Hubble ou Lemaitre?

Hubble é creditado pela expansão do Universo.
No entanto, ele era contra a ideia de expansão.

Edwin Hubble foi importantíssimo porque provou sem sombra de dúvidas, com observações, que haviam outras galáxias para lá da Via Láctea (há 100 anos atrás ainda se pensava que todo o Universo era só a nossa Galáxia. Como o conhecimento aumentou em somente 100 anos!).
Edwin Hubble também foi importantíssimo porque demonstrou, com observações, que quanto mais longe estão as galáxias mais se afastam de nós (actualmente sabemos que isto acontece para outros grupos de galáxias, e não galáxias do mesmo grupo que nós). Ou seja, ele provou que há galáxias a afastarem-se de nós. E calculou quanto é esse afastamento (Lei de Hubble).
Mas ele não fez o “salto” para o Universo no seu todo estar a expandir-se… pelo contrário! Ele até foi contra essa ideia inicialmente… só passados vários anos, depois de ser convencido por outros, é que aceitou essa implicação dos seus dados para o Universo como um todo.

No entanto, normalmente é creditado como tendo demonstrado a expansão do Universo, como sendo o seu descobridor devido a todos os dados e observações que conseguiu.

Mas um artigo recente de Mario Livio no “journal” científico Nature, diz-nos que o crédito sobre a descoberta da expansão do Universo (e dos valores envolvidos – Lei de Hubble) deverá ser dado ao Padre Georges Lemaitre, e não a Edwin Hubble, como podem ler aqui e aqui.

Note-se que esta ideia de expansão do Universo levou à ideia que no passado, tudo estaria concentrado num minúsculo ponto… tudo se teria expandido a partir daí… e isto também foi pensado pelo Padre Belga Lemaitre. Segundo ele, essa tinha sido a altura onde Deus teria criado o Universo.
Essa ideia foi ganhando adeptos a partir de algumas previsões que se foram concretizando (como a descoberta da Radiação Cósmica de Fundo e à temperatura que era prevista, e a observação da abundância de elementos leves) e é actualmente conhecida como Teoria do Big Bang 😛

9 comentários

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  1. Caro Cavalcanti:
    Tem toda a razão; os conflitos entre a fé e a ciência são bem reais, e julgo que procedem do facto de alguns religiosos não respeitarem a autonomia da ciência e de alguns cientistas não respeitarem a autonomia da religião (digo “autonomia” e não “total independência”); o caso Galileu é um desses conflitos.

    1. De fato 😉

      Acresentando um pouco mais do seu comentário: hoje, graças a Deus, a Igreja Católica, em particular, já está se pondo em mais contato com a ciência – particularmente no que se refere à Astronomia 😉

      É aprendendo com os erros do passado que se pode ajudar a construir um futuro melhor para seus fiéis, ajudando-os não somente no caminho para se chegar a Deus, como também auxiliando-os no caminho da razão 😉

      Abraço 🙂

  2. Julgo que o caso de Georges Lemaitre é um caso paradigmático, que nos permite superar o estafado preconceito de um hipotético conflito entre a fé/religião e a ciência/razão: são “apenas” os dois modos complementares de se chegar à Verdade…

    1. Sim. Mas os conflitos entre fé e religião não são hipotéticos 😉 e, em muitas das vezes, “desnecessários”. Desnecessários porque a oração subordinada do seu comentário já diz tudo: “são “apenas” os dois modos complementares de se chegar à Verdade…” Concordo plenamente 😉

      Abraço 🙂

  3. Olha, se existem duas áreas que sempre estiveram de lados totalmente opostos, estas são a ciência e a religião – principalmente na Idade das “Trevas”.

    Entretanto, sou um grande entusiasta da ideia de algum dia, estas “andarem de mãos dadas”, produzindo resultados positivos. E, como o ROCA apontou excelentemente em seu artigo lá no seu sítio, “os jesuítas são notáveis educadores, matemáticos, físicos, cientistas, etc…”

    De modo particular, sou um grande admirador do trabalho do padre e cientista Lemaitre. Uma pessoa brilhante 😀

  4. “Edwin Hubble foi importantíssimo porque provou sem sombra de dúvidas, com observações, que haviam outras galáxias para lá da Via Láctea (há 100 anos atrás ainda se pensava que todo o Universo era só a nossa Galáxia. Como o conhecimento aumentou em somente 100 anos!).”

    Esta minha frase pode ser mal-interpretada pelos pseudos… como sendo uma “prova” do argumento que o que sabemos hoje amanhã vemos que não é verdade.

    Para todos esses pseudos :P, atentem nesta explicação:

    Notem que a frase não diz nada disso. A frase só evidencia o que tenho dito sempre: ciência é conhecimento acumulado gradualmente.
    O conhecimento anterior não é negado, não é errado, mas simplesmente passa-se a saber mais.

    Hubble não provou que a galáxia afinal não existe, ou que a galáxia é um unicórnio voador invisível… nada disso.
    O facto de haver pessoas a dizerem um disparate numa altura X, ele não passa a ser verdadeiro em X + 10 anos. As mentiras e os disparates vão continuar a ser mentiras e disparates no futuro.

    O que se sabia antes (Via Láctea) passou-se a saber também depois (Via Láctea) com mais algum conhecimento que se foi acumulando entretanto (mais algumas Galáxias).

    Adicionalmente, note-se que se está a falar de especialistas nos assuntos (Lemaitre e Hubble eram ambos cosmólogos)… e não de qualquer miúdo que vive na cave da casa dos pais, com um megafone ao lado (internet), e se lembra de acordar um dia e dizer que o Sol é verde.

    Espero que isto clarifique a mente dos pseudos que nos vierem ler 😛

    1. “(…) Espero que isto clarifique a mente dos pseudos que nos vierem ler”

      Palavras proféticas 😉 E gostaria de lembrá-lo que, caso faça alguma aposta na Mega Millions, não esqueça de me ligar pra fazermos um “bolão” para dividirmos o prêmio 😉 LOL

      Abraço 😀

    2. Quando li (mais atentamente) esse trecho do comentário…

      “Notem que a frase não diz nada disso. A frase só evidencia o que tenho dito sempre: ciência é conhecimento acumulado gradualmente.

      O conhecimento anterior não é negado, não é errado, mas simplesmente passa-se a saber mais.O que se sabia antes (Via Láctea) passou-se a saber também depois (Via Láctea) com mais algum conhecimento que se foi acumulando entretanto (mais algumas Galáxias).

      Adicionalmente, note-se que se está a falar de especialistas nos assuntos (Lemaitre e Hubble eram ambos cosmólogos)… e não de qualquer miúdo que vive na cave da casa dos pais, com um megafone ao lado (internet), e se lembra de acordar um dia e dizer que o Sol é verde.”

      … estiver a me lembrar de uma frase atribuída à Sir Isaac Newton que sintetiza exatamente isso: o “apoio” que a maioria dos Grandes Cientistas têm uns nos outros:

      “Se eu vi mais longe, foi por estar apoiado sobre os Ombros de Gigantes.” (Isaac Newton)

      Frase “mais-que-perfeita”: belíssima e nobre! (cá minha preferida 😀 )

      (caiu uma lágrima agora…)

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