O que fazer para ser Astrónomo?


Devido a este post, pareceu-me apropriado escrever sobre o que deve fazer um estudante do ensino secundário, para se tornar astrónomo em Portugal.

Antes de mais, há que explicitar o que significa “astrónomo” neste contexto:

– Há aqueles que fazem da observação astronómica um hobbie, mais conhecidos como astrónomos amadores. O tema deste post não é sobre estes.

– Há aqueles que fazem da investigação em astronomia a sua profissão. É sobre estes, sobre os passos a seguir para se tornarem astrónomos profissionais que falarei neste post.

Deixem-me começar por desfazer algumas ilusões. Aqueles que julgam que o que um astrónomo faz é observar o céu, noite após noite, num grande observatório, desenganem-se. Se esta é a vossa ideia do que faz um astrónomo, então o caminho a seguir é o de astrónomo amador.

É verdade que alguns astrónomos podem passar algum do seu tempo em observatórios (como o VLT), mas sempre por períodos muito limitados. As observações que obtêm em alguns dias ou semanas podem levar depois meses, ou mesmo anos para analisar nos seus gabinetes, até que se convertam em trabalho científico.

Mas voltando à questão: “O que fazer para ser astrónomo?”

A primeira coisa a fazer é seguir a via científica, em particular na área da física (preferencialmente). A astrofísica moderna é física aplicada ao Universo por isso, boas bases em física e matemática são essenciais. Há ainda vertentes mais específicas que exigem também formação noutras áreas (como por exemplo a astrobiologia), mas sobre essas não falarei aqui.

Já no ensino superior, há vários caminhos para se tornarem astrónomos. Em Portugal há apenas uma Licenciatura em Astronomia, na Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP). Este será o curso mais indicado para quem quer realmente ser astrónomo.

Para quem está na dúvida, no entanto, há outras licenciaturas mais genéricas que oferecem cadeiras opcionais ou até “minors” em astronomia, como por exemplo as Licenciaturas em Física da FCUP ou da FCUL.

Concluído o primeiro cíclo há que fazer mestrado e doutoramento. A escolha de locais para fazer estes graus em Portugal é variada, mas dou como exemplo os mestrado e programa doutoral em Astronomia da U.Porto, ambos com o apoio do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP). É no CAUP que grande parte destes alunos desenvolve as suas teses.

Finalmente, depois do doutoramento, há que procurar um centro de investigação em astronomia para desenvolver a vossa investigação. Em Portugal não há muitos. O CAUP é o maior centro de investigação em Astronomia do país, seguido por dois grupos em Lisboa (CAAUL/FCUL e CENTRA/IST). Há ainda um pequeno grupo em Coimbra, e mais algumas pessoas espalhadas por outras instituições de ensino superior.

A oferta no estrangeiro é obviamente maior, mas com a oferta também aumenta a concorrência. Nada que desanime, pois há muitos astrónomos portugueses que trabalham ou já trabalharam em instituições de prestígio internacional, como o JPL (NASA), ESO, Observatório de Paris, ESTEC (ESA) entre outros.

A Universidade do Porto tem disponível a página Estudar Astronomia, com muita informação para os futuros astrónomos nacionais.

Ricardo Cardoso Reis
Núcleo de Divulgação
Centro de Astrofísica da Universidade do Porto

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