Local mais profundo do mundo está cheio de vida!

MARIANA-TRENCH

“(…) Quando, há quase um ano, o realizador James Cameron fez o mergulho histórico no seu submarino Deepsea Challenger até à base da fossa das Marianas, no Pacífico, saiu de lá com a sensação de que aquele era um lugar estéril, semelhante a um deserto. Mas não poderia estar mais errado. A fossa das Marianas, o lugar mais profundo do mundo, 11 quilómetros abaixo da superfície do mar, tem uma flora microbiana surpreendentemente abundante, que não se encontra nas planícies abissais que a rodeiam – regiões que estão “apenas” a cinco ou seis quilómetros de profundidade (…).
(…)
Sem outras fontes de energia e alimento como as que existem nas fontes hidrotermais – as estruturas geológicas expulsam continuamente minerais e calor do interior da terra, e que são capazes de sustentar todo um ecossistema -, os escuros e frios fundos oceânicos podem ser locais muito inóspitos.

No Challenger Deep, por exemplo, a água exerce uma pressão 1100 vezes superior à que existe na superfície. De acordo com os modelos existentes, a disponibilidade de nutrientes a estas profundezas seria escassa e pobre. As partículas orgânicas que se depositam no fundo do mar são provenientes, em última instância, da vida que pulula na camada mais superficial dos oceanos onde há luz e há uma cadeia trófica que tem como base todos os organismos que fazem a fotossíntese.

Estes organismos servem de alimento a outros, que morrem e servem de alimento a outros, e assim sucessivamente. O que chega lá abaixo, pensavam os cientistas, seria apenas uma pequena fracção de cerca de um por cento dos nutrientes destes ecossistemas, uma fracção que já foi muito reciclada e por isso é mais pobre em termos de valor nutricional. Desta forma, as comunidades microbianas destes locais remotos seriam as mais constrangidas. Era como se tratasse da última aldeia com três pessoas na parte mais alta de uma serra enorme, antes de se iniciar a região das neves eternas. Os recursos aqui existentes seriam mínimos.

Mas nunca ninguém tinha visitado esta fossa para analisar que vida teria esta “aldeia microbiana”. O que os investigadores viram foi surpreendente. “Encontrámos um mundo dominado por micróbios que estão adaptados a funcionar eficientemente em condições que são altamente inóspitas para animais mais complexos”, disse Ronnie Glud num comunicado.

Embora os animais grandes sejam raríssimos, a “aldeia microbiana” é dez vezes maior do que a que a equipa encontrou nas planícies abissais mais altas que estão a cinco ou seis quilómetros de profundidade e serviram como estações de referência para a equipa. Esta comunidade dinâmica, a 11 quilómetros de profundidade, consome duas vezes mais oxigénio do que a comunidade das planícies abissais, segundo as medições apresentadas no artigo.
(…)
Isto torna esta – e provavelmente outras fossas oceânicas – um hotspot de micróbios que terá um impacto relativamente maior nos ciclos de vida do carbono marinho e do carbono global, considera Ronnie Glud. (…)”

Leiam o artigo completo no jornal Público, aqui.
Leiam também na BBC, Reuters, New Scientist, e artigo científico.

Esta notícia fantástica faz-me tirar 2 conclusões:
– é preciso estudarmos melhor a vida na Terra, sobretudo aquela que vive em condições extremas.
– é importante irmos até Europa, lua de Júpiter!

2 comentários

1 ping

  1. A outra conclusão: é não tirar o todo pela parte. Considerar um lugar sem vida sem investigar extensivamente pode ser um erro científico de amostragem ou do funcionamento da vida.

    1. Totalmente de acordo 😉

  1. […] Gaia-Medea. Chaminés Negras. Lost City. Daphnis nerii. Em vulcões. Extraterrestres, Abissais. Local mais profundo. Beebe Hydrothermal Vent Field. Corais. Dentro da Terra. Borup Fjord Pass. Lago Vostok […]

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