Objetos hipotéticos do Sistema Solar

Luas, regiões, planetas perdidos e até estrelas povoam o cenário dos objetos hipotéticos do Sistema Solar, uns são descobertas potencias prestes a serem feitas, outros pura especulação e alguns curiosos enganos, por vezes, úteis.

Luas: No passado, 3 luas hipotéticas entraram em cena: Neith, a lua de Vênus observada por Cassini e outros estudiosos por um longo tempo antes de ser confirmada como uma ilusão causada por estrelas distantes. Não muito diferente, o erro da lua de Mercúrio foi útil para a Astronomia: a suposta lua era uma estrela binária, com a qual se descobriu que a radiação ultravioleta encontrada não foi completamente absorvida pelo meio interestelar como se acreditava anteriormente. Também nas décadas passadas se popularizou hipóteses e discussões sobre uma segunda lua da Terra, questão refutada em todas as descobertas e finalmente definida na forma dos Quase-Satélites, asteróides que seguem uma órbita em ressonância 1:1 com o Planeta, mas não giram à sua volta. A Terra tem cinco conhecidos, 3753 Cruithne é mais proeminente.

Nêmesis: A estrela da morte seria uma anã castanha companheira do Sol numa órbita extremamente afastada, muito além de Plutão, do disco disperso e de Sedna.

  1. Prós: Ela teria uma órbita de 26 milhões de anos e estaria diretamente associada às extinções periódicas na história da biosfera terrestre, ao cruzar na Nuvem de Oort em seu periélio jogando cometas na direção do Sistema Solar interior. A estranha órbita de Sedna reforçou um pouco a hipótese de Nêmesis, a pergunta seria o que prende um objeto tão distante ao Sistema Solar?
  2. Contras: A existência de Nêmesis é apenas uma teoria pouco provável, mas pouco provável pela ausência de um campo gravitacional, observação direta ou indireta que denunciasse a sua existência. Além disso, já se observou outras anãs opacas muito mais distantes e uma companheira do Sol, relativamente muito mais próxima, não passaria desapercebida. E por fim, o histórico do Sistema Solar não mostra bombardeios cometários periódicos, o que faz os fundamentos da hipótese permanecerem especulativos.

Vulcanóides: Seriam asteróides ou uma rarefeita cintura de asteróides estável interior à órbita do Planeta Mercúrio, ofuscados demais pela luz do Sol para terem sido detectados até agora. Essa teoria é uma remanescente após o abandono da hipótese do Planeta Vulcano, um planeta que seria o mais interior do Sistema Solar. Com pouca ou nenhuma referência matemática, observação ou detecção direta ou indireta, e a intensa atividade solar nessa região que provavelmente desintegrou até as camadas externas de Mercúrio no passado (tornando-o o que parece ser um núcleo de ferro remanescente), a hipótese dos Vulcanóides permanece também apenas no campo da especulação.

Planeta X: O objeto hipotético do Sistema Solar mais popular do mundo. Ele atravessa épocas no imaginário social, na ciência e principalmente da pseudociência desde o século passado e assumiu várias formas, umas científicas, e a maioria, apocalíptica e pseudocientíficas.

  1. Ciência: O significado de X é a incógnita matemática, e não o símbolo de dez nos números romanos. Em alguns momentos na história, a ciência confirmou seus Planetas X: Netuno, descoberto pelas perturbações gravitacionais na órbita de Urano, Plutão, na massa presumida de um erro matemático que apontaram um suposto planeta perturbando Netuno e Urano que teria o tamanho de Marte. Tempos depois o verdadeiro tamanho de Plutão foi confirmado – bem menor que o previsto – e as tais perturbações como um erro de cálculos. Por fim, o próprio Cinturão de Kuíper fora um nicho de muitos Planetas X, Sedna, Éris, Quaoar, até finalmente em 2006 a definição da categoria Planeta-Anão…
  2. Pseudociência: Arraigada no sentimento popular que se fascina por hipóteses fantásticas como apocalipse, deuses astronautas, mitologias, mistérios e magias, a pseudociência tornou o Planeta X muito popular em sua principal versão: o mito de Nibiru, o Planeta estrangeiro povoado por uma civilização altamente tecnológica que visitou as gerações da humanidade e mais um monte de mitos e lendas atuais que se confundem e contradizem: ora Nibiru vai passar perto, ora vai chocar com a Terra, e todo o resto do sensacionalismo midiático que polui os meios de informação.
  3. O Abandono temporário: a hipótese do planeta X foi cabalmente rejeitada quando as missões das sondas Voyager e Pioneer permitiram recalcular as massas dos gigantes gasosos e não detectaram nenhuma forte atração gravitacional imprevista além da órbita de Netuno.
  4. A hipótese revive: Não que os pseudos estejam certos, mas pela ciência séria. Rodney Gomes, astrônomo brasileiro do Observatório Nacional, propôs por revisão de cálculos orbitais que há a possibilidade de um objeto da ordem de Netuno a mil unidades astronômicas perturbando os planetóides do Cinturão de Kuíper. Antes disso, um suposto gigante gasoso maior que Júpiter situado na Nuvem de Oort, Tyche, foi notificado como uma quase-descoberta à espera de confirmação.

Nuvem de Oort: A mais considerada hipótese do Sistema Solar não é um astro, mas uma região inteira. Oort é uma suposta nuvem esférica, com uma massa geral de 5 massas terrestres, cheia de cometas que envolve todo o Sistema Solar, só que ao contrário da ideia que essa descrição passa, ela é extremamente rarefeita. Estima-se que a distância média entre os objetos componentes é superior à de Urano ao Sol e não tem nenhuma interação gravitacional entre eles, cada um segue independente sua lenta órbita de milhões de anos à volta do Sol. A origem de Oort é uma sobra do material que formou o Sistema Solar há bilhões de anos, e sua importância seria uma verdadeira relíquia do passado.

  1. Prós: A inspiração vem das órbitas dos cometas de longo período, como o Hale-Bopp, e mais recentemente se fortaleceu na descoberta de objetos distantes como o Sedna. As estimativas sugerem que a parte mais externa da nuvem esteja a 1 ano-luz do Sol, uma zona onde a gravidade exterior ao Sistema Solar eventualmente perturba essas pedras de gelo, fazendo-as despencar na direção do Sol dando origem aos Cometas de longo período.
  2. Contras: Até à presente data, nenhuma descoberta conclusiva confirmou a existência da nuvem, o que a faz persistir como Região Hipotética do Sistema Solar. No entanto, talvez nos cometas e planetas-anões distantes esteja a resposta, mas ainda não há conclusão definida. O avanço do poderio telescópico poderá auxiliar os astrônomos no futuro sobre essa questão.

17 comentários

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  1. Excelente, Jonatas 🙂

  2. Entretanto estive a pensar, é estranho que um dos prós a favor de Némesis é a sua eventual passagem pela Nuvem de Oort que no entanto também se encontra entre a lista de objetos (regiões) não confirmadas.

    Por outro lado, se Némesis deveriam existir vestígios de impactos meteoríticos na lua e noutros corpos rochosos, datados em intervalos de 26 milhões de anos.

    1. “Por outro lado, se Némesis deveriam existir vestígios de impactos meteoríticos na lua e noutros corpos rochosos, datados em intervalos de 26 milhões de anos.”

      Pois… são as inconsistências Nibirutas… 😉

      “Entretanto estive a pensar, é estranho que um dos prós a favor de Némesis é a sua eventual passagem pela Nuvem de Oort que no entanto também se encontra entre a lista de objetos (regiões) não confirmadas”

      Bem visto.
      A ideia deveria ser simples, e não assentar em especulações em cima de especulações 😉

  3. Devo confessar que a Nuvem de Oort me fascina bastante, no entanto, não deveriam ter sido descobertas nuvens destas noutros sistemas solares (ou os seus elementos seriam demasiado pequenos para se detetarem)?

    1. Há indícios de que o Sol “roubou” cometas de outras estrelas quando ainda se encontrava no enxame onde nasceu. Um desses objectos passou há poucas semanas perto do Sol: http://www.astropt.org/2012/07/17/o-regresso-de-machholz/.

    • Rafael Ligeiro on 25/07/2012 at 07:58
    • Responder

    A Nuvem de Oort desperta-me grande interesse. É uma das regiões mais incríveis do Universo – e nem está tão distante assim da Terra…

  4. Mas a Núvem de Oorte é um consenso entre os cientístas, a redação em “Contras” acho que esta só para constar.
    Claro, o mais provável é que seja algo diferente do conceito inicial de Núvem de Oort.

    1. Quando li esse último parágrafo do artigo, também pensei na questão das diferenças conceituais – não acarretando, necessariamente, a não existência desta. 😉

    2. É isso aí, Xevious, eu só pus para complementar, pois praticamente não sei nenhum contra significativo que faça frente a todas as evidências que apontam para a probabilidade da nuvem existir. Alguns chamam de intuição científica, mas o fato é que as evidências é que são muitas e a descoberta definitiva é só uma questão de tempo e tecnologia dos telescópios futuros. Afinal, um dia foi teoria tratada como verdade o Higgs, o Cinturão de Kuíper e tantas outras descobertas. 😀

        • Fabio Weslei Gomes Santos on 01/08/2012 at 23:28

        Eu vi algo sobre o alinhamento de 2012 e sobre nibiru e que ele vai passar entre o sol e a terra,pesquisei no you tmb e achei esse video,alguem pode dizer oque acha disso…. http://www.youtube.com/watch?v=4hKnUKUGYkg ….oque eu achei bem estranho foi que na segunda parte ele diz algo totalmente fora do assunto em questao,e talvez por medo http://www.youtube.com/watch?v=fBcBWLe166A por favor digam oque acham disso…

        • Jonatas on 25/08/2012 at 04:55
          Author

        conversa fiada, histeria coletiva, pareidolia, e charlatanismo explícito. A falta de conhecimento sobre astronomia nesse vídeo é gritante, e a manipulação de dados é um fiasco: é tão irrelevante quanto eu disser que quando a Lua é cheia os lobos uivam; Lobos uivam com ou sem Lua, e até de dia se lhes convier.

  5. Paupérrimo mesmo é o comentário do Nelson: contendo erros gramaticais e ausência de sinais de pontuação – por pura preguiça, como bem afirmou.

  6. Eu nao venho aqui pelo portugues dos artigos, mas pela ciencia, que me agrada bastante. Mas este artigo esta escrito num portugues pauperrimo!!! Uma revisao ao texto era aconselhavel. (comentario sem acentos por preguica de os escrever no telefone)

    1. Críticas são bem vindas, mas quando educadas e construtivas. Não escrevo por escrever, posso cometer erros e meu português não é perfeito, e pode também ter diferenças ao português PT visto que sou brasileiro, essas diferenças não mudam de uma hora para a outra, mesmo com as mudanças ortográficas recentes.
      Mas infelizmente a tua crítica não acrescenta em nada pois nem argumentas em que aspectos a escrita está “paupérrima”. Logo, recomendo que se atenha apenas à ciência, que como diz lhe agrada bastante.

  7. Muito obrigado, Cavalcanti. É vital essa referência às publicações anteriores do AstroPT para a complementação e também para evitar que assuntos recentemente abordados acabem sendo repetidos por colaboradores mais recentes, como eu :D.

  8. Excelente artigo, Jonatas.

    Só acrescento mais algumas leituras igualmente excelentes sobre tais objetos; extinções e mini-extinções na Terra:

    http://www.astropt.org/2010/03/27/gliese-710-nemesis/

    http://www.astropt.org/2011/02/20/tyche-planeta-gigante-nos-confins-do-sistema-solar/

    http://www.astropt.org/2008/04/20/ciclos/

    Esse aqui, do sítio Apolo 11, acerca da nomenclatura de um Planeta X qualquer:

    http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=Planeta-X_afinal_o_que_e_e_onde_se_encontra_esse_planeta_&posic=dat_20110223-104241.inc

    Abraço.

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