quite powerful, and can often regenerate or heal damaged parts.

    Some bioships are intelligent or sentient, and some are considered to be lifeforms.

    Like most organic beings, many bioships contain large amounts of “scaffolding” materials to keep their shape, such as the xylem in trees or bone and chitin in animals.

    Só mais alguns comentários:

    1) Nunca gostei da expressão “astrochiken” por ser demasiado “engraçadinha” e uma concessão (exagerada?) para acalmar os sectores mais “conservadores” da engenharia aeroespacial, que nunca gostaram lá muito das coisas “biológicas”…

    Astrochiken (http://en.wikipedia.org/wiki/Astrochicken) “In recent years, Dyson has referred to Astrochicken as a “joke”, though it is not quite certain what he means by this. He went on to say “I think it’s a sensible idea, but one shouldn’t take it literally. We don’t have the science yet; we don’t have the technology. It would be a disaster if NASA tried to do this in the bureaucratic NASA style.”

    Penso que a ultima frase sobre o “estilo burocrático” é (de longe) o principal problema…
    E quanto a não termos nem a ciência, nem a tecnologia necessária, isso é (evidente?), mas não será inteiramente verdade, pois já há alguns pequenos grupos (conheço um na Europa) que estão (justamente) a trabalhar nesse sentido.

    2) Também existe a ideia duma “árvore”, e isso lembra-me do filme “metafísico” em que há uma árvore dentro duma nave espacial esférica, e também duma fotografia de Jupiter entre os ramos de árvores, que foi colocada há pouco tempo no AstroPT: Ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Dyson_tree

    3) Para “escavar” Hyperion, isso poderia ser feito por “Máquinas autorreplicadoras” http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina_autorreplicadora

    Do link acima, saliento esta parte: … “O desenvolvimento futuro desta tecnologia foi traçada como uma parte fundamental de planos envolvendo desde a mineração de luas e cinturões de asteroides de minério e outros materiais até a criação de fábricas lunares e satélites de energia solar no espaço.” …

    O link em Inglês tem mais informação: http://en.wikipedia.org/wiki/Self-replicating_machine

    Eu li (pela primeira vez) este documento “Advanced Automation for Space Missions” http://en.wikisource.org/wiki/Advanced_Automation_for_Space_Missions há já bastante tempo atrás, em 1986, e desde então, tenho seguido o gradual desenvolvimento das tecnologias que poderão acabar por viabilizar esta ideia.

    Na minha opinião, ao tentar avançar neste sentido, têm havido alguns avanços e muitos retrocessos, e também se chegou a vários “becos sem saída”. Em 2003 apresentei no ESTEC da ESA um resumo de algumas pequenas contribuições originais minhas que poderão talvez ajudar o desenvolvimento deste tipo de tecnologias.

    4) Para se desenvolver mais estas “bio” tecnologias, é necessário ajudar a “mudar as mentalidades”, e para isso há quem se esforçe dentro da ESA em promover certas ideias.
    Por exemplo, leiam esta história que ganhou um prémio em 2003. Trata-se do “Clarke-Bradbury Science Fiction Competition” e chama-se “Temporal Spiders, Spatial Webs”
    Link http://itsf.org/index.php?PAGE=contest%2Findex.html

    Ainda houve um concurso em 2005 sobre o tema dos elevadores espaciais, e depois não sei o que aconteceu ao concurso… Ainda há um link no site da ESA http://www.esa.int/esaCP/SEMFN1808BE_index_0.html

    5) O “crescimento” destas possíveis futuras estruturas irá ocorrer em microgravidade. Por isso tenho tido grande interesse em estudar alguns fenómenos nesses ambientes de “gravidade reduzida”.

    Há uma ideia (generalizada?) de que os estudos em microgravidade são apenas “coisas teóricas” e que não servem para gerar nenhum “retorno económico” significativo.

    Muita gente (por exemplo) ainda critica ferozmente toda a investigação de microgravidade na ISS. Muita gente ataca e desvaloriza sistemáticamente também todos os “dispendiosos” estudos sobre fisiologia humana em gravidade reduzida, talvez por “serem contra” a existência de missões tripuladas, porque gastar fortunas a mandar astronautas, no fundo, “é só propaganda”, e os enormes custos são “obscenos” porque “roubam” financiamento vital á ciência espacial, e além disso, as sondas não tripuladas podem fazer “muito mais” do que os humanos no espaço.

    Enfim… A curto termo, de facto, é difícil defender a importância e avaliar positivamente a probabilidade de lucro imediato desses investimentos. Mas a médio-longo termo, todas as lacunas e atrasos nessa área, poderão vir a “custar caro” a quem não se deu ao “luxo” de investir a sério nessa área do conhecimento.

    As experiências que em 2011 a empresa “Made in Space” http://madeinspace.us/ já está a realizar, são “relativamente” parecidas (em alguns aspectos) com algumas possíveis experiências que tenho estado a tentar lançar desde 2004. Em 2009 encontrei (finalmente) alguns parceiros dentro da Europa com interesses idênticos.

  1. Olá Shirley

    As imagens que chegam da Cassini têm todas esse aspecto antes de serem processadas. Para entender porquê, é necessário perceber um pouco o funcionamento do sistema de imagem da sonda.
    Cada uma das duas câmaras do sistema de imagem da Cassini tem dois carrosséis de filtros que podem ser conjungados. Geralmente a Cassini utiliza um filtro clear (que deixa passar a luz em todos os comprimentos de onda) com um filtro de cor (que apenas deixa passar radiação com determinado comprimento de onda). Estão incluídos nos carrosséis de cada câmara filtros para comprimentos de onda que vão desde o ultravioleta ao infravermelho próximo (a sua selecção teve claro critérios científicos). Pode encontrar mais sobre o sistema de imagem da Cassini e os seus filtros aqui: http://planetary.org/explore/topics/cassini_huygens/instrument_iss.html.
    Ora, independentemente dos filtros utilizados, as imagens da Cassini são enviadas para a Terra como pacotes de informação, onde estão incluídos valores de brilho para cada pixel, pelo que cada imagem surge com um aspecto monocromático. Nas imagens não processadas disponibilizadas no site da missão Cassini, esses valores oscilam entre 0 e 255 (0=preto e 255=branco).
    Para construir imagens a cores, têm de ser combinadas imagens obtidas em diferentes comprimentos de onda. Para reproduzir as cores naturais de um objecto (as cores detectadas pelo olho humano) são geralmente utilizadas imagens obtidas através de filtros para as cores vermelho, verde e azul (red, green, blue=RGB). No caso da primeira imagem, como não tinha disponíveis as imagens em vermelho e azul, tive de utilizar imagens obtidas através de filtros em comprimentos de onda próximos (no ultravioleta e no infravermelho próximo).

    Espero ter sido claro. 😀

  2. Por que está em preto e branco e não colorida?

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