Agência para a Protecção da Saúde adverte: os vigaristas matam!

Por vezes perguntam-me porque ando a perder o meu tempo com pessoas como a “Ravena” (aqui e aqui) ou a Laura Botelho (aqui), que destilam ignorância sobre os temas. À luz do conhecimento, a grande maioria das afirmações que elas fazem são mentira. Então porque raio ando a perder tempo com elas? Nitidamente, elas não merecem nem 1 minuto do meu tempo.

Deixem-me explicar de uma vez por todas: eu não quer saber delas para nada!
O meu problema não são elas, mas sim todas as pessoas que são enganadas pelas afirmações anti-conhecimento que elas divulgam.

Deixem-me dar-vos um exemplo: há 2 meses atrás, um professor em França, após ler tantas mentiras na internet sobre as tretas que supostamente vão acontecer em 2012, ficou de tal forma afectado que matou um polícia e feriu 2 outras pessoas.
Será ele o único responsável? Ou poderá se argumentar que os websites que ele leu contribuíram para a sua atitude?

Agora temos a Organização Mundial de Saúde a alertar para esse tipo de desinformação na internet.

Antes de haver vacina, as epidemias eram frequentes, e regiões inteiras eram devastadas por esta doença.
Entretanto, desenvolveu-se uma vacina, e uma das grandes conquistas da ciência moderna foi a quase total erradicação do sarampo. Há 78% menos mortos actualmente do que antigamente, devido precisamente à prevenção/vacinação.
O mesmo se passa para a tuberculose, tosse convulsa, poliomielite, meningite, e muitas outras, que até ao século passado eram autênticos flagelos e agora são mais facilmente controladas.

Agora, o sarampo está a voltar. Porquê? Devido a haver pessoas (leiam aqui) que andam a divulgar anti-conhecimento, o que neste caso é afirmações contra a vacinação (lembremo-nos que o movimento anti-vacinação nasceu de uma fraude).
E qual foi o resultado? Existe neste momento uma epidemia de sarampo, com mais de 26.000 casos só na Europa (14.000 só na França), causando já 9 mortos.
A grande maioria dos doentes (e mortos) são crianças e adolescentes que não foram vacinados.

A Agência para a Protecção da Saúde atribui o aumento de casos de sarampo (e posteriores mortes) “à popularização, via internet, de comentários de falsos médicos sobre supostos malefícios das vacinas na infância, alguns deles fazendo falsas relações entre vacinas e casos de autismo”. As autoridades sanitárias europeias estão a pedir ajuda para que se esclareçam as populações sobre a necessidade de vacinar as crianças e para se “denunciar os que espalham pela internet rumores alarmistas inteiramente infundados“.

Leram bem? Não sou eu que digo!
São agências internacionais que o dizem, após verem casos de mortes de crianças em pleno século XXI por razões totalmente estúpidas (como não serem vacinadas!).
Sim, isto irrita-me profundamente! Irrita-me em pleno século XXI haver pessoas a usufruir de tudo de bom que a ciência lhes dá, mas terem uma mentalidade da Idade das Trevas! Irrita-me profundamente que hajam mortes totalmente desnecessárias fruto da desinformação!
E espero que vocês se irritem também! É para mim inconcebível alguém ficar indiferente à morte de crianças só porque os seus pais decidiram acreditar (friso a palavra “acreditar”, que é contrária à palavra “conhecimento”) cegamente em textos de alguém ignorante sobre vacinas.

Será que os responsáveis pelas páginas de desinformação poderão ser condenados por crime público? Quiçá por crimes contra a humanidade?
Ou quiçá até se poderá punir por crimes de dolo educacional, crimes contra a literacia?

Criemos uma Campanha pela Humanidade !

Tal como elas requisitaram, contactem as organizações (aqui e aqui) e denunciem as páginas de todos aqueles que espalham pela internet informações contrárias ao conhecimento!

23 comentários

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  1. Concordo plenamente com o seu texto, exceto no tocante a você dizer que acreditar não é igual a conhecer. (…) Ora, é verdade que a ciência se baseia em fatos e resultados concretos obtidos por meio da experimentação, mas o que leva um indivíduo a se dedicar a pesquisa e análise das coisas é a curiosidade oriunda de suas crenças. Logo, não é errado dizer que acreditar e conhecer caminham de mãos dadas. Todo conhecimento é fruto de pesquisas baseadas em crenças, que podem ser desmentidas ou confirmadas, e mesmo as que são desmentidas acabam por levar a novas formas de pensar, a novos conhecimentos.

    (…)

    “A imaginação é mais poderosa que o conhecimento.” Albert Einstein

    1. O comentário acima foi editado, porque eu não estou para responder a insultos de trolls.

      De resto, como é próprio de quem não tem noções de natureza da ciência, mas tem a arrogância de insultar quem tem conhecimento, o troll confunde crenças com curiosidade, e subverte as palavras de Einstein imaginando-o como alguém que dava menos valor ao conhecimento (conhecimento esse que Einstein sempre defendeu e procurou na vida).

      Realmente, como o próprio comentador afirmou numa das partes censuradas: é preciso ser mesmo imbecil… e um imbecil repetitivo:
      http://www.astropt.org/2008/08/22/2012/comment-page-4/#comment-47448

      P.S.: está perfeitamente percebido que este é um dos seguidores fanáticos, hipócritas, e cegos da seita religiosa da Ravena, Laura Botelho, Rodrigo Morais, e companhia…

    • Ana Guerreiro Pereira on 05/12/2011 at 16:07
    • Responder

    informo publicamente que remeti os dados da personagem para avaliação pela autoridade sanitária competente HPA, incluindo lista de websites e um post anti-vacinação.

  2. Esta é a notícia do dia em destaque na TSF, como podem ler e ouvir aqui:
    http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=2166951&fb_source=message

  3. Vou expor um pensamento que está na minha cabeça a dias. Devo esclarecer que não sou perito no assunto, mas apenas um observador.

    O que eu quero dizer é que infelizmente me parece que jamais haverá somente um lado da moeda. Digo, sempre haverá os fatos e as imaginações. Fatos quando se diz que a vacina é um bem à saúde da humanidade e imaginação quando se diz que ela é algo “fatal”.

    Eu cheguei a essa conclusão pela seguinte idéia. Se eu somente inspirar chega uma hora que sou obrigado a expirar, bem como depois de somente expirar sou obrigado a inspirar. De vez em quando sinto frio, mas também calor e já notei que se estou com calor logo virá o frio e vice-versa. Seria isso um ciclo eterno da natureza? Se for assim estou convicto de que os vigaristas jamais deixaram de existir ou existem justamente porque existe um oposto. Seria então a ciência o oposto? E se deixasse de existir esses vigaristas? O que existiria para preencher a lacuna destes se ao que parece não se pode existir somente um lado da moeda? Enfim…

    Se houver alguém que estude isso e souber responder eu seria grato por isso.

    1. Notei uns erros de gramática. Que vergonha… UAShaushuahs Mas espero que isso não interfira na questão :B

  4. O Sarampo é altamente contagioso e transmite-se de pessoa a pessoa por gotículas respiratórias. O período entre a exposição e o início dos sintomas é de 8-12 dias. As manifestações iniciais são febre alta, tosse rouca e persistente, nariz congestionado, conjuntivite e fotofobia (dificuldade em olhar a luz). Após dois dias surge, habitualmente na mucosa da boca, um sinal que é patognomónico do Sarampo, o sinal de Koplik. Estas lesões habitualmente pequenas (1-2mm) são manchas brancas, comparáveis a grãos de sal circundados por halo avermelhado e desaparecem em 24 – 48h. Se se visualizam pode fazer-se o diagnóstico de Sarampo. O exantema (manchas na pele) surge 12 a 24h após o sinal de Koplik, e inicia-se na face. O exantema é maculopapular, geralmente extenso, leva 1 a 2 dias a cobrir todo o corpo. Depois de 4-5 dias o exantema desaparece.

    O sarampo pode ter várias complicações :
    Otite média aguda – É uma complicação frequente. Aparece habitualmente na segunda semana de doença, mas pode coincidir com o exantema. Pode levar á surdez.
    Pneumonia – A pneumonia pode ser uma complicação grave e até mortal.
    Encefalite – A encefalite é uma complicação rara (1 caso por 1000), mas associada a elevada morbilidade e mortalidade.
    Panencefalite esclerosante subaguda – É uma encefalite lenta que surge 1 caso em 1 milhão de casos de Sarampo, meses ou anos após a fase aguda do sarampo. Numa primeira fase surgem alterações do comportamento e intelectuais e após surgem alterações motoras, convulsões, coma e morte.
    Cegueira devido a conjuntivite com laceração grave da córnea.

    Vacinação – A vacina contra o Sarampo é de vírus vivo atenuado. É administrada no Programa Nacional de Vacinação (PNV) numa vacina trivalente VASPR em combinação com a vacina da Parotidite (papeira) e da Rubéola. Presentemente, recomenda-se a 1ª dose da VASPR aos 15 meses e, a 2ª dose aos 5-6 anos, antes da escolaridade obrigatória.

    1. Esqueci-me do link da DGS, com novas normas de vacinação devido ao aumento de casos de sarampo na europa.
      http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/noticias/arquivo/2011/6/norma+dgs.htm

      • Ana Guerreiro Pereira on 05/12/2011 at 15:00
      • Responder

      Poderá uma encefalite dessas conduzir a uma surdez neurossensorial provocada por danos irerreversiveis nos nervos auditivos?

        • Maria João Rosa Martins on 05/12/2011 at 22:42

        Relativamente à surdez, o vírus do sarampo pode afectar directamente o ouvido interno, causando perdas auditivas bilaterais moderadas a graves.

        Quanto à encefalite relacionada com o sarampo, pode ser de três tipos diferentes: a encefalite do sarampo, a pan-encefalite esclerosante subaguda, e a encefalite aguda tipo retardado

        A encefalite do sarampo (intra-sarampo) surge entre o segundo e o sexto dia após o aparecimento do exantema (exantema = manchas)
        A incidência é de 1/1000. Pode deixar sequelas neurológicas de vários tipos.
        A taxa de mortalidade dos casos com esta complicação, situa-se entre 10 e 20%.

        A pan-encefalite esclerosante subaguda (encefalite pos-sarampo) afecta crianças e adultos jovens, ocorrendo vários anos após o aparecimento do quadro clínico do sarampo.
        É uma doença mais rara e fatal, evolui para a morte no prazo de seis meses a dois anos.

        A encefalite aguda tipo retardado, ocorre em crianças imunodeprimidas, em geral a partir de três meses após o surgimento do sarampo. Evolui até à morte em poucas semanas.

        • Ana GP on 06/12/2011 at 11:35

        Obrigada Maria João Rosa Martins 😉

        Penso que assim os eventuais leitores ficarão esclarecidos quanto às sequelas que esta enfermidade pode trazer.

    • Ana Guerreiro Pereira on 04/12/2011 at 22:39
    • Responder

    Para quem não saiba, os efeitos secundários do Sarampo, quando existem e quando o individuo não morre (sim, morre-se com sarampo…) são, entre outros, cegueira e surdez…

    O pessoal que faz “festas de sarampo” está, na realidade, a expor os filhos:

    a) à morte.
    b) à cegueira
    c) à surdez
    d) à cegueira E surdez.

    Assim sendo, trata-se de homicidio involuntário premeditado ou de agressão involuntária premeditada. Essas pessoas deviam ser presas e essas festas de sarampo deviam ser denunciadas às autoridades competentes. Vender droga é crime. Envenenar é crime. Contaminar pessoas com um vírus potencialmente mortal é CRIME.

    Não passam de ASSASSINOS.

  5. Mais esclarecedor impossível: basta o bom senso para perceber que alguns sites, blogs, etc… insultam a inteligência de quem tem dois dedos de testa. Suponho que devem, sem dúvida, insultar ainda mais o teu conhecimento e o teu pensamento crítico – baseados em anos de estudo, experiência e sabedoria fundamentada. Quem, ao contrário e sem conhecimentos científicos, contribui para a disseminação de uma má literacia seja em saúde, seja em temas científicos deveria ser proíbido de o fazer, pelo menos publicamente. A fé a crença são livres e são um direito. Desmacarar e avisar – com base em conhecimentos e ciência – para os perigos de algumas dessa fés e crenças também é livre, sobretudo é um dever: dever cumprido. Parabéns.

  6. Eu já fiz a minha parte.

    Eu contactei as entidades respectivas com este e-mail:

    Hi,

    I read in the Portuguese and Brazilian Media that you are asking for people to denounce websites that are promoting the idea that people shouldn’t be vaccinated (those websites are misleading people into risking their own life).

    Is that so? Where to should I send my complaints about those terrible websites? To your organization?

    Additionally, are there governmental entities, by country, to where we should send our complaints?
    I ask you this, because there are several Brazilian websites with these campaigns against the health of Humanity, and perhaps Brazilian entities should take a look at them before, for instance, the smallpox outbreak reaches them (like it already reached Europe).

    Furthermore, is it possible to flag them and put them out-of-business? (several of them make a business out of misinforming people, with ads, talks, blogs, books, and so on)

    From a concerned citizen and a science educator,

    Carlos Oliveira

    1. 40% do texto tiver que recorrer ao Google Tradutor

      🙁

      1. Sim, enviei o e-mail em inglês para as autoridades 😉

        • Cavalcanti on 05/12/2011 at 01:40

        A bem da verdade, Carlos, a situação chegar até esse ponto que chegou, não haveria necessidade de ambas as partes – como eu tinha mencionado em um comentário anterior, que essa divergência só ficasse no campo científico para fins de argumento e contra-argumento e não convergisse para o campo pessoal 🙁

        Enfim…

        Contudo, tenho certeza que tens o apoio e a colaboração de nós, leitores do Astropt…

      2. Mas qual ponto? 😛

        Estas advertências são da OMS… e não têm a ver comigo 😉

        • Cavalcanti on 05/12/2011 at 01:55

        “Mas qual ponto? ”

        De uma pessoa que, ao invés de contra argumentar à luz da ciência, prefere recorrer aos tribunais com ajuda de terceiros.

        Lamentável.

      3. ahhh sim 🙂

        Mas isso eu não me importo 😉

        Percebe-se que a pessoa em causa não tem a verdade do lado dela, por isso os tribunais encarregam-se de a pôr na ordem 😉

        http://www.astropt.org/2011/12/05/vemo-nos-em-tribunal-a-nova-censura/

        http://www.astropt.org/2011/12/02/vemo-nos-em-tribunal/#comment-49574

        http://www.astropt.org/2011/12/02/vemo-nos-em-tribunal/#comment-49587

        http://www.astropt.org/2011/12/02/vemo-nos-em-tribunal/#comment-49620

        http://www.astropt.org/2011/12/02/vemo-nos-em-tribunal/#comment-49493

        😉

        Mas nada disto tem a ver com as vacinas. As vacinas é dito pelas organizações de saúde: deve-se denunciar esses sítios que espalham a ignorância. 😉

        • Cavalcanti on 05/12/2011 at 02:28

        A “profecia” maia, tão difundida por milhões de sítios eletrônicos, cá agora é a mais esperada (senão a maior) por milhões de pessoas em todo o globo terrestre – talvez como nunca se viu na História Contemporânea.

        Todavia, pensando melhor, talvez em 2012 tenhamos de fato a tão popularizada “consciência cósmica” – quando todas estas pessoas perceberão que nessa data não haverá nada do que está sendo divulgado no mundo inteiro.

        A questão é como estas pessoas reagirão (recorrerão também aos tribunais, tal como a Sra Botelho está a fazer?), quando suas esperanças (leia-se: “Nibiru” a passar pela Terra provocando toda espécia de catástrofes e, por consequencia, dando uma “freada” nessa humanidade tão cruel e violenta, que passaria a adotar um outro tipo de comportamento) forem frustadas…

        Não precisamos de fatores externos para que haja mudança, tampouco desejar que catástrofes levem nossa civilização a adotar um novo tipo de consciência – quando a verdadeira mudança está dentro de cada um de nós: bastasse cada um fazer sua parte 😉

      4. “Não precisamos de fatores externos para que haja mudança, tampouco desejar que catástrofes levem nossa civilização a adotar um novo tipo de consciência – quando a verdadeira mudança está dentro de cada um de nós: bastasse cada um fazer sua parte.”

        Fantástica frase 😉

        • Cavalcanti on 05/12/2011 at 02:58

        Menos, Carlos, menos…

        😉

        Abraço.

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