Que mal tem a Radiação?

Neste artigo vou falar sobre as consequências negativas da radiação no corpo humano (em particular aquelas com que “convivemos” no nosso dia-a-dia).

dangerrads

Importa começar por referir o que é a radiação: ondas de energia com uma dada frequência (esta não é uma definição técnica). A frequência (que pode ser entendida como os ciclos por segundo dessas ondas) faz variar o tipo de radiação em causa – quanto maior a frequência, maior a energia associada à radiação. Do mais fraco para o mais forte (em termos de frequência, ou energia, se preferirem) temos:

  • Rádio – como o nome indica, as ondas de rádio, televisão, WiFi*, telemóveis*, etc., incluem-se nesta categoria;


Rádio Telescópio – capta radiações nesta gama, vindas de todo o universo.

  • Microondas – aquelas que conseguem aquecer os alimentos, num aparelho que tem o mesmo nome;
  • Infravermelho – radiação emitida pelos corpos humanos, por exemplo, daí que estes possam ser vistos com câmaras sensíveis a esta radiação (mesmo na ausência de luz “visível”);


Fotografia de um cão na gama do infravermelho.

  • Visível – luz que conseguimos ver (ou seja, os nossos olhos são apenas sensíveis a esta faixa de frequências), também é uma forma de radiação;
  • Ultra-violeta –aquela que devem evitar em certos dias de Verão, mas que também é chamada de “luz negra” e que é usada, por exemplo, em discotecas;
  • Raios-X – usados em exames médicos, um “contacto” frequente com este tipo de radiação pode ter graves consequências para a saúde;

Primeira radiografia da história, feita por Rontgen à mão da sua esposa.

  • Raios Gamma – emitidos por estrelas, os quais felizmente não chegam até nós.

*Estes também podem ser colocados na gama das microondas, depende da convenção de qual a gama de frequências que inclui…

 

Poderiam pensar que faria sentido que só a radiação mais energética que a visível é que nos deveria fazer mal, visto que estamos expostos à luz todos os dias e não é por isso que ficamos mais debilitados. Na verdade não é bem assim, pois basta lembrarem-se que a própria luz do Sol, mesmo contando que não haja elevados níveis de radiação ultra-violeta, pode conduzir a graves doenças de pele, se se deixarem “queimar” por ela. E quando é que isso acontece? Quando têm uma exposição prolongada. Portanto, para pensar na questão das consequências que podem surgir do contacto da radiação com o corpo humano, é necessário não só pensar no nível energético da radiação em causa, mas também no tempo a que estão sujeitos a ela. Além disso, há ainda a questão da intensidade. Como já expliquei anteriormente, no artigo onde abordei o efeito fotoeléctrico, a intensidade está relacionada com o número de partículas que constituem a radiação, enquanto que o “nível energético” que referia antes, relacionado com a frequência, é uma característica de cada uma dessas partículas (não necessariamente iguais entre si). No uso de raios-X, por exemplo, a intensidade usada é desigual consoante o paciente seja adulto ou criança (sendo usadas intensidades inferiores para este último).

Assim, também a radiação menos energética pode trazer problemas, contando que a intensidade e o tempo de exposição sejam suficientemente elevados. Um exemplo disso são os telemóveis: como passamos muito tempo com eles, isso acaba por “compensar” o facto de usarem uma radiação de baixa frequência. Além disso, a intensidade aumenta significativamente durante as chamadas, pelo que quanto mais usamos o telemóvel, maior é o risco de vir a ter problemas de saúde devido à sua utilização.

Existe um estudo de 2014 sobre os telemóveis, que mostra que não devem ser responsáveis por cancro, o que de resto era expectável, visto que para a contracção de cancro são necessárias radiações ionizantes, em que o UV é a radiação menos energética ionizante). Ainda assim, é difícil de prever que outros problemas de saúde poderão advir da utilização de telemóveis. É, por isso, desaconselhável dar um telemóvel a uma criança! Sempre que possível, é preferível enviar uma mensagem (sms), do que telefonar. Se possível, também, não manter o telemóvel junto ao corpo; se o puderem deixar sempre a mais de meio metro de vós, melhor ainda! De modo semelhante, se puderem ter o computador ligado à internet por cabo, ao invés de usarem wireless, a vossa saúde poderá sair beneficiada.

Outro assunto que talvez tenham interesse em saber é em relação à radiação que os cabos de elevada tensão transmitem para o meio em redor. Estes cabos criam campos eléctricos bastante poderosos, mas que decaem muito rapidamente com a distância, apresentando só algum perigo para quem estiver muito próximo deles (alguns centímetros). Outro tipo de campos que também são criados, são os magnéticos, sendo estes também praticamente inofensivos, visto que os valores não chegam a 10% do valor a partir do qual se considera perigoso. Ainda assim, a OMS (Organização Mundial de Saúde) é um pouco mais reticente quanto à prolongada exposição de crianças a estes campos magnéticos, devido ao risco de desenvolver-se uma forma de cancro: leucemia (ainda que não seja sempre e nem sequer esteja explicado como tal é possível, aliás, nem as estatísticas feitas são aceites, pois existe falta de dados: poucos casos de leucemia e pouca gente a viver junto de linhas de Muito Alta Tensão, ainda assim, é melhor prevenir). Quanto a outros animais, tanto quanto se sabe, não são afectados por estes campos electromagnéticos (de modo “significativo”, pelo menos).

Para concluir, pergunto-vos se já viram o famoso vídeo em que se vê telemóveis a fazer pipocas?
Se não, podem ver aqui:

Isto é uma montagem!  As ondas de telemóvel não conseguem gerar calor suficiente para tal, nem que fossem dezenas de telemóveis. Podem comprovar o desmentir dessa teoria, pela própria pessoa que a inventou:

Em suma, a mensagem que quero deixar é que existe realmente um risco, mas em muitos casos este é exagerado por quem não sabe do que está a falar, pois na maioria dos casos não está provado que seja assim tão grave. É claro que quanto mais energética for a radiação, menor é o tempo de exposição necessário para que hajam problemas para a saúde. Fazer raios-X, por exemplo, comporta riscos. Embora o número “redondo” de raios-X máximo aconselhável que uma pessoa pode fazer por ano seja de 5, isso não implica que não se possam fazer excepções. Digamos que é um compromisso, como muitos outros que fazemos na vida, onde aceitamos que um dado risco é aceitável tendo em consideração as benesses.

6 comentários

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  1. E estamos cada vez mais nos envolvendo num mar cada vez mais espesso de radiação.

    Pra ter uma ideia de quanto que isto representa, posso informar que em breve estaremos “garimpando” essa mesma energia a transformando em energia reutilizável, como pode ser visto neste artigo => http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=coletor-sem-fios-recupera-energia-perdida-ambiente&id=010115131108

    • Alexandre Mello on 04/12/2013 at 17:02
    • Responder

    Creio que cometeste um erro em seu artigo ao afirmar que a intensidade maior compensa o menor nível energético, pois isso não é verdade se a radiação não for ionizante. As microondas por exemplo não poderiam causar câncer pois não tem o poder de, ionizando, gerar transformações químicas no material biológico. Exposição a radiação intensa de microondas pode até causar queimaduras, mas não um efeito invisível como o causado pela radiação ionizante.

    Os cientistas não afirmam categoricamente que não causa câncer simplesmente porque pode existir algum efeito desconhecido que poderia levar ao câncer e somente um estudo a longo prazo poderia dizer com certeza. Mas a forma normal que a radiação leva ao câncer, que é por ionização, com certeza não está em efeito no caso das microondas.

    1. De facto tem razão, e estou ciente disso. Quando digo “a comunidade científica concorde que existe o risco de contracção de cancro”, basicamente quero dizer: “não metem as mãos no fogo”… É realmente verdade que a comunidade científica não aconselha que sejam dados telemóveis a crianças, no entanto, não existe realmente nenhuma boa razão para isso (pelo menos deste ponto de vista). Tal como digo antes: “não existem ainda estudos conclusivos e definitivos”. Talvez a minha escolha de palavras não tenha sido a mais feliz.

      1. Alterei um pouco o artigo para acomodar uma notícia que saiu ontem e que vai de encontro ao que referiu:
        http://news.sciencemag.org/signal-noise/2014/02/report-cellphones-dont-cause-cancer

  2. “Raios Gamma – emitidos por estrelas, os quais felizmente não chegam até nós”

    ai chegam, chegam…

    1. A maior parte é absorvido na atmosfera. Se não o fosse, não estaríamos aqui para discutir o assunto.

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