Arrotos e outras coisas muito importantes

IMAGEM - Capa Consegues arrotar muito alto

Acaba de ser publicado na colecção Gradiva Júnior o livro com o divertido título “Consegues Arrotar Muito Alto?”. O livro é de Glenn Murphy e a tradução do autor destas linhas.

Glenn Murphy é um divulgador de ciência que trabalhou no Museu de Ciência de Londres e que tem escrito para o público juvenil. Este é o terceiro livro de Murphy publicado na Gradiva Junior. Os anteriores foram “Porque é que o ranho é verde?” e “Coisas que te fazem borrar de medo”.

Em “Consegues Arrotar Muito Alto?” o autor explica, de forma divertida e rigorosa, diversos assuntos da ciência e do mundo em que vivemos. Faz isso através de um diálogo com um jovem que o provoca com questões muito pertinentes fazendo justiça ao subtítulo do livro: “e outras perguntas (e respostas) extremamente importantes”. Glenn Murphy escreve numa linguagem coloquial e juvenil mas que facilmente cativa leitores de todas as idades. Até porque os assuntos tratados neste livro interessam a todos e despertam a curiosidade, elemento essencial para uma melhor e eficaz transmissão de conhecimentos.

O diálogo original flui ao longo de 265 páginas com perguntas e respostas agrupadas em cinco capítulos. O primeiro intitula-se “Ciência sobre mim” e nele são respondidas questões sobre o arroto (que dá título ao livro), sobre traques, soluços, respiração, febre dos fenos, coisas picantes, entre outros assuntos de biologia que nos explicam porque somos como somos.

“Caos climático” é o título do segundo capítulo. Nele é discutido o aquecimento global, a mudança do clima, o efeito de estufa de forma pormenorizada e preocupada. Mas fala-se também sobre o efeito dos traques das vacas na mudança climática em curso e sobre a maneira de usar cocó de animais para produzir electricidade!

No terceiro capítulo o autor trata de responder a questões “em movimento”. Desde porque é que os grandes navios não se afundam, passando pelos aviões e viagens espaciais, até às novas tecnologias de levitação magnética que permitem que comboios flutuem sobre carris e atinjam enormes velocidades. Neste capítulo o leitor (que também se está a mover com a Terra) é envolvido em perguntas e respostas que lhe permitem aprender muitas coisas curiosas sobre a física do movimento e das coisas que se movem no nosso mundo contemporâneo.

O quarto capítulo abre uma janela sobre “enigmas” que desafiam o conhecimento científico actual. Saliente-se a preocupação de Glenn Murphy em desmontar muitas ideias feitas que alimentam as pseudo-ciências e que infelizmente estão a crescer, quais ervas daninhas a iludir a curiosidade humana. Neste capítulo o autor responde esclarecedoramente a questões sobre a inteligência humana, sobre a memória, sobre se podemos aprender a ler pensamentos e a mover objectos, sobre a diferença entre um computador e um cérebro, sobre o que é um déjà-vu.

No quinto e último capítulo trata-se algumas “grandes questões”. E com elas surgem respostas inesperadas que satisfazem a nossa curiosidade e que cultivam o espanto. Existirá alguma coisa mais quente do que o Sol? Qual é a coisa mais rápida à face da Terra? Qual será o animal mais resistente do mundo? E porque é que a água é molhada? Não há nada mais molhado do que ela?

Outro aspecto que torna a leitura deste livro agradável é que o leitor pode abrir o livro em qualquer pergunta, por ventura numa em que a sua curiosidade tenha tropeçado, e seguir a resposta sem qualquer necessidade de ter lido as outras partes do livro. Para além disso, as perguntas são estimulantes e as respostas estão explicadas de forma muito original, despidas de “partes chatas” e com muitos factos interessantes. O tom coloquial que o autor usa permite uma leitura fluida e que deixa boas dicas para conversas entre colegas e amigos.

Um livro que dispõe bem, provocando aqui e acolá uma boa gargalhada e que, apesar de se dirigir ao público juvenil, se aconselha a todas as idades.

Sorria com boa ciência.

 

António Piedade

Recensão publicada primeiramente na Imprensa Regional – Ciência viva (http://www.imprensaregional.cienciaviva.pt/conteudos/artigos/?accao=showartigo&id_artigocir=471)

2 comentários

    • Nuno José Almeida on 11/09/2013 at 17:08
    • Responder

    “efeito dos traques”

    Se vem isto no livro, está mal porque o metano libertado pelas vacas e por arroto

    “As vacas emitem uma grande quantidade de metano através do arroto, e uma menor quantidade através da flatulência, ou seja, do seu pum. As estatísticas variam sobre quanto metano a vaca leiteira média expele. Alguns especialistas dizem que de 100 a 200 litros por dia, enquanto outros dizem que pode chegar a 500 litros por dia. De qualquer forma, é muito metano, uma quantidade comparável à poluição produzida por um carro em um único dia.”

    in howstuffwork

      • António Piedade on 12/09/2013 at 14:29
      • Responder

      Comentou bem. No livro o autor reconduz a pergunta respondendo com a maior importância do metano expelido através do arroto das vacas.

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