Quase-Luas da Terra

 

A Lua não está tão sozinha no seu cortejo ao nosso Planeta,  A Terra tem cinco Quasi-Satelites conhecidos – pode ter mais, perder uns e ganhar outros, ou uns de volta.

Um quase-satélite é um objeto em um tipo específico de configuração orbital com um Planeta: uma ressonância 01:01, onde o objeto fica próximo ao planeta ao longo de muitos períodos orbitais, podendo sair e voltar a essa configuração dependendo de variáveis físicas e orbitais. Um Quasi-Satelite não orbita ao redor do Planeta, mas do Sol, só que leva exatamente o mesmo tempo que o planeta, tendo no entanto uma excentricidade diferente, habitualmente superior. Quando visto a partir da perspectiva do planeta, o quase-satélite irá aparecer para viajar em um loop oblongo retrógrado ao redor do planeta. Em contraste com os verdadeiros satélites, as órbitas dos quase-satélites encontram-se fora do sistema do planeta , e são instáveis. Outros tipos de órbita, em uma ressonância 1:1 com o planeta, incluem órbitas em forma de ferradura (a da maioria dos quasi-satélites da Terra) e órbitas girino em torno dos pontos de Lagrange.

Órbita ferradura do Cruithne, vista pela perspectiva da Terra

Quasi-Satélites da Terra:

  • 3753 Cruithne: Esse objeto tem 5 km de diâmetro, foi descoberto em 1986 e orbita o Sol em ressonância com a Terra numa órbita do tipo Ferradura (O período orbital do corpo menor é quase o mesmo que o do corpo maior, e seu caminho parece ter uma forma de ferradura num quadro de referência rotativa como visto a partir do objeto maior). Cruithne já foi muitas vezes chamado de segunda lua da Terra, isso até a classificação como quasi-satélite ter sido definida. Não oferece qualquer risco de impacto com a Terra e sua aproximação máxima é vinte vezes mais distante do que a Lua. Além disso, sua órbita faz com que às vezes esteja do outro lado do Sol. É um asteróide rochoso, estima-se que com baixa densidade.
  • 2002 AA 29: Com entre 50 e 120 metros, esse pequeno asteróide possui uma órbita do tipo ferradura quase circular que na maior parte do tempo o deixa dentro da órbita da Terra. Em 2003, o asteróide se aproximou da Terra a uma distância de 5,9 milhões de quilômetros, a sua maior aproximação por quase um século. Desde essa data, foi correndo à nossa “frente”, e continuará a fazê-lo até que tenha alcançado a sua maior aproximação por trás. O mais interessante é a rotação estimada: menos de 33 minutos. Isso leva a crer que seja um bloco poroso, de baixa densidade, e não um asteróide do tipo entulho – que se fragmentaria sob essa veloz rotação.
  • 2003 YN 107: Possui uma órbita ferradura e um diâmetro de apenas 20 ou 30 metros. Com uma órbita de baixa excentricidade, quase circular, é menos provável que tenha vindo arremessado do cinturão de asteróides. Especula-se que possa ser um resíduo de impactos passados na Lua ou na Terra.
  • 2010 SO 16: Outro asteróide com órbita em forma de ferradura que é um quasi-satélite, sendo também classificado como asteróide do tipo Apolo. Seu diâmetro é estimado em torno de 300 metros e com uma aproximação à Terra de 50 vezes a distância lunar, assim como os demais também não oferece risco de colisão.
  • 2004 GU 9: O asteróide tem um diâmetro estimado de 200 metros, de acordo com estimativas publicadas pelo Monthly Notices da Royal Astronomical Society, e está a orbitar a Terra por 500 anos, e pode acompanhar a Terra por mais 500 anos, uma órbita relativamente estável.

Referências:

  1. Connors et al. (2002). ” Discovery of an asteroid and quasi-satellite in an Earth-like horseshoe orbit “. Meteoritics & Planetary Science 37 (10): 1435.
  2. Braconnier, Deborah (April 6, 2011). “New horseshoe orbit Earth-companion asteroid  –  2011-04-06 .

10 comentários

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  1. Coloquei a ilustração de uma órbita em ferradura 😉

  2. Jonatas,

    Por vezes em Astronomia é difícil encontrar os termos correctos em português porque normalmente a informação chega-nos em inglês. Eu tenho exactamente a mesma dificuldade. 🙂
    Penso que o termo que usaste descreve de forma correcta este tipo de objectos. O asteróide Itokawa é um bom exemplo destes corpos. Aparentemente, a gravidade poderá não ser a única força a mantê-los coesos: http://www.astropt.org/2010/02/16/que-forcas-mantem-os-componentes-da-materia-de-um-pequeno-asteroide-unidos/.

    1. Interessantíssima a matéria, muito obrigado. Segui o link da mesma para aprender um pouco sobre as forças de Van der Waals – me lembrei desse nome das aulas de química no ensino médio… agora vi porquê: equação de estado de gases e líquidos. Legal ver que nessas leituras só por curiosidade um conhecimento leva a outro. 🙂

  3. Pessoal, eu cheguei a citar, sem muita confiança do que estava falando porque não sou um grande entendido de estruturas de asteróides aí se alguém me dar mais detalhes eu agradeço bastante:
    O termo em questão é: Asteroide do tipo Entulho, que li numa revista e não tive mais informação. Pode haver também outros termos, mas a ideia é um asteroide na forma de corpos irregulares unidos gravitacionalmente, e não um único corpo rígido e definido.
    Seria tipo um saco de pedregulhos e poeira unidos pela gravidade conjunta. Achei bem curioso, existem mesmo esses asteróides?

  4. Ah mas então o “2004 GU 9” é uma segunda lua mesmo, mesmo que temporária.

    1. Olá Xevious,

      Não. 2004 GU9 orbita o Sol e não a Terra. 😉
      A questão é que este asteróide foi temporariamente capturado numa condição de quase-satélite depois de ter abandonado uma órbita em ferradura. Apesar da elevada inclinação e da moderada excentricidade da sua órbita, o período orbital de 2004 GU9 é praticamente igual ao da Terra, pelo que se mantém nas proximidades do nosso planeta por um longo período de aproximadamente 500 anos. Esta órbita não é, no entanto, estável e tornar-se imprevisível num intervalo superior a 7600 anos. Para um objecto ser considerado uma lua terrestre teria que completar as suas órbitas no interior da esfera de Hill da Terra (o domínio gravitacional do planeta). A velocidade orbital de 2004 GU9 é demasiado elevada para que tal se concretize (ver: http://peer.ccsd.cnrs.fr/docs/00/67/62/19/PDF/PEER_stage2_10.1016%252Fj.icarus.2010.05.012.pdf). 🙂

  5. Olá Jonatas,

    Onde foste buscar a imagem? Esta é uma representação artística feita por mim para ilustrar um outro objecto com uma relação muito especial com a Terra, o asteróide co-orbital 2009 BD (ver: http://www.imperiumsolis.blogspot.pt/2009/01/descoberto-um-novo-asteroide-co-orbital.html e http://www.astropt.org/2011/06/04/sera-2009-bd-um-fragmento-lunar/). 😉
    Outro objecto interessante é o asteróide 2010 TK7, o único asteróide troiano conhecido da Terra (http://www.astropt.org/2011/07/28/descoberto-o-primeiro-asteroide-troiano-da-terra/). 😀

    1. Hehehe, me pegou por plagio :D. na verdade eu não sabia, achei ela no meu computador. *desde muito tempo tenho o hábito de baixar um monte de imagens de astronomia e ilustrações e guarda-las em pastas no PC. As vezes fico até navegando por elas no Picasa e curiosamente achei essa ilustração, vi que servia. Meus parabéns pela criação, posso citar tua autoria na legenda da imagem?

      1. Tudo bem, Jonatas. Não há qualquer problema. 😉
        Fico contente por a teres escolhido. 😀

        • Jonatas on 27/07/2012 at 17:03
          Author

        Certo, obrigado, a imagem é perfeita mesmo para esse assunto. 🙂

  1. […] Blue Marble, Berlinde Azul, Rosetta, MSG-3, Nascer da Terra, Mundo da janela (aqui). 2 luas (aqui). Quase-Luas. Afastamento. Periélio. Migração. Rotação abranda. Abrandar rotação. Parar de Girar. […]

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