Divagação das Estações – um jogo para as salas de aulas

“Esta semana, o “Objecto da Semana” na Casa das Ciências julgo que será do agrado dos utilizadores desta “casa”. Chama-se “Efemérides e Estações do Ano“. Brinquem lá um bocadinho com ele e digam o que vos parece…” – Diana Barbosa, Bióloga e colaboradora do astroPT.

Respondi a este desafio de jogo, já que Leibniz aconselhava com vincada veemência que… façamos uso de todos os jogos, que brinquemos com os objectos, para compreendermos a Matemática.

Muita, e boa gente, reduz a Matemática à sua expressão algébrica, ou aritmética, ou geométrica. Será, a Matemática, antes, a zona de intersecção destas suas 3 facetas.
Mas, e será só?

Música é Matemática, prossegue Leibniz, imparável, a jogar os jogos dos objectos, dotando-a da sua genuína expressão Universal, como já Pitágoras o fizera.
E, quando vemos a Lua Cheia, ou o próximo QUARTO crescente, ou qualquer fase da Lua, estamos, de facto, a fazer uma observação Matemática.
Dizemos em que forma geométrica se constitui a quarta parte dum ciclo. Crescente ou minguante. Estamos até a ser sofisticados, apenas não o notamos porque o fazemos com toda a naturalidade. Mais complexos, mesmo extremamente complexos e sofisticados, só o estaremos a ser quando estivermos a… cantar.

Veio esta divagação a propósito deste jogo de Astronomia divulgado pela também imparável Casa das Ciências. Nele, o jogador tem a ganhar uma excelente noção das Estações do Ano e das Efemérides tais como os Equinócios, Solstícios, Eclipses do Sol e da Lua e as Fases da Lua.
Nas salas de aulas, este jogo tem inúmeras potencialidades, assim, alunos e Professores podem verificar de forma simples e graficamente conseguida, as causas dos ciclos lunares, a proporção dos movimentos relativos da Terra e da Lua; afinal darem-se conta, de forma também muito acertada, de fenómenos que verificamos quase todos os dias, e noites.

Esta ligação entre a experiência diária e a abstracção Matemática é sem sombra de dúvidas, fundamental.

Para além de se criar um ambiente apelativo e criativo nas aulas, convenhamos, por vezes um tanto enfadonhas, torna-se a Matemática o que ela é na sua verdade profunda: divertida e imaginativa.

De acordo com a melhor orientação dos Professores, este jogo pode despoletar toda uma série de exercícios divertidos e que os alunos encontram como fácil referência no seu mundo natural. Em que latitude estamos, por exemplo. Como influencia a nossa posição geográfica, as observações que fazemos. O que é, no fundo, o pôr-do-sol. Há algum ângulo recto observável na luz desta estrela, ou ainda, porque temos a sensação de 3 dimensões num gráfico de 2, ou, ainda, daqui partir para questões mais elaboradas mas igualmente apaixonantes.

Ou uma questão bem mais simples, há estrelas no céu durante o dia, a começar pelo Sol?
Porque é o pôr-do-sol amarelo ou encarniçado e não quase branco? Porque mudam o Sol e a Lua de cor consoante os factores que influenciam o observador?
E porque não convidar o Professor de História, o de Geografia, e o de Português para virem ajudar a Matemática?

Usando ferramentas como esta, inserindo a sua aplicabilidade na melhor ocasião de acordo e em complemento dos objectivos de aprendizagem, é possível tornar as aulas sempre divertidas e interessante tanto para alunos como Professores.
Eis algumas das potencialidades deste jogo.

Basta entrar nele e jogá-lo, que desde logo um Docente tem melhor capacidade de verificar qual o seu melhor uso nas salas de aula.

O jogo pode ser acedido “offline” nas salas de aula, através da Casa das Ciências e está suportado informaticamente pela conhecida aplicação de acesso livre Java.
Deverão, nessa ocasião como nesta, referir o nome do autor Gilbert Castebois, mostrar aos alunos que o seu nome também está referido no aplicativo divulgado pela Casa das Ciências.
É que, nesse caso, também estarão a dar uma excelente ilustração da Ética da referência dos autores.

Então podemos convidar mais um amigo da Matemática: o Professor de Filosofia.
E, todos juntos, podem verificar a questão das proporções. É que neste jogo tal como nos manuais escolares, por necessidades imperiosas do grafismo e das ilustrações, não é possível desenhar a Lua, o Sol e Terra nas proporções correctas das suas dimensões e distâncias.

Assim, socorri-me dum Palestra do conhecido Astrofísico Neil DeGrasse Tyson, que resumo desta forma simples.

Caso a Terra tenha um diâmetro de 5 centímetros, eis como deverão comparar o Sol, a Lua, e as respectivas distâncias. Para valores aproximados podem usar uma bola de pingue-pongue.

Tamanho da Lua: 1,3 centímetros, ou um berlinde pequeno.
Distância da Terra à Lua: 1,5 metros, segurem as 2 esferas uma em cada mão e afastem os braços até estarem totalmente esticados.
Tamanho do Sol: uma bola do tamanho duma “mini-van”, com 5 metros de comprimento.
Distância da Terra ao Sol, que será do comprimento de 6 campos de futebol, ou 550 metros.
Tempo que luz demora da Lua à Terra: ~1 segundo.
Tempo que luz demora do Sol à Terra: ~8 minutos.

E basta ir ao jogo, para ver logo imediatamente a nossa posição (da Terra) em relação à Lua e ao Sol na altura em que entrarmos (muda dependendo da altura que entramos e do sítio onde estivermos).

Espero que tenham gostado, e que sobretudo tenham aulas divertidas.
Para terminar, junto a hiperligação para o jogo (e o programa Java).

2 comentários

  1. Bonito, Manel! 😉
    Obrigada pela divulgação!

      • Manel Rosa Martins on 02/05/2012 at 09:00
      • Responder

      Olá Diana, desculpa ter demorado a responder, é que estava com os braços esticados e com um berlinde em cada mão. Conferia mais uma vez que dá metro e meio de mão a mão. :))

      A Divulgação da Ciência só se completa com a Educação, tanto no sentido formal como no sentido da literacia funcional.

      Vou-te contar um segredo, mas não digas em público, nem em comentários de agradecimento nos blogues :)))) : é que os Professores também merecem ter aulas divertidas.

      O Muito Obrigado será então em sua homenagem.

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