Bazinga!

Este artigo foi originalmente escrito em Janeiro deste ano, no Bitaites.

Da esquerda para a direita: Howard, Sheldon, Leonard, Penny e Raj

Quem fez esta foto de promoção da sitcom The Big Bang Theory é um amador: o segundo nerd a contar da esquerda não está sentado no seu lugar do sofá. Jim Parsons, o ator, permite estas liberdades à colega Kaley Cuoco, mas Sheldon Cooper, o personagem que interpreta, nunca deixaria a amiga Penny sentar-se ali. Aquele é o seu spot.

Esta mania de Sheldon faz lembrar o Archie Bunker da mítica All in the Family (em Portugal: Uma Família às Direitas).
Archie, o típico conservador ignorante de classe média dos Estados Unidos, xenófobo, preconceituoso, avesso à libertinagem e ao progresso, também tinha um lugar marcado na sala onde mais ninguém se podia sentar.
Archie teria chamado «socialista» a Obama.
Uma Família às Direitas, estreada em 1971, foi uma sitcom marcante não só pela qualidade dos atores, mas também pela inteligência e sentido de humor dos diálogos; pela primeira vez na televisão americana, assuntos polémicos como o racismo, a homossexualidade, o feminismo ou o aborto eram abertamente discutidos e as posições conservadoras implacavelmente satirizadas.

The Big Bang Theory não é tão ousada e é obviamente um produto mais inócuo destes tempos da Internet e dos computadores e dos gadgets, mas desde Uma Família às Direitas nunca me tinha rido tanto com uma série.

Os cromos

Os principais personagens são:

O mencionado Sheldon Cooper, físico teórico, nerd, uma espécie de Spock sem as orelhas pontiagudas, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, possui traços de personalidade decalcados dos sintomas autistas manifestados pelos doentes da síndrome de Asperger;

Sheldon partilha o apartamento com Leonard Hofstadter, físico experimental, nerd, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, o mais «normal» e sociável do grupo;

O judeu Howard Wolowitz, engenheiro espacial, o único não-doutorado do grupo, nerd, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, é um menino da mamã pateticamente engatatão com um complexo de Édipo mal resolvido;

Rajesh Koothrappali, Raj para os amigos, é um astrofísico de origem indiana, nerd, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, bissexual não assumido, incapaz de abrir a boca na presença de mulheres a não ser que beba álcool;

Penny, a vizinha de Sheldon e Leonard, é loira, bonita, extrovertida, amigável e promíscua, uma atriz falhada que devora comédias românticas da Sandra Bullock ou pastelões do tipo O Sexo e a Cidade, e acabou como empregada de mesa.

Mesmo quem nunca viu a série pode imaginar que o humor e as histórias se sustentam muito na interação entre a «ignorante», sedutora e bondosa Penny e os quatro nerds de quem ela se torna amiga – e de como a sua presença acaba por revolucionar o dia-a-dia destes rapazes muito inteligentes mas infantis e socialmente inaptos.

Sheldon, interpretado pelo fantástico Jim Parsons, é o mais radical nerd do grupo e a alma da série: se este personagem e a interpretação de Parsons não tivessem resultado, The Big Bang Theory ter-se-ia desmoronado ao fim da primeira temporada.

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Quando eu digo a alguns companheiros da geekosfera como me tenho divertido com o «The Big Bang Theory», a reação costuma ser de enorme surpresa: “a série começou em 2007, já vai na quinta temporada e é incrível como só agora a descobriste? Pá, em que planeta é que vives?”

A razão é simples: não ligo peva à televisão. Alguns documentários e telejornais, os jogos do Benfica, um ocasional episódio do «Family Guy» e pouco mais.

Mas estava farto de ver esta malta do blogue de Astronomia do AstroPT a dizer maravilhas da série e lá me decidi a ver afinal o que era aquilo.

Isto aconteceu há quinze dias. De então para cá, vi as quatro temporadas e os 11 episódios já transmitidos da quinta. Viciei-me no divertimento, nas personagens, no trabalho dos atores, sobretudo Jim Parsons, na absoluta nerdice dos diálogos e na forma como a Ciência é ali tão bem tratada.

4 comentários

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  1. Por outro lado, a outra série referida também não é má (vi-a na rtp memória e devo confessar que junta vários assuntos interessantes)

  2. Escrevi este comentário para colocar este link
    http://instantbazinga.com/

    1. LOL 🙂

  3. Bem vindo ao clube dos adoradores de “The Big Bang Theory” rssss :))))

  1. […] – Humor (tag): The Big Bang Theory (análise). Certificado de Existência. Encontrar Namorada. Declaração de Amor. Paraíso mais quente que […]

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