Cientistas replicam possíveis primeiros passos da transição de um organismo unicelular para multicelular

Cientistas replicaram em laboratório o que se pensa que podem ter sido os primeiros passos na transição de um organismo unicelular para multicelular.

Os cientistas realizaram as experiências usando a comum levedura de cerveja, um organismo unicelular.

Os resultados obtidos, que estão a entusiasmar os biólogos em todo o mundo, foram publicados esta semana na revista Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS).

O que está a espantar os cientistas foi a facilidade com que o processo se desencadeou. Aos biólogos bastou uma experiência realizada durante 60 dias utilizando células de levedura, meios de cultura e uma centrifugadora. Tudo indica portanto, que a conclusão a tirar das experiências é que a passagem de um ser unicelular para um ser multicelular pode ser muito menos complexa do que se julgava.

Para realizarem as experiências, os cientistas escolheram a comum levedura de cerveja (saccharomyces cerevisiae), que é um organismo eucariota unicelular e que é utilizada em diversas indústrias como a indústria de panificação ou a de produção de bebidas como a cerveja. As células foram inicialmente adicionadas a um meio de cultura rico em nutrientes para que pudessem crescer durante um dia em tubos de ensaio. Depois usando uma centrifugadora, fizeram a separação de aglomerados de células, que por serem mais pesados desceram mais rapidamente para o fundo do tubo de ensaio. Os cientistas removeram então estes aglomerados para um novo meio de nutrientes agitando-o e recomeçando novamente o ciclo. Sessenta ciclos depois, os aglomerados constituídos por centenas de células, apresentavam uma estrutura do tipo “floco de neve” com uma forma aproximadamente esférica.

A análise demonstrou que os aglomerados de células não eram apenas um conjunto de células que se tinham juntado aleatoriamente, mas sim que eram um grupo de células inter-relacionadas por divisão celular e que em conjunto cooperavam, reproduziam-se e adaptavam-se ao meio ambiente formando assim um “corpo” multicelular.

Os cientistas estimam que a multicelulariedade terá evoluído no passado de um modo independente em 25 grupos. Travisano e Ratcliff, dois dos cientistas autores deste estudo, interrogam-se sobre a razão de serem tão poucos uma vez que o processo parece ser relativamente simples e durante milhões de anos viveram na Terra biliões de organismos unicelulares.

Mais informação poderá ser obtida aqui.

5 comentários

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  1. Seria bom colocar o nome do estudo para que pudéssemos acessar a revista e baixa_lo!

    1. Mas Guilherme, pode ver no link dado pelo Pedro.
      Lá tem o link que o envia para aqui:
      http://www.pnas.org/content/early/2012/01/10/1115323109
      que é onde está o artigo científico.

  2. Isto não replica o processo evolutivo, mas simula uma possibilidade de ocorrência e, desde já, dá a entender que pode ser um processo muito mais simples e rápido do que se julgava. (O mesmo se aplica à experiência de Stanley Miller) É um belo ponto de partida!

    • Ricardo Andre on 17/01/2012 at 04:40
    • Responder

    Também não foi em 60 dias que os seres unicelulares evoluiram para pluricelulares.

  3. A “comidinha” era menos abundante e também não tinham centrifugadores para promover o relacionamento social.

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