Cinco Planetas em Tau Ceti ?

FiveTauCeti
(Os sinais dos supostos cinco planetas detetados em torno de Tau Ceti, nos dados combinados do HARPS, AAPS e HIRES. Crédito: M. Tuomi et al.)

Uma equipa de astrónomos liderada por Mikko Tuomi, das Universidades de Hertfordshire (Reino Unido) e Turku (Finlândia), acaba de disponibilizar um artigo em que descreve a deteção de cinco planetas em torno da estrela Tau da constelação da Baleia (Tau Ceti). Trata-se de uma estrela de tipo espectral G8V, ligeiramente mais fria (92%), menos luminosa (50%) e menos maciça (80%) do que o Sol. É também deficitária em “metais” relativamente à nossa estrela e mais velha, com uma idade estimada de 5.8 mil milhões de anos. Tau Ceti tem a particularidade de ser uma vizinha do Sistema Solar, a uma distância de apenas 11.9 anos-luz.

A equipa analizou observações da velocidade radial da estrela obtidas por três programas: High Accuracy Radial velocity Planetary Search (HARPS, em La Silla, Chile), Anglo-Australian Planet Search (AAPS, no Anglo-Australian Telescope, Austrália) e HIgh Resolution Echelle Spectrometer (HIRES, no telescópio Keck I, Hawaii) e combinou-as para, depois de um processamento elaborado, extrair sinais de potenciais planetas. Os resultados, a serem confirmados independentemente, são deveras interessantes. Tau Ceti poderá ter um sistema formado por cinco Super-Terras (designados Tau Ceti-b até -f) com períodos orbitais de, respectivamente, 14, 35, 94, 168 e 642 dias e massas (em unidades terrestres) de, respectivamente, 2.0, 3.1, 3.6, 4.3 e 6.6. Se existir, o planeta Tau Ceti-e encontra-se dentro da Zona Habitável da estrela e será certamente alvo de muita atenção futura. Dada a sua proximidade, o sistema será um candidato natural para programas que tentam a deteção directa de planetas, fotografando-os em torno das suas estrelas hospedeiras.

É importante referir que a extracção destes sinais está no limite do que é tecnologicamente possível na actualidade. Mais, a combinação de sinais provenientes de instrumentos com características distintas é complexa e pode introduzir artefactos que podem parecer variações na velocidade radial provocadas por planetas. Apesar da análise exaustiva realizada pelos autores, conclusões definitivas sobre a realidade destes planetas só poderão ser tiradas quando outros programas, e.g., o HARPS, com dados mais recentes, confirmarem a descoberta independentemente. Até lá fica a promessa de mais 5 mundos mesmo aqui ao lado, em torno de Tau Ceti.

21 comentários

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  1. Pelo pouco que já vi tenho a informação que Tauceti – Esta estrela tem planetas habitáveis. (Constelação da Baleia) = 3,6 Parsec do Sol ou 108.000.000.000.000 de Km (Trilhões).

  2. Há pessoas que acham que é impossível chegar a esse planeta, mas também dizem que poderiam pousar sobre um asteróide para pegar minérios valiosos dele… Então e se pegássemos carona em um asteróide desses para irmos em lugares mais longinquos do universo, como para essa galáxia Tau Ceti… Com isso me pergunto será que é impossivel chegar a esse planeta como todos dizem? , acho que não né,,,,,,,, lembrando que um asteroide que tem velocidade baixa chega 30 km/s…. e o melhor chegaríamos lá sem gastar combustível……

    1. Asteróides estão dentro do nosso sistema solar. Se quer “pegar carona” de um, precisava de o desviar da rota e levá-lo na direcção que quisesse. Logo, precisava de combustível. Precisava igualmente de “fugir” à atracção gravitacional dos objectos no nosso sistema solar; o que requer mais combustível. Também precisava sobreviver nele, logo precisava de tecnologia, habitação, energia, e obviamente mais combustível. Por fim, precisava de alguns milhões de anos para chegar lá.

      Como se percebe, é “impossível” dessa forma.

      abraços

  3. Uma dúvida: Se esses planetas estão tão próximos de nosso sistema solar, porque são apenas “detectados” e não observados com o auxílio dos telescópios atualmente em ação no espaço e na terra; considerando-se que corpos celestes bem mais distantes já foram observados e até mesmo fotografados???

    1. Porque os corpos celestes mais distantes são incrivelmente maiores que planetas… 😉

      abraços

  4. Comentário do astrofísico Greg Laughlin, especialista no processamento de dados, relativamente ao artigo de Tuomi et al. (extraído de um excelente artigo no blog Centauri Dreams, de Paul Gilster):

    “…it’s clear that the community is pushing up against the limits of the extant radial velocity data. It will take quite a while to get a substantial confirmation of these planets, since increases in signal-to-noise scale with the square of the number of measurements, and there are a lot of measurements already. It’s interesting to see that time-series techniques familiar from econometric analyses (e.g. ARMA(p,q) ) are being applied in this new context. I think that the methods they are using (which would be completely familiar to a Wall Street Quant) have a lot of promise in this particular area.”

    Diz ainda Laughlin:

    “…the system that they’re proposing is completely _unsurprising_. Kepler and HARPS have demonstrated that the galaxy’s default mode of planet formation is to produce multiple super-Earth/sub-Neptune category planets on nearly circular orbits with orbital periods in the range from days to weeks. This system is certainly a standard-issue example of such a configuration.”

  5. É tudo uma questão de tempo, o futuro nos trará melhores tecnologias, mais conhecimentos sobre o universo e opções não nos faltará, conheceremos outros mundos, provavelmente outras civilizações, pois se com apenas alguns poucos milhares de anos nossa tecnologia nos trouxe até aqui,para nós humanos o céu é o limite e esse céu é bem amplo…

      • Ricardo Correia on 20/12/2012 at 12:10
      • Responder

      Concordo completamente

    • Ricardo Correia on 19/12/2012 at 16:56
    • Responder

    Que velocidades atingem atualmente as nossas sondas? quanto tempo real demorariamos a fazer esses 12 anos luz?

      • Manel Rosa Martins on 20/12/2012 at 01:28
      • Responder

      Consoante o objectivo, caro Ricardo Correia. O tempo mínimo seriam cerca de 40 mil anos terrestres, mas nesse caso a nave faria um fly-by, tirava dados ao sistema durante uns 2 dias e continuava disparada para os confins do espaço. Caso se pretenda chegar ao sistema para o ficar a orbitar só as manobras gravitacionais (que pré-programávamos na nave e que corriam todas muito bem, é claro) para travar a velocidade da nave custariam mais uns cerca de 20 a 30 mil anos.

      Estes cálculos são informais e bseados na distância da Voyager 1 que está, ao fim de 35 anos de viagem, a 123 AU da Terra, que são 0.00194497995 anos-luz da Terra.

      Boas festas, muito boa pergunta. :))

        • Ricardo Correia on 20/12/2012 at 12:08

        Obrigado pela resposta, Manel Rosa Martins. Fiquei completamente esclarecido e completamente desalentado. Nem eu nem os meus futuros netos vamos poder ver in loco esses mundos…
        É uma questão em que penso às vezes, se lançássemos agora (com a tecnologia atual) uma sonda para lá, demorariamos 40000 anos a lá chegar. Se lançássemos uma sonda daqui a 200 anos, com a tecnologia de então, provavelmente demorariamos 20000 anos a chegar lá. Corriamos o (bom) risco de a sonda futurista ultrapassar a sonda atual a meio caminho… OU SEJA, mais vale a pena estar quieto e isso dá que pensar.

        Abraço. Boas Festas

  6. Desta vez li esta notícia, pela primeira vez, no Site d’Bola !!! ( http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=371498) Sendo que fui enganado !!! Noticias cientificas só no AstroPT !!!
    Já que eles afirmam sem qualquer dúvida, que foi mesmo encontrado um planeta na zona habitável!!!
    Obviamente eles fizeram copy/paste da noticia de outro sitio… a desinformação já começou…!!!

    Abraços

  7. Notícia importante! Tau Ceti é um dos sistemas “favoritos” da Margaret Turbull pela busca de vida extraterrestre.

    http://web.archive.org/web/20071022070846/http://www.dtm.ciw.edu/turnbull/ftp/Turnbull_Dissertation.pdf

  8. Isso, Sérgio, Tau Ceti tem 5,8 bilhões de anos (milhões de milhões). Vejam na página 62 a tabela de idades estelares:

    http://arxiv.org/pdf/0807.1686v1.pdf

    • Regis Olivetti on 19/12/2012 at 10:51
    • Responder

    Mas, um sistema solar com 5,8 milhões de anos apenas, não deu para formar muita coisa. É muito novinho.

    1. Olá Regis,

      Tau Ceti terá cerca de 5,8 mil milhões de anos. 😉

    2. Regis, se você também for brasileiro com eu, perceba que em Portugal eles usam mil milhões para bilhões, então os 5,8 mil milhões de anos são 5,8 bilhões de anos =D

        • Regis Olivetti on 19/12/2012 at 19:53

        Na leitura rápida não percebi, mas, ambos têm razão, portanto, tão velhinho como nosso sistema solar ou mais. rsrsrsrss

  9. “Se existir, o planeta Tau Ceti-e encontra-se dentro da Zona Habitável da estrela e será certamente alvo de muita atenção futura.”

    😀

    1. As vezes eu me pego pensando sobre Alpha Centauri e essas estrelas com exoplanetas tão próximos e me dou conta que, muito provavelmente, pelo menos nos próximos 100 ou 200 anos nós iremos para lá; bem, nossos netos e trinetos ou mais é claro =D
      Parece até meio óbvio, mas quando a gente para por aqueles minutinhos para pensar com toda a calma do mundo, é quase impossível não acreditar que isso realmente vai acontecer; sim, é ainda muito si fy imaginar como será, mas não deixa de ser um pesamento maravilhoso, é diferente daquela sensação de exploração à Star Trek, porque é algo que sabemos, ou temos um pouco mais de certeza, de que vai acontecer, mesmo que não haja um Capitão Kirk ou uma Enterprise….não, espere, uma nave interplanetária chamada Enterprise com certeza existirá, isso eu não tenho a menor dúvida hehehe se já fizeram um ônibus espacial/vai-vem 😀

      1. O problema é o tempo que se demora a lá chegar 🙂

        Teria que ser com Generations Starships… e quando os nossos descendentes lá chegassem toda essa geração que lá chega, mais todos os seus pais, os seus avós, etc… pensariam que a “casa” deles é a nave, e nunca um planeta. Viver num planeta, e mesmo a palavra Terra, será um mito tão grande como na nova série da Battlestar Galactica 😀
        Aposto até que se fará uma religião a partir desse suposto “paraíso” donde todos saímos… 😛

        abraços! 😀

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