Astroequil: 1+1+0=?

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Leitores deste site. Venho informar que afinal as terapias que nada fazem podem dar um resultado. É verdade e vão perceber porquê. Vou limpar a imagem destas terapias, vou tirar as vendas dos vossos olhos.

Desta forma, proponho que o AstroPT produza um equipamento que produza bem-estar a quem está mal, ausência de apetite a quem quer emagrecer e dinheiro a quem quer comprar alguma coisa. Mas preciso de algum material e espero que me ajudem!

Preciso de um cão, papel cavalinho, uma ventoínha. Mas já lá vamos.

Tenho lido coisas muito interessantes na internet, contudo são ideias já usadas por cientistas e isso deixa de ter piada. O LHC está em pausa mas deu bons resultados há pouco tempo – e estamos muito orgulhosos disso – mas, não sei como, a tecnologia já está disponível nos salões de beleza. “Este acelerador de partículas tem-se demonstrado muito eficiente no tratamento de qualquer caso de doença da homeostasia”. É um aparelho que cura tudo mas que não está em hospitais nem tem a cura para as doenças realmente graves!

Voltando à minha ideia, quero fabricar aqui e agora o Astroequil. Já temos uma espécie de Astrokill que mata teorias parvas, mas isto é diferente, é inovador!

Primeiro colocamos umas 2 ou 3 folhas de papel cavalinho lado a lado, regamos com saliva de cão da pradaria e pomos em cima do cliente 10 minutos e 37 segundos. Depois retiramos com luvas e pinças. Vai a secar para a frente de uma ventoínha e temos um papel com informação sobre o cliente – porque as toxinas, as energias, as vidas passadas e as enxaquecas do cliente passam por osmose para as folhas. De seguida podemos ler com o auxílio de uns óculos – podemos usar uns daqueles 3D e usar um néon para dar estilo e justificar o preço. Usamos uma lanterna de infravermelhos com um scanner especial (pode até estar desligado para não gastar luz). Depois, tcharam! Produzimos uma dissertação! Para tornar mais emotivo dizemos que podemos passar com uma raquete quantificada com iões de ozono medicinal para promover não o equilíbrio, não o reequilíbrio mas sim o rerereequilíbrio – algo mais profundo, algo que vai à alma, e é isso que as pessoas procuram, o alívio das dores da alma.

Por fim, chegou o momento de confirmar, recorrendo à matemática, que terapias que nada fazem podem dar um resultado. Ora reparem

1 + 1 = 2

1 + 1 + 0 = 2

Cá está. Temos os lava-pés que tiram as toxinas; os aceleradores de partículas em salões de beleza, e toda aldrabice que para aí anda. Estas aldrabices, misturadas com tudo o resto é a mesma coisa que nada. Dão resultado por serem inóquas (salvo algumas excepções que só podem ser prejudiciais – e refiro-me apenas a questões físicas, pois as monetárias serão sempre alvo de impacto negativo por parte destas terapias). O “0” pode estar a somar que é a mesma coisa que nada. Temos o exemplo da Hidrolinfa e, homólogos, que pede para a pessoa não deixar de tomar medicamentação e ver os resultados. É óbvio que o resultado será devido ao somatório dos números diferentes de “0”.

3 comentários

  1. Este é mais engraçado 1-1+1-1+1-1+1-1….=1/2

    http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=PCu_BNNI5x4

  2. Esqueceram-se de mencionar que não só 10 min. e 37 s, mas sim exatamente 10 min. e 37 s. Mais segundo ou menos segundo e é necessário recomeçar o tratamento outra vez e comprar nova dose de seja lá o que for.

  3. A questão da fobia pelas doenças e a cura por sugestão está estudada pela medicina e em alguns casos até é usada para resolver o problema..
    Aproveito para relatar de memória uma situação que foi tema de conversa há muitos anos, por um jovem estudante de medicina:
    “Um médico assistia um doente que sofria de asma desde tenra idade, até que decidiu confiar um segredo ao seu paciente, já adulto:
    – Meu caro, você não sofre de asma, eu prescrevi-lhe placebo desde há muito tempo. Aos anos que você não tem problemas.
    -Dr., o que é o placebo?
    -É um comprimido sem efeitos terapêuticos; farinha prensada.
    O felizardo do paciente voltou ao seu dia a dia, mas o certo é que naquela noite ele foi de estarolas para o hospital com um valente ataque de asma.”

    Possivelmente voltou a levar com mais farinha para pintos de formato e cor diferente, para não desconfiar!
    Estes eventos são do conhecimento de quem estuda medicina .Existem situações ainda mais bizarras, que acabam por ser adaptadas para o cinema com uma narrativa muito mais exagerada e ficcional do que a realidade observada, como o filme de David Cronenberg “The Brood” ou “Os filhos da raiva”, em Portugal.

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