ESA quer diminuir o lixo espacial

No filme Gravity, a estrear no próximo ano, George Clooney aparece encalhado em órbita por causa do lixo espacial. A ameaça é verdadeira, com o aumento constante dos detritos. A iniciativa da ESA, Clean Space, está a desenvolver formas de preservar o espaço próximo da Terra e o ambiente terrestre também.

Em resposta às preocupações dos europeus, o programa Clean Space também pretende reduzir o impacto ambiental das atividades espaciais humanas, diminuindo o lixo e a poluição em Terra e em órbita.

A indústria está a contribuir para os planos da ESA de desenvolvimento de tecnologias Clean Space. Através de novas ferramentas para avaliar os efeitos ambientais, pela introdução de materiais e técnicas mais amigas do ambiente e de formas de impedir a produção de mais lixo espacial e de baixar o nível de detritos no espaço.

Jean-Jacques Dordain, Diretor Geral da ESA

O Director Geral da ESA, Jean-Jacques Dordain, sublinha que a implementação da iniciativa Clean Space é um objetivo prioritário na Agenda de 2015, o programa da Agência que se segue: “ Se estamos convencidos de que a infra-estrutura espacial se irá tornar cada vez mais essencial, então temos a obrigação de passar o ambiente espacial às próximas gerações tal como o encontramos, primitivo.”

“Podemos assim dizer que o Clean Space não é um programa novo, mas em vez disso, uma nova forma de conceber todos os programas da ESA. Gostaria que a ESA se tornasse numa agência modelo, neste aspeto. Sozinhos, não conseguiremos ser bem sucedidos; iremos precisar da colaboração de todos. O setor espacial tem de estar todo connosco.”

O centro técnico da ESA, o ESTEC, em Noordwijk, na Holanda, recebeu o workshop Clean Space em junho, organizado pela ESA e pela Eurospace.

Terra: limpando os objetos espaciais

Na Terra, o Clean Space envolve a avaliação do impacto ambiental de futuros projetos espaciais, tal como a monitorização dos efeitos prováveis da nova legislação sobre a indústria espacial – o campo da legislação ambiental é um campo de rápidas mudanças.

A avaliação do ciclo de vida será importante para o cálculo dos efeitos ambientais das tecnologias espaciais, do desenho inicial e manufatura ao fim de vida.

No workshop, a consultora ambiental, BIO Intelligence Services, descreveu a vasta aplicação de avaliação do ciclo de vida noutros setores industriais.

Novos processos de fabrico, tais como a ‘manufatura aditiva’, em que as estruturas são construídas em camadas, ou a ‘soldadura por fricção’, em que a solda acontece a temperaturas mais baixas, necessitam de menos energia e de menos material, para melhores resultados.

Reduzir a necessidade da eliminação de ruídos, um processo normalmente muito caro, é outro caso em que só há vantagens: o construtor de foguetes, Safran, está a trabalhar num método biológico de diminuir o lixo tóxico do combustível sólido.

Um satélite a explodir

Espaço: mais limpo quer dizer mais seguro

No filme Gravity, a órbita baixa terrestre é uma nuvem de detritos letais.

Na vida real, dos 6000 satélites lançados durante a Era Espacial, menos de 1000 permanecem operacionais. O resto está abandonado e com tendência a fragmentar-se pela explosão das baterias ou do combustível que sobra.

A uma velocidade de 7.5 km/s ou mais, até um parafuso com 2 cm tem um diâmetro suficiente para destruir um satélite.

No workshop foram discutidas várias formas de minimizar a futura produção de detritos espaciais, tais como amarras ou velas para ajudar a rebocar satélites abandonados na órbita baixa, dentro dos próximos 25 anos.

A reentrada dos satélites também precisa de ser um processo mais seguro – por vezes acontece que bocados de satélites atingem o solo intactos. Está a ser pensado um novo design para o fim de vida, de forma a prevenir isto mesmo.

Mas mesmo que os lançamentos espaciais parassem amanhã, as simulações mostram que os níveis de lixo espacial continuariam a aumentar. A remoção ativa é necessária, incluindo as missões robóticas para reparar e tirar os satélites da órbita.

Para mais informações, visite o novo website da ESA Clean Space.

3 comentários

  1. Será que a notícia tem um título correto?
    O objetivo da ESA é desenvolver novos materiais e boas práticas que levem a que os futuros lançamentos de satélites não acabem por espalhar destroços.
    O lixo que já lá está, vai continuar… ou cair na atmosfera.
    EStamos a falar de partículas que vão desde de dimensões pequeníssimas até objectos com alguns centrímetros. E o espaço é demasiado vasto para se tendar levar a cabo uma recolha sistemática.

    • Ricardo Correia on 16/07/2012 at 16:25
    • Responder

    É possível recolher todo o lixo espacial e deixá-lo num ponto Lagrange qualquer?
    Sem ter que gastar milhões a trazê-lo para a Terra?

    1. Quanto à sua questão parece-me que há várias questões a ponderar:
      1) no espaço não há gravidade, portanto, como se manter TODO o lixo espacial num único ponto?
      2) como fazer essa recolha? Provavelmente iria custar tanto ou mais do que a hipotese de o deixar “queimar” na reentrada

      Têm sido apresentadas várias propostas para lidar com este assunto. A Europa quer implementar a nível mundial um código de conduta para mitigar este problema; a Suiça apresentou a ideia de um aspirador espacial… A única certeza é que alguma coisa tem que ser feita, caso contrário, em breve poder-se-à perder a forma de ir ao espaço de forma segura.

      Pode ler mais sobre este assunto aqui: http://astropolitica.blogs.sapo.pt/search?q=lixo+espacial

      e aqui: http://astropolitica.blogs.sapo.pt/search?q=conduta

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