Republicanos contra a inteligência

Sinceramente eu nem sei o que dizer sobre esta notícia no jornal local aqui de Austin.

Em termos gerais, o Partido Republicano nos EUA acha que é mais fácil controlar a população e fazê-los votar contra os seus próprios interesses, se se conservar as pessoas ignorantes e cegas em relação ao conhecimento.

Por isso, na sua plataforma de 2012, os Republicanos opõem-se ao pensamento crítico (em específico ao HOTS) e a tudo que sejam estratégias que façam com que os alunos pensem por si próprios; os alunos, na versão Republicana, devem somente regurgitar aquilo que lhes for dito.
Segundo os Republicanos, fazer as pessoas pensarem por si próprias é uma conspiração liberal para fazer com que as pessoas questionem as suas crenças, e isso para os Republicanos é inaceitável.

Mas não se pense que esta imbecilidade é a única na plataforma Republicana.
Outras há que também me fizeram “subir as paredes”. Exemplos: opõem-se à Convenção dos Direitos da Criança (ou seja, banir a escravatura infantil não é uma boa medida), opõem-se a um salário mínimo nacional (obviamente, as pessoas que trabalhem a 1 dólar à hora, se quiserem), opõem-se à Lei contra a Descriminação no trabalho (claro que sim, afinal deve-se poder despedir toda a gente que use gravatas azuis), etc.

Já diz o Bill Maher: os Republicanos vivem dentro de uma bolha, onde a realidade não entra.

Os EUA a entrarem com estilo pela porta da decadência educativa… pelas mãos dos extremistas religiosos de direita 🙁

11 comentários

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  1. Em qualquer lugar que uma mentalidade assim prevaleça, se as pessoas de bom senso não se manifestarem contra, o que se vê é a formação de uma elite imoral, sem ética e que não respeita os princípios mais básicos de humanidade para com o próximo. Cabe a quem é contra esse total retrocesso humano à barbárie ser taxativamente contra tal pensamento. Muito sofrimento teria sido evitado se se levasse à sério as palavras de megalomaníacos que disseram que salvariam o mundo das “forças do mau”. Expressão genérica que tanto pode significar um inímigo estrangeiro ou então qualquer um que não compartilhe dos ideais do mandatário. “Dos maus costumes nascem as boas leis.”

  2. Nada de novo, é uma ‘guerra’ antiga…
    O lado positivo é que na sociedade americana, existe sempre uma reacção, veja-se as actuais séries TV’s Policiais, onde o Dirty Harry foi substituido por Cientistas!!! Não aconteceu por acaso, houve um movimento civil que exigiu a mudança… O problema é quando este tipo de retórica não é contrariada, o que acontece em alguns sítios, o mais importante é manter assegurada a liberdade de expressão, porque se isso acontecer estas posições vão ser sempre ridicularizadas…

    Abraços

  3. E os mesmos que vêem conspirações liberais em todas as esquinas e que acham que ensinar uma canção sobre o novo Presidente às crianças é “endoutrinação”.

    Se ensinar a pensar é proibido e ensinar factos é proibido, pergunto-me: ensina-se o quê?

    1. Penso que esta frase deles, diz tudo:

      “Our policy is based on God’s biblical promise to bless those who bless Israel and curse those who curse Israel and we further invite other nations and organizations to enjoy the benefits of that promise.”

      Sublinho: God’s biblical promise…

      1. ahhh….o conhecimento adquire-se por osmose divina!
        Tá explicado.
        Mas tem que ser da divindade certa, não é?

      2. Sim, neste caso de um senhor de cabelo branco que te diz que os filhos devem ser aos montes e trabalhar para os pais, e os homens são superiores às mulheres…

        • Rui Costa on 19/07/2012 at 13:32

        Não sei porque estranham isso. Basta pegar numa qualquer nota de dólar e ver que no verso, por baixo de “United States of America” está a frase, em maiúsculas “IN GOD WE TRUST”. Também os discursos presidenciais terminam com o chavão “God bless América” (porquê apenas a América?).

        Esta mistura do símbolo do capitalismo com a religiosidade, já me causa algum desconforto. E ainda me incomoda mais a ideia de que esse “Deus” que ali é referido, não é um deus qualquer. É um deus que exige odediência e fé.
        E, como todos nós sabemos, fé é uma crença em algo para o qual não há provas ou evidências. Pois se as houvesse, não precisaríamos de fé…

        Esta mistura, não sejamos ingénuos, é propositada. É uma forma de anular o pensamento crítico e apelar à obediência e a uma aceitação do que nos é dito por figuras que representem a autoridade.
        Nada de novo por aqueles lados…

      3. A novidade é falta de preocupação em matizar.
        Antes, os Republicanos não tinham este discurso tão agrio e radical.
        Agora estão dominados por fanáticos que sofrem de ilusões de grandezas e teorias da conspiração comunista/socialista/fascista. Podem juntar as três na mesma frase, sem problema nenhum, desde que queiram atacar o Obama.
        E colocar especificamente que o objetivo deles para a educação é eliminar o pensamento crítico, depois de terem tentado fomentar o “teach the difference” (sendo a “diferença” a teoria religiosa), é realmente uma mudança para pior.

        • Cavalcanti on 19/07/2012 at 17:55

        As notas de dólares americanos são bastante… er…

        Bem, no verso destas está contida – além desta frase – uma imagem atípica, a saber:

        – Nota de US$ 1,00: pirâmide com um olho em um dos vértices (mais precisamente no topo desta) – “segredo” guardado por centenas de anos e hoje sabido pela sociedade atual por ex-maçons, de menores Graus e Graus um pouco mais elevados da Ordem, como sendo um símbolo pertencente à Maçonaria.

        Resta saber se, tanto políticos republicanos quanto políticos democratas têm, na verdade, “crenças” baseadas em características de um “Deus-cristão”; “Deus-judaico”; “Deus judaico-cristão”; ou um “Deus-Grande Arquiteto do Universo”.

        Quanto ao “God bless America”, talvez (sublinho o talvez) seja uma questão de geocentrismo – geocentrismo este relativamente simples de se entender quando o cidadão estuda Idade Contemporânea…

        Entrar por esses meandros, infelizmente, foge ainda mais aos atributos da ciência presente. Cesso por aqui.

    • Manel Rosa Martins on 19/07/2012 at 11:27
    • Responder

    Não noto qualquer diferença dum anúncio de Hitler para o seu programa eleitoral de 1933, excepto que é mais rendilhado na linguagem.

    É esta gentalha que votou pelo fim do programa Apollo, que se opôs ao Hubble e que agora no ano passado se opôs ao telescópio James Webb, que é um “Hubble 2.0”

    Quanto mais imbecilizadas nos mitos e nos preconceitos estiverem as pessoas, mais votos eles colhem, que tristeza.

    1. Por acaso, lembrei-me da endoutrinação de milhões durante a era Hitler.

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