Dia da poesia

No dia da poesia a astroPT deixa-vos aqui dois poemas um de António Gedeão (pseudónimo de  Rómulo de Carvalho, professor de Física e Química e investigador da História da Ciência em Portugal, que nos deixou em 1997) e outro de Olavo Bilac (Jornalista e poeta Brasileiro, que nos deixou em 1918):

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

António Gedão


Ora direis ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso”! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

Olavo Bilac

 

 

 

2 comentários

  1. Esses poemas são genialmente fantásticos, ressaltando sobre o líquido da vida e as estrelas da via láctea.

  2. E já agora, uma das Sinfonia da Ciência 😉
    http://www.astropt.org/2010/02/15/sinfonia-da-ciencia/

    Poesia da Realidade:
    http://www.youtube.com/watch?v=9Cd36WJ79z4

    😀

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