Deinococcus radiodurans

Leiam esta interessante entrevista feita a Cláudia Lage, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Organismos invisíveis a olho nu demonstram capacidade de resistir a viagens interplanetárias. (…)
Eles sobrevivem a condições impensáveis para qualquer outro terráqueo. Fazem seu lar em águas hipersalinas, desertos tórridos, crateras de vulcões e nas geleiras antárticas. São seres vivos que só se pode enxergar ao microscópio, mas gigantes naquilo que revelam aos astrobiólogos (…).
A super-heroína da área é a bactéria Deinococcus radiodurans, que resiste a altas doses de radiação e se revelou, em simulações feitas em aceleradores de partículas, capaz de suportar viagens pelo espaço pousada em fragmentos de poeira. Sem a proteção de uma nave espacial, o ambiente interplanetário não é lugar para seres vivos: doses altíssimas de radiação ultravioleta e raios X, além de bombardeios impiedosos de partículas aceleradas por explosões solares, tornam impossível a existência de qualquer forma de vida.
Claudia e o biólogo Ivan Paulino Lima, também da UFRJ, em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Itália e do Reino Unido, concluíram agora outro estudo mostrando que a Deinococcus atravessaria sem grandes danos as partículas lançadas pelo vento solar, entre as quais os prótons são as mais nocivas.
A resistência permitiria que essas bactérias, montadas na poeira que está disseminada pelo Universo, viajassem espaço afora por milhões de anos. Tempo suficiente para chegar de Marte à Terra, concluiu o estudo publicado no final de
2011 na revista Astrobiology, a partir de experimentos realizados em aceleradores de partículas na Itália e no Reino Unido, que simularam as condições típicas de viagens interplanetárias com irradiação de prótons, íons de carbono e elétrons no vácuo, para microrganismos tanto viajando por conta própria como a bordo da poeira liberada de cometas ou asteroides. O trabalho demonstrou que as energias mais baixas, características dos ventos solares comuns, não têm nenhum efeito sobre as Deinococcus, mesmo que desprotegidas. (…)
Outro trabalho recente do grupo, igualmente publicado na Astrobiology, ampliou as possibilidades de sobrevivência no espaço: mostrou que essa bactéria não seria o único ser vivo a sobreviver nas inóspitas condições características das regiões próximas a estrelas e planetas, ainda mais letais do que os bombardeios na zona interplanetária. Duas outras espécies de microrganismos, Natrialba magadii e Haloferax volcanii, também aguentam altas doses de radiação ultravioleta, embora menos intensas do que a suportada pela campeã entre as bactérias. (…)”

Leiam todo o artigo na revista FAPESP, na edição de Março de 2012, aqui.

Leiam os artigos científicos, aqui e aqui.

8 comentários

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  1. Qual seria a teoria de vida dessa bactéria?

    1. O que quer dizer com “teoria de vida”?

  2. Seria possível essa bactéria habitar um corpo humano? Para melhorar nossa resistência ou isso seria impossível?

    1. O corpo humano não é o melhor ambiente para elas…
      Mas mesmo que fosse, as características não são transferíveis… a ciência não é como o que se diz do Homem-Aranha 😉

      abraço!

    • Ricardo André on 10/06/2012 at 03:23
    • Responder

    Não seriam antepassados destas bacterias responsaveis pela disseminação da vida??
    Poderemos nós colonizar um planeta enviando estas bactérias para lá?

    1. Sim, é uma possibilidade.

      Não. A Terraformação demora milhões de anos e é, tendo em conta todas as variáveis, inviável.
      Lembremo-nos que o próprio planeta Terra tinha condições totalmente diferentes à relativamente pouco tempo. E era na mesma a Terra 😉

  3. Nem sei se isto é interessante ou preocupante. A NASA tem a preocupação de esterilizar todas as sondas e equipamentos queenvia para fora da órbita terrestre (http://planetaryprotection.nasa.gov/methods), precisamente para evitar contaminação dos corpos celestes por micoorganismos terrestres.
    Mas é impossível evitar a 100% a contaminação da parte exterior da fuselagem dos veículos espaciais. E quando se estuda a possibilidade de existir vida noutros locais do universo (a começar pelo Sistema Solar), convém termos o cuidado de não termos sido nós próprios a levá-la para lá.

    1. O problema é que se esteriliza para vida que conhecemos… 😉

  1. […] gelados, a ambientes sem qualquer luz, a ambientes carregados de enxofre, e até vida que resiste a elevadas doses de radiação, então não me surpreenderá que em planetas que estejam a ser bombardeados por elevadas doses de […]

  2. […] sulcus. Porco-do-Mar. Titanoboa. Besouro. Glowworms. Bioluminiscência. Super-organismos. Deinococcus radiodurans. […]

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