Vega, a nova estrela da Arianespace

O novo foguetão europeu Vega teve hoje o seu voo inaugural sendo lançado desde o CSG Kourou, na Guiana Francesa. Com o Vega, a Arianespace preenche um nicho de mercado que não se encontrava coberto pelos lançadores Ariane-5ECA e 14A14 Soyuz-2.

O lançamento do Vega teve lugar às 1000UTC e foi levado a cabo desde a denominada ZLV (Zone de Lancement Vega), a antiga plataforma de lançamento ELA-1 utilizada pelo foguetão Ariane-1.

Este voo de qualificação foi dirigido pela ESA antes da passagem do lançador para a Arianespace.

O desenvolvimento do foguetão Vega (Vettore Europeo di Generazione Avanzata) teve as suas origens no princípio dos anos 90 do Século XX, quando foram levados a cabo estudos para investigar a possibilidade de complementar a família de lançadores Ariane com um veículo lançador de pequena carga utilizando a tecnologia de combustíveis sólidos do Ariane.

O lançador começou como um conceito nacional italiano. Em 1988 a empresa BPD Difesa y Spazio propôs um veículo à agência espacial italiana ASI para substituir o reformado foguetão Scout de fabrico norte-americano por um novo lançador tendo por base o motor Zéfiro desenvolvido pela empresa a partir dos conhecimentos ganhos no desenvolvimento do Ariane. Após cerca de dez anos de actividades de definição e de consolidação, a agência espacial italiana e a industria italiana propuseram o lançador Veja como um projecto europeu tendo por base no seu próprio know-how em propulsão sólida obtido a partir do desenvolvimento e produção dos propulsores laterais de combustível sólido (PAP) do foguetão Ariane-4 e dos componentes dos propulsores laterais (EAP) do foguetão Ariane-5.

Em Abril de 1998 o Conselho da ESA aprovou uma resolução que autorizava as actividades de pré-desenvolvimento. Como resultado foi escolhida a presente configuração com o primeiro estágio que também poderia servir como um propulsor lateral melhorado para o Ariane-5. O Programa Vega foi aprovado pela Comissão do Programa Ariane da ESA a 27 e 28 de Novembro de 2000, e o projecto oficialmente iniciado a 15 de Dezembro desse ano quando sete países subscreveram a declaração.

Inicialmente o foguetão Vega deveria estar operacional a partir de 2007 desde o Centro Espacial de Guiana, na Guiana Francesa, a partir do complexo de lançamento ELA-1 que foi utilizado pelo foguetão Ariane-1 e posteriormente reabilitado. A empresa ELV S.p.A. está encarregue do desenvolvimento e produção do novo foguetão. A produção do foguetão Vega e a sua capacidade de lançamento são adaptadas de tal forma a permitir pelo menos quatro lançamentos por ano.

A produção do foguetão Vega beneficia da reutilização de uma parte já desenvolvida no âmbito de outros programas bem como de novos e avançados subsistemas, componentes e materiais. Graças a esta lógica o alvo de fiabilidade do desenho do lançador foi estabelecido num nível superior de 98% com um nível de confiança de 60%. Tendo em conta os objectivos do desenho e o extensivo programa de qualificação, prevê-se que a fiabilidade de voo do novo lançador irá satisfazer o mercado comercial.

O Vega é um lançador a quatro estágios, sendo os três primeiros (P80FW, Zefiro-Z23 e Zefiro-Z9A) a combustível sólido e o quatro estágio (AVUM) a propolente hipergólico. O seu comprimento é de 30,1 metros, diâmetro de 3 metros e massa total no lançamento é de 136.700 kg. A sua carenagem de 2,6 metros de diâmetro pode acomodar uma única ou várias cargas.

Nesta missão foram colocados em órbita nove satélites: o LARES (Laser Relativity Satellite) é uma esfera de tungsténio com um diâmetro de 376 mm e uma massa de 400 kg. Construído pela Carlo Gavazzi Space, irá tentar explicar a precessão das órbitas dos corpos em torno de grande massas em rotação, tal como a Terra.

ALMASat-1 (Alma Mater Satellite) é um microssatélite de demonstração com uma massa de 12,5 kg que foi desenvolvido e construído pela Universidade de Bolonha. É um cubo de 30 cm de aresta com uma estrutura modular que pode ser utilizado para várias demonstrações tecnológicas ou para missões de observações da Terra. Nesta missão o principal objectivo é o de testar a sua performance.

A bordo do Vega seguiram sete picossatélites com uma massa de 1,0 kg. O picossatélite e-St@r foi desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Turin e irá testar a determinação activa e subsistema de controlo, bem como um conjunto de componentes comerciais e materiais.

O romeno Goliat foi desenvolvido pela Universidade de Bucareste e irá levar a cabo a obtenção de imagens utilizando uma câmara de 3 megapixel, além de realizar medições de radiação e de micrometeoritos na órbita terrestre baixa. Este é o primeiro satélite da Roménia.

O Magyar Satelite (MaSat-1) foi desenvolvido pela Universidade de Budapeste para Tecnologia e Economia. A sua missão é a de demonstrar um sistema de condicionamento de energia, um transreceptor e um sistema de tratamento de dados a bordo. É o primeiro satélite da Hungria.

O PW-Sat 1 foi desenvolvido pela Universidade de Varsóvia e irá abrir uma vela solar como um dispositivo para aumentar o atrito para acelerar a remoção de picossatélites da órbita terrestre no final das suas vidas úteis. É o primeiro satélite da Polónia.

O Robusta (Radiation On Bipolar for University Satellite Test Application) foi desenvolvido pela Universidade de Montpellier e irá estudar os efeitos da radiação nos componentes electrónicos baseados em componentes bipolares para comparação com os seus próprios modelos de degradação.

O UniCubeSat GG foi desenvolvido pelo grupo de astrodinâmica GAUSS da Universidade de Roma ‘La Sapienza’. Irá abrir dois mastros para demonstrar a estabilização por gradiente de gravidade num picossatélite. Cada mastro transporta um painel solar para geração de energia eléctrica.

Finalmente, o satélite Xatcobeo foi desenvolvido pela Universidade de Vigo e irá testar um sistema de rádio reconfigurável e um sistema de medição da ionização, testando também um sistema de abertura de painéis solares.

Imagens: ESA

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