Kepler-19b e mais alguma coisa …

Uma equipa de astrónomos liderada por Sarah Ballard do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) anunciou a descoberta de um novo planeta com base em dados obtidos pelo telescópio Kepler. A estrela hospedeira, de magnitude 12, é semelhante ao Sol, apenas ligeiramente menos maciça, mais fria e mais pequena, e situa-se a 650 anos-luz na direcção da constelação Lira. O planeta, o Kepler-19b, orbita esta estrela com um período de 9 dias e 7 horas, a uma distância média de 13.4 milhões de quilómetros. A temperatura de equilíbrio do planeta está estimada em 750 Kelvin. Os eclipses observados pelo telescópio Kepler, e também no infravermelho pelo telescópio Spitzer, indicam que se trata de um planeta com apenas 2.2 vezes o raio da Terra. Observações subsequentes da velocidade radial da estrela permitiram determinar uma massa preliminar para o planeta de cerca de 20.4 vezes a da Terra (Neptuno por comparação tem 17 vezes a massa terrestre), sendo que neste caso a sua densidade média seria de 10.4 g/cm3 (Neptuno tem uma densidade de 1.6 g/cm3) ! Não se sabe ao certo qual a estrutura interna e composição deste planeta exótico.


(O trânsito do Kepler-19b. Crédito: Ballard et al.)

Uma característica peculiar do Kepler-19b consiste no facto dos seus trânsitos sofrerem atrasos ou adiantamentos de até 5 minutos relativamente ao seu período orbital. Estes desvios na periodicidade dos trânsitos (Transit Timing Variations ou TTVs) são reveladores da presença de um outro planeta no sistema que perturba gravitacionalmente o Kepler-19b, acelerando-o e retardando-o alternadamente. Uma vez que não foram detectados eclipses deste suposto Kepler-19c e o dito também não foi detectado na análise da velocidade radial da estrela, as observações actuais não permitem fixar as suas propriedades físicas com exactidão. Na realidade, há vários cenários possíveis para o Kepler-19c. Por exemplo, pode tratar-se de um planeta rochoso, do tipo terrestre, numa órbita circular de apenas 5 dias em torno da estrela ou poderá ser um planeta gigante de gás, muito mais maciço, numa órbita oblonga com um período de 100 dias. Ambas as configurações permitem explicar os desvios observados.


(Os desvios na periodicidade dos trânsitos do Kepler-19b. Se não houvesse desvios, os pontos deveriam formar uma linha aproximadamente horizontal correspondente ao valor 0 no eixo das ordenadas. Em vez disso observa-se um padrão sinusoidal, periódico, com uma amplitude de aproximadamente 5 minutos. Crédito: Ballard et al.)

Os cientistas esperam que a entrada em funcionamento do HARPS-North, uma réplica mais sofisticada do famoso espectrógrafo da equipa do Observatório de Genebra que será instalada no Telescopio Nazionale Galileo, nas ilhas Canárias, permita determinar a massa do Kepler-19c. O início das observações do HARPS-North está prevista para Abril de 2012.

Podem ver a notícia aqui e o artigo aqui.

2 comentários

  1. Será que esses desvios nao poderiam ser causados opr uma lua ao redor do planeta? que em um sistema de bamboleio atrasa ou adianta a passagem do planeta?

  2. Tava a ler agora sobre esse “planeta invisível” Kepler-19c:
    http://www.universetoday.com/88762/invisible-world-discovered-around-a-distant-star/

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