Descoberta Anã Castanha a Apenas 7.2 Anos-Luz

O astrónomo Kevin Luhman (Pennsylvania State University) utilizou dados recolhidos pela missão WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), que observou o céu completo em infravermelhos por duas vezes, para identificar uma anã castanha situada a apenas 7.2 anos-luz do Sol na direcção da constelação da Hidra. Trata-se do quarto sistema mais próximo do Sol depois da Alfa do Centauro, a 4.3 anos-luz, da Estrela de Barnard, a 6.0 anos-luz, e da WISE 1049-5319 (um par de anãs castanhas também descobertas por Luhman em 2013) a 6.6 anos-luz. A nova anã castanha, designada de WISE 0855-0714 (curto para WISE J085510.83-071442.5), é também a mais fria conhecida, com uma temperatura no topo da atmosfera entre os -48 e -13 Celsius.

This diagram illustrates the locations of the star systems closest to the sun. The year when the distance to each system was determined is listed after the system's name.

O WISE observou o céu em comprimentos de onda no infravermelho, a zona do espectro em que a WISE 0855-0714, devido à sua baixa temperatura, emite a maior parte da sua energia. Para além disso, como se encontra na vizinhança imediata do Sol, o seu movimento aparente no céu, medido relativamente ao fundo de estrelas mais distantes, é anormalmente grande e facilmente detectado em imagens obtidas com um intervalo de apenas alguns meses. Trata-se de um simples efeito de perspectiva que é utilizado de forma muito eficaz pelos astrónomos para identificar objectos potencialmente próximos do Sol.

This 4-panel image shows the coldest brown dwarf yet seen, and the fourth closest system to our sun. Called WISE J085510.83-071442.5, this dim object was discovered through its rapid motion across the sky.

PIA18002-Cold-BD-640

Para tirar o assunto a limpo, em Março de 2013 Luhman analisou várias imagens entretanto obtidas da WISE 0855-0714 pelo Telescópio Spitzer. As imagens, em diferentes comprimentos de onda do infravermelho, permitiram determinar a temperatura da anã castanha. As observações combinadas do WISE e do Spitzer, realizadas quando a Terra estava em diferentes posições na sua órbita, permitiram determinar a distância à anã castanha em 7.2 anos-luz pelo efeito de paralaxe. A distância permitiu determinar a sua luminosidade real que, combinada com a temperatura, permitiu deduzir, com base em modelos teóricos, uma massa entre 3 e 10 vezes a de Júpiter para a WISE 0855-0714, uma das massas mais baixas conhecidas para uma anã castanha.

Podem ver a notícia original aqui.

4 comentários

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  1. Na realidade não se trata de estrelas. As anãs castanhas não têm a massa crítica necessária, cerca de 80 vezes a massa de Júpiter, para iniciar a fusão do hidrogénio no seu núcleo. São portanto objectos sub-estelares. Algumas delas atingem uma temperatura suficiente para realizar a fusão do deutério durante alguns milhares de anos mas esse combustível rapidamente se esgota. As anãs castanhas são suportadas pelo calor resultante da sua formação e pela pressão degenerada dos electrões no seu núcleo, o mesmo mecanismo que estabiliza as anãs brancas mas com densidades muito menores no caso das anãs castanhas.

    • José Simões on 26/04/2014 at 20:40
    • Responder

    ” é também a mais fria conhecida, com uma temperatura no topo da atmosfera entre os -48 e -13 Celsius”

    Uma estrela habitável.

    • José A. S. Campos on 26/04/2014 at 19:43
    • Responder

    Esta recentemente descoberta estrêla-anã está localizada na constelação da Hidra. Concordo que deve haver mais estrêlas-anãs ainda por descobrir na vizinhança do nosso sistema solar, de preferência com a ajuda de telescópios de infra-vermelho. A saga das descobertas astronómicas continua no excitante mundo da Astronomia!
    José A. S. Campos (Setúbal)
    Descobridor independente do cometa periódico Haneda-Campos D/1978 R1 (de Durban, Àfrica do Sul) a 1 de Setembro de 1978.

  2. Pela lógica devem existir muito mais anãs castanhas.

    Em qualquer lugar no universo, quando encontramos algo de certo tamanho também encontraremos uma quantidade maior de coisas menores.
    E a soma das massas dessas coisas menores devem inclusive superar as das coisas maiores..

    Fazendo uma conta rápida, usando isto como regra nesta região demonstrada, pode ser que existam dezenas de anãs castanhas..

  1. […] – Anãs Castanhas. Meteorologia. Tempo. Binário WISE J104915.57-531906. WISE J085510.83-071442.5 […]

  2. […] imagens do observatório WISE, um Sistema binário de anãs marrons apenas a 6,5 anos luz da Terra (WISE J085510.83-071442.5). Este objeto tem o 3º maior movimento próprio e a 4ª maior paralaxe entre as estrelas e anã […]

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