Descoberto um jovem Planeta-Órfão

Um planeta-órfão é um planeta que viaja pelo espaço sem orbitar qualquer estrela. Em inglês, é chamado de rogue ou free-floating.
Existem já alguns destes candidatos a planetas.

Crédito: N. Metcalfe & Pan-STARRS 1 Science Consortium

Crédito: N. Metcalfe & Pan-STARRS 1 Science Consortium

Agora, foi descoberto um destes planetas, planeta-órfão, que foi designado por PSO J318.5-22.
O planeta é bastante frio e praticamente indetectável. Para terem uma ideia, olhem para Vénus no céu, e conceptualizem que este novo planeta é 100.000.000.000 de vezes menos brilhante que Vénus. Curiosamente foi detectado directamente através de imagens em infravermelho, quando os astrónomos procuravam anãs castanhas.

Este planeta foi descoberto pelo telescópio Pan-STARRS 1 (PS1), no Hawaii, que todas as noites produz dados astronómicos equivalentes a 60.000 fotos tiradas de iPhone. A quantidade de dados já recolhida por este telescópio é de cerca 4.000 Terabytes, o que é mais do que a soma de todos os filmes já feitos, de todos os livros já publicados e de todos os álbuns de música já criados.

O planeta encontra-se relativamente perto da Terra, a cerca de 80 anos-luz da Terra.
Este planeta é massivo, com 6 vezes mais massa que o planeta Júpiter.
Por último, mais uma característica “estranha”: é um planeta bastante jovem, formado há somente 12 milhões de anos (como comparação, o nosso planeta tem 4,6 mil milhões de anos).

A pouca massa (comparando com anãs vermelhas e anãs castanhas) e a falta de metano, são evidências de que se trata de um planeta e não de uma categoria de sub-estrela ou tipo de anã castanha/marrom.
O facto do planeta ser muito parecido com jovens planetas gigantes encontrados ao redor de outras estrelas também evidencia tratar-se definitivamente de um planeta.

Esta é uma notícia fantástica!
E não sei se os simples factos permitem apreciar tudo.

Por isso, vou repetir os pontos principais:
– pela primeira vez foi confirmada a existência de planetas-órfãos.
– o planeta foi detectado directamente, e não por métodos indirectos (como na maior parte das descobertas de planetas).
– é um planeta incrivelmente jovem.

O investigador, professor e astrónomo Michael Liu, pertencente ao Instituto de Astronomia da Universidade do Hawai, e líder da equipa que descobriu este planeta, disse:
“Questionei-me muitas vezes se estes objectos solitários existiriam e agora sabemos que sim. (…) Nunca tínhamos visto antes um objecto a flutuar livremente no espaço com este aspecto. Tem todas as características dos jovens planetas descobertos ao redor de outras estrelas, mas vagueia completamente só.”

Leiam a notícia em inglês, nos artigos originais, aqui e aqui.

Concepção artística do planeta PSO J318.5-22. Crédito: MPIA/V. Ch. Quetz

Concepção artística do planeta PSO J318.5-22. Crédito: MPIA/V. Ch. Quetz

11 comentários

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  1. Excelente artigo….. Carlos Oliveira !!!!!

    Uma pergunta interessante. Este planeta órfão ficará a vagar indefinidamente ou ele pode ser “capturado” por alguma estrela e vir a deixar de ser órfão?
    É possível saber a direção na qual ele se desloca? Por exemplo se ele está vindo em direção ao nosso sistema solar?

    1. Ele deverá ter estado ligado a uma estrela e deverá fazer parte de uma no futuro.
      Digo isto porque, sabe-se agora, ele faz parte do grupo de estrelas “Beta Pictoris Moving Group”.
      https://en.wikipedia.org/wiki/Beta_Pictoris_moving_group

      Ele está demasiado longe do sistema solar para se falar em direções nesse sentido.
      Seria o mesmo que perguntar se um caracol no Chile vem na direcção da Rússia.

      abraços!

  2. Estou bastante impressionado com a potencialidade da tecnologia
    Muito legal mesmo!

    Eu já acho que a ocorrência de astros sem estrelas deve ser bem maior doq o número de estrelas.

    Se não existe essa regra, pode chamar de “Regra do Xevious”
    Se houver certa ocorrência de algum tipo de astro, é provável que aja mais ocorrência de astros menores.

    Isso não é só com astros, pode-se ver aqui na Terra também em vários exemplos.

    • Ricardo Correia on 16/10/2013 at 16:29
    • Responder

    Também se podem chamar Planemos (PLANEtary Mass Objects) – No Google aparecem com esse nome…
    Fiquei surpreendido por só agora terem a certeza de que eles realmente existem.
    Pensei que era um facto consumado, a existência deles…

    Carlos, por favor edite esta parte do comentário
    Estou mesmo a ver os pseudo profetas da desgraça a aproveitar esta descoberta…

    1. Qual parte do comentário? 🙂

      A existência deles era um facto… mas não observacional.
      Existiam vários candidatos. Mas não se tinha a certeza se seriam anãs castanhas de baixa massa…
      Este parece ser o primeiro em que há certeza que só pode ser planeta…

      abraços!

  3. Esse planeta pode, algum dia, chocar-se com outros planetas?

    1. Não 😉
      Está muito longe de tudo 🙂

      Claro que daqui a alguns bilhões de anos… não se sabe 😉

        • Sérgio Martins on 16/10/2013 at 19:45

        (E divagando…) se bem que, sendo um planeta com alguma dimensão (para planeta), deverá gerar gravidade capaz de atrair tudo o que lhe apareça por perto. Isto é, daqui a alguns milhões de anos deverá ser um planeta ainda maior.

  4. Se a formação planetária é atribulada como os novos modelos *com colisões e planetas sendo expulsos dos sistemas*, deve haver uma boa quantidade de Planetas, Planetas-Anões e Planetesimais flutuando no vazio do espaço entre as estrelas.

    1. True 🙂

    2. Em vez de naves, pode-se apanhar boleia/carona deles 😀

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