Gravity

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O filme Gravidade é certamente candidato a Óscar de melhor filme do ano.

Recomendo vivamente que apreciem a “magia” deste belíssimo filme da melhor forma possível: IMAX 3D .

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Existem duas coisas que sobressaem neste filme: a parte visual do filme que é maravilhosa (best ever!) e a performance da extraordinária Sandra Bullock (candidata a novo Óscar de melhor actriz).

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Gostei de ver que o lixo espacial foi tido como causa principal para o enredo do filme.
Lixo espacial é realmente um problema importante e que nos poderá trazer dissabores no futuro.

Gostei também de ver o “apoio” internacional no espaço: a Estação Espacial Internacional, a nave russa Soyuz, e a estação espacial chinesa Tiangong. Já para não falar da comunicação com o esquimó…

Gostei bastante das cenas mais dramáticas e simultaneamente com mais acção do filme, em que parece que estamos desorientados, “à deriva”, juntamente com os astronautas.

Obviamente adorei as imagens espaciais, sobretudo as iniciais, que nos mostram o quão belo é o nosso cantinho do Universo.

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Parece-me que o filme é um Robinson Crusoe no espaço.
Um náufrago fica isolado durante um largo período de tempo, fazendo tudo para se salvar e voltar para a civilização, apesar de todos os contratempos que vai tendo.

Ao contrário do Robinson Crusoe, como a Bullock usa um fato de astronauta, por vezes está claustrofóbica, apesar de ter todo o espaço no Universo.

Além do final, não gostei sobretudo de duas coisas:
– quando estava na Soyuz, ela percebeu que a única forma de mover a nave seria com os propulsores de aterragem. Fazer com que isso fosse supostamente dito pelo falecido astronauta Kowalski é chamar o sobrenatural para uma cena que deveria ser uma celebração do engenho e criatividade humanas.
– por duas vezes ela faz referência a uma entidade divina, pedindo “benesses”. Aliás, na cena final, já em Terra, ela agradece supostamente a essa entidade. É uma forma de agradar ao público americano – sempre desejoso de ver esse tipo de cenas nos filmes. No entanto, é uma estupidez. Ela está a agradecer a essa suposta entidade ter morto vários astronautas? Ou a insensibilidade dela é tal que só pensa nela (egoísmo) e já esqueceu os outros astronautas?

O facto do sobrenatural, o sentimento religioso, ter sido chamado ao filme numa personagem que deveria ser uma cientista fez-me obviamente desgostar dessas partes do filme.

O filme é muito detalhado e é bastante realista, apesar de ter algumas pequenas coisas que não são bem assim. No entanto, como diz o astronauta Michael Massimino, o filme não é um documentário e deveria ser utilizado como inspiração para apostarmos mais na exploração espacial. Buzz Aldrin disse mesmo que estava impressionado com o realismo do filme.

Neil deGrasse Tyson diz que só os melhores filmes ou aqueles dos quais mais gostamos é que recebem as nossas críticas. Por isso, deveria ser uma honra para esses filmes serem criticados. Por outro lado, diz também Tyson que só são criticados cientificamente os filmes que se advogam de conter detalhes científicos correctos. No caso de Gravity, Tyson diz que o filme está carregado com dezenas de detalhes cientificamente correctos, dos quais realço as lágrimas de Bullock a flutuarem na cápsula.

Claro que há sempre alguns pormenores que estão cientificamente errados, como por exemplo, alguns sons no vácuo, ou o facto da Estação Espacial Internacional estar demasiado próxima do telescópio espacial Hubble (na realidade, não está), ou o cabelo da Bullock não flutuar, ou o pára-quedas da Soyuz abrir-se no espaço.
Para mim, o “pior erro” foi o facto de após o acidente, eles tentarem se agarrar a qualquer coisa àquela velocidade; a única consequência naquele caso seria, penso eu, furarem as luvas ou outra parte do fato espacial.
E, claro, não gostei do final irrealista: preferia que ela tivesse morrido, mas isso faria com que o filme perdesse a mensagem de esperança.

Se o filme fosse totalmente real, então demoraria poucos minutos, até isto acontecer e ficaria por aqui:

No entanto, tudo isto parece-me desculpável. Afinal, estamos na presença de um filme de entretenimento e não de um documentário. Daí que continuo a defender que este filme é excelente!

8 comentários

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  1. Acho que esta reposta do Chris Hadfield brilhante e que a realidade por vezes é bem diferente! ; )

    https://www.youtube.com/watch?v=LE69qAwo_50

    1. 😛 😛 😛 😛

      Concordo com o Conan: o filme ficou muito melhor assim 😛
      Qualquer gajo concorda 😛 ehehehe 😀

  2. Não me lembro de erros em relação aos sons, inclusive achei muito interessante a forma como os sons foram incluídos de modo que se tivesse a impressão de que estavam sendo transmitidos pelo contato das luvas com os objetos, como os astronautas deveriam ouví-los por dentro do traje espacial. Lembrou-me de quando, ao usar tampões de ouvido para dormir, ouço os lençóis ou o colchão raspando meu corpo ou mesmo quando mergulhando em uma piscina ouvimos sons externos quase como se partissem de dentro de nós.

  3. O que aconteceria se um astronauta ficasse sem o seu macacão espacial, a morte me parece que seria certa, porém o que aconteceria com seu corpo?
    Fique imaginando isso quando mostra a cena que ela está sonhando, daí o companheiro de trabalho dela entra na espaçonave, ela meio que prende a respiração…. o que aconteceria se fosse na vida real?

    att.
    Célio S. Mota

  4. Fantástico!, ótimo review dessa maravilha do cinema.

  5. Vou ver certamente, mas não tenho pressa

    Tava com pressa de ver o “Viajem a Europa” que vi ontem

    mas como só tem desconhecidos e talz, creio que ninguém conheça..

  6. Outro pequeno erro é o lixo-espacial proveniente da fragmentação de satélites estar na mesma altura e sentido orbital das Estações Espaciais, o que não é verdade.
    Mas de qualquer forma concordo, o filme é fantástico e junto com o “Relatório de Europa”, são os melhores filmes espaciais do ano. E se alguém falar que prefere Prometheus perdeu o amigo, 😀

  7. Eu amei o filme…. Muito bem realizado, muito bem detalhado (apesar de alguns detalhes científicos citados acima) e apesar do roteiro um tanto simples… Só não gostei do momento “Wall-E” que achei forçado demais! Já seria uma enorme aventura apenas tentar retornar a ISS e pegar carona na Soyouz , mas inventaram que só isso não seria suficiente para a ação do filme (pra mim, só isso já bastaria para horas e horas de muita ação!!) Mas de qualquer forma, achei muito bem feito todas as cenas (exceto a já citada acima, para a qual torci o nariz…) , todos os detalhes estão lá, para puro deleite de quem acompanha a ISS, os ônibus e, as caminhadas especiais . Foi impressionante como conseguiram tanta fidelidade estando em terra..

  1. […] que está ao nível de um Gravidade e Interstellar. Mas está abaixo do Relatório Europa. Só para referir os filmes mais […]

  2. […] do Espaço com chave de ouro, a equipa do Ciência Viva e do ESERO Portugal irá exibir o filme Gravidade e de seguida irá existir um debate com cientistas, psicólogas e o público […]

  3. […] longe. Pode-se comparar com alguns assuntos sociais, como existe no website 9gag. É que o filme Gravity teve um custo superior a esta missão, e o clube de futebol Manchester United gastou muito mais em […]

  4. […] The Happening. Final Alternativo. Avatar: filme, plantas, ciência, comentário. Gravidade: resumo, análise, comentário. […]

  5. […] que vi, há dois que considero excelentes, apesar de por motivos diferentes. Um deles é o filme Gravity, que é excelente em termos visuais e pelo entretenimento. Já falei dele, neste post. O outro […]

  6. […] filme Gravity é um dos pretendentes ao Óscar de melhor filme de 2013 (leiam aqui e aqui). Vejam agora esta pequena animação humorística que resume todo o filme a somente 1 […]

  7. […] Gravity proporciona o mesmo tipo de experiência que costumávamos ter na Feira Popular, uma viagem espetacular na maior montanha russa de todas, tão elevada como uma estação espacial, uma montanha em cujos carris invisíveis deslizam câmaras que não cessam de vaguear de um lado para o outro, colocando o espectador suspenso no Espaço em longas sequências que devem ter sido incrivelmente complicadas de se fazer. […]

  8. […] « Gravity […]

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