Educação anti-científica

Crédito: Mike Mitchell, http://sirmitchell.com/

Carl Sagan, numa tradução livre:
“Todas as crianças nascem cientistas, com uma uma curiosidade inata pelo mundo à sua volta, aplicando um método de tentativa e erro. No entanto, os adultos refreiam essa curiosidade científica inata das crianças. Algumas, poucas, passam pelo sistema de aprendizagem, e continuam entusiasmadas e maravilhadas com o conhecimento científico.”

5 comentários

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  1. A professora Eleanor Duckworth, tem um livro excelente intitulado: The Having of Wonderful Ideas.
    http://www.amazon.com/The-Having-Wonderful-Ideas-Teaching/dp/0807735132

    Segundo ela, é a “formatação” que leva à castração da criatividade nas crianças…

    E ela estava a criticar o ensino escolar nos EUA, que nesse aspecto permite uma maior criatividade que na Europa.
    Aqui incentiva-se o risco. Em Portugal, incentiva-se a segurança e pune-se as respostas erradas.

    E mesmo assim, ela criticou este ensino, achando que era demasiado “conservador”, que era demasiado defensor do status quo…

  2. Segundo o Michaelis (versão “enxuta”):

    Ciência:
    1. conhecimento exato e racional de coisa determinada;
    2. sistema de conhecimentos com um objeto determinado e um método próprio;
    3. conjunto de disciplinas visando à mesma ordem de conhecimentos.

    Ou seja, muitos quando falam mal da ciência e a combatem não percebem que por trás existe uma expressão chave: “conhecimento”, onde estão implicitos: verdade, racionalidade, dados e informações balizados e comprovados (até aquele momento), coisas que funcionam, é real, tem comprovação real.

    Logo, quando leio a expressão “educação anti-científica”, lembro-me do caso da pressão social dos religiosos, em qualquer lugar do mundo, de fazer as escolas locais de pregação e ensino de crenças religiosas, que se sabe embutem “conhecimento” vazio, já comprovado que não é real.

    Não há sentido nenhum em levar a uma escola, onde se ensina o conhecimento, o ensino de crenças.

    Uma criança vai a escola para aprender a conhecer como o mundo funciona. Um futuro profissional vai para uma faculdade, em qualquer área, para aprender conhecimento que ele possa servir a outras pessoas e manter o mundo operacional, para que pontes não caiam, para que as pessoas melhorem a sua saúde, para que se construa telescópios e computadores que funcionem. Não se vai à escola para se aprender a “acreditar” em algo que vai funcionar sem comprovação técnica ou científica, na realidade. Ninguem faz uma vacina achando que vai funcionar, só fica à disposição da sociedade depois de comprovado o efeito. Não se faz um curso de medicina para aprender a rezar e abrir consultorios para que os pacientes sejam curados por rezas.

    Não há sentido algum em uma criança ir para escola para, ao mesmo tempo, saber a verdade do conhecimento que o universo foi formado em milhões de anos e noutra “disciplina” saber que uma crença diz o mundo foi feito em seis dias e o homem foi feito do barro. A mente da criança vai para que lado? Ela sabe que está na escola para aprender, ela sabe subrpreticiamente que o que vai aprender está o aprendizado de uma verdade, de um conhecimento certo e sabido, então como se pode permitir que num ambiente escolar crenças tenham o mesmo poder que o conhecimento já sabido e que são contraditórios?

    Não é de bom senso ou racional que se dê a oportunidade de uma mente pensar o contraditório quando está clarissimo que a verdade é uma só, o universo conhecido foi “criado”, gerido, parido, em milhões de anos, e que o homem não veio do barro. Aí só existe uma verdade, não existe a chance do contraponto. Existe o contraponto na ciencia por diferentes teorias que tentam explicar fatos, mas a base do contraponto sempre é o conhecimento já sabido, nunca é “achismo”. Já o contraponto que uma crença faz é sem valor, por que já está provado que a maior parte dos assuntos que as crenças se metem não tem nada de verdade.

    E coisas sem valor devem ser ensinadas na escola? O que pode ser ensinada na escola, sim, até para se ter senso crítico do que são e foram, NA REALIDADE, é a historia das religiões. Pode-se ensinar quem são os personagens, as lendas, as metáforas, as parábolas, o que foi pensado por pessoas de milhares de anos atrás, mas não tentar interpretar nada, porque aí é dar valor ao que não existe. Pode-se ensinar como as crenças religiosas repercutiram sua ação no mundo, mais negativamente do que positivamente, e fazer os alunos entenderem como a mente crente funciona. E sempre lembrar, durante o aprendizado, que o que se está se vendo é a História delas, não que elas expliquem o mundo nem que sejam verdadeiras. Obviamente que crianças não podem ser o público-alvo de uma disciplina dessas.

    O complicado é que crianças já chegam na escola com a visão crente herdada dos pais ou dos amiguinhos (dos pais dos amiguinhos), então aí está o grande problema de algumas (ou muitas) não aceitarem que o universo conhecido foi “gerado” em milhões de anos e tem bilhões de anos.

    Concluindo, sou terminantemente contra o ensino religioso nas escolas, de qualquer religião é um absurdo. Só abro a exceção de se ensinar a história delas.

    Aqui no Brasil um descalabro, a volta do ensino religioso nas escolas que tinha sido suprimido por anos, “graças” a uma pressão no congresso nacional de uma grande bancada de representantes religiosos. O governo promoveu a volta do ensino religioso numa intenção aparentemente “saudável”, a de que as crianças e jovens escolham qual é a religião que querem serem “ensinados”, se não me engano serão sete as ofertas. Aparentemetne “saudável” porque democraticamente não vão empurrar a crença de uma religião só em todos, como era no passado, a visão católica era a predominante nas escolas, mas o que acontece? Caímos na situação acima, as crianças vão ter aulas dentro da linha de crenças da religião de cada uma e isso só vai cristalizar a mente crente que já tinham, não vai criar senso criítico sobre o que são as crenças, e continuam propiciando, metologicamente, o grande mal de colocarem em contraposição, num ambiente escolar,. que serve para se aprender o conhecimento das coisas, não crenças, não a falsa noção de verdade do que elas dizem.

    Que as crenças religiosas fiquem nos seus limites óbvios, dentro dos templos, igrejas, mesquistas, etc.. não se pode macular as escolas com elas.

  3. Estava esperando a oportunidade de aparecer um post sobre ciência para indicar estes dois links:

    “Curiosity: How Science Became Interested in Everything by Philip Ball – review”

    http://www.guardian.co.uk/books/2012/jun/08/curiosity-science-interested-philip-ball-review?CMP=twt_fd

    “Why We Don’t Believe In Science”

    http://www.newyorker.com/online/blogs/frontal-cortex/2012/06/brain-experiments-why-we-dont-believe-science.html

    O interessante é que a própria ciência explica porque as mentes têm atração por crenças.

    Se alguém ler o livro e achar que valeria a pena fazer um post comentando sobre o conteúdo, agradeceríamos.

    • Betinhofloripa on 11/06/2012 at 14:00
    • Responder

    A falta de acesso à cultura e as teorias da conspiração são problemáticas e alimentam os pseudos-cientistas.

    A Guerra Fria deixou muitas fontes de desinformação sem utilidade.

    Vez por outra, alguma coisa acaba vindo à tona e gera um monte de “viagens imaginárias” rumo ao fantástico.

    E lá se foi a ciência pelo ralo do banheiro.

    http://www.space.com/16000-spy-satellites-space-telescopes-nasa.html

  4. Infelizmente é mesmo verdade.
    Passamos os primeiros anos das nossas vidas a ouvir os nossos pais dizerem para não mexermos, não partirmos, não estragarmos, estarmos quietos ou sossegados.
    E mais tarde, quando somos nós os pais, replicamos esses mesmos conselhos ou ordens, referando muito o ímpeto de descoberta e a curiosidade natural das crianças.
    Chamamos a isto socialização. E como é o padrão de comportamento que vemos nos outros, ficamos satisfeitos por constatar que conseguimos formatar as nossas crianças e torná-las em jovens bem comportados, obedientes e sossegados, prontos a entrar num sistema de educação que também preza a educação para as massas em detrimento da educação orientada para o indivíduo.

    Mas os bebés não vêm com livro de instruções e a maior parte dos pais faz o melhor que pode e sabe.
    Já dos decisores políticos que estabelecem as regras dos sistemas de educação, era de esperar programas melhores, que priveligiassem a experimentação e a participação ativa no processo de aprendizagem. É pedir muito?!

  1. […] Shermer (padrões). Definição de Ciência. Como funciona. Senso Comum. Método Científico (crianças nascem cientistas, deixam de ser, adultos). Chave da Ciência. Modo de Pensar. Ciência é a melhor ferramenta. […]

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