E.T. – O Extraterrestre

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Este filme de 1982 é fabuloso. E teve um enorme sucesso.
É um filme para ver, rever, tornar a ver, ver novamente, e continuar a ver mais algumas vezes.

Foi o primeiro filme que fui ver ao cinema. Obviamente, acompanhado por um adulto. O meu padrinho levou-me. E ainda tenho isto presente na memória. O que atesta o facto que não só a situação foi importante como o filme me marcou na infância.

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Extraterrestres vêm secretamente à Terra estudar… botânica. O grande interesse dos extraterrestres são as nossas plantas. Numa dessas vindas, existem humanos do governo que surpreendem os extraterrestres, e eles são obrigados a fugir repentinamente.
Devido à fuga repentina, sem querer, deixam um jovem alienígena para trás. Esse jovem alienígena é o E.T.

O jovem E.T. esconde-se numa garagem de uma casa.
O jovem Elliott, de 10 anos, encontra o jovem E.T., e ambos assustam-se ao darem de caras um com o outro.

Elliott consegue que o E.T. entre na casa dele, ao colocar uma fila de doces que o E.T. vai comendo enquanto segue o percurso.
O E.T., tal como uma criança, passa a imitar Elliott e a confiar nele. Elliott e o E.T. ficam amigos. Elliott é uma criança sozinha, sem amigos, por isso a amizade do E.T. é benéfica para ele. Já o jovem E.T, além de ser também uma criança, está perdido e assustado num planeta para ele alienígena, por isso a amizade de Elliott também é benéfica.

Entretanto o irmão de Elliott, Michael de 16 anos, e a irmã de Elliott, Gertie de 5 anos, também conhecem o alienígena.
Quando perguntam ao E.T. de onde ele vem, ele responde fazendo algumas bolas levitarem e criando um modelo de sistema solar que representa o seu sistema planetário de origem.
Seguidamente, ele faz com que uma planta morta volte a viver.

No dia seguinte, na escola, Elliott sente os mesmos efeitos físicos (embriaguez) do E.T. que ficou em casa a beber cerveja. Isto revela que existe uma ligação psíquica entre Elliott e o E.T.
Ainda na escola, Elliott fica muito amigo dos animais, libertando as rãs que iam ser dissecadas na aula de biologia. Isto revela uma consciência ecológica, sentindo mais empatia pela vida, pelos outros seres que coabitam a Terra.
Ainda na escola, Elliott beija uma menina de quem ele gosta, enquanto o E.T. em casa vê na televisão um ator a beijar uma atriz num filme. Mais uma vez, manifesta-se a ligação psíquica entre o E.T. e Elliott.

O E.T. aprende inglês ao repetir o que Gertie diz, enquanto Gertie vê o programa Rua Sésamo na televisão.
Ao ler banda desenhada/quadrinhos do Buck Rogers, o E.T. tem a ideia de construir uma máquina que lhe permita comunicar com o seu planeta.

Enquanto isso, a casa de Elliott começa a ser vigiada por espiões governamentais.

Elliott magoa-se no dedo, começando a perder sangue. O E.T. cura-o ao tocar com o seu próprio dedo (a brilhar) no de Elliott.

Elliott e Michael tiram o E.T de casa de modo a que a mãe deles não o veja, e o E.T. tente comunicar com o seu planeta natal. Ele comunica com o seu planeta a partir da floresta. No entanto, o E.T. fica perdido.

Michael encontra o E.T. moribundo. Simultaneamente Elliott também se sente moribundo.
A mãe descobre que o seu filho Elliott está a morrer, e devido a uma ligação psíquica com um alienígena, que também está a morrer.

Agentes governamentais capturam o E.T. e Elliott, e criam uma unidade médica.
Elliott recupera e aparentemente o E.T. morre.

O E.T. volta a viver, e revela que os seus amigos estão de volta à Terra.

Elliott tenta proteger o E.T., de modo a evitar que ele seja capturado.
Elliott, Michael e alguns dos seus amigos, ajudam o E.T. a escapar dos agentes governamentais.
Enquanto fogem de bicicleta, o E.T. utiliza novamente a telecinésia para fazer com que as bicicletas voem e eles possam escapar.

A nave espacial com os conterrâneos de E.T. volta, e o E.T. despede-se dos seus novos amigos terrestres.
O E.T. compreende a ajuda que Elliott e os seus irmãos, lhe deram para que ele possa regressar com vida ao seu planeta.
Por isso, antes de ir embora, vira-se para Elliott, com o coração a brilhar, e diz-lhe que ele (E.T.) vai estar sempre com Elliott – apontando para a sua mente… o que pode querer dizer que o E.T. vai continuar na memória de Elliott ou que a ligação psíquica entre eles irá de alguma forma continuar.

De seguida, o E.T. entra na nave e vai-se embora em direção ao espaço.

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O filme E.T. influenciou enormemente a ficção científica.

Até esta altura, os extraterrestres eram chamados de Marcianos – mesmo quando vinham de outros planetas. Tudo mudou após este filme. A palavra “extraterrestre” passou a ser a mais popular.

Por outro lado, o filme popularizou os alienígenas como seres bondosos e “fofinhos”. Até esta altura, eles eram eram vistos como enormes, insectóides e aterradores.

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O filme é um “conto de fadas” moderno, em que os príncipes e princesas de sonho são substituídos por extraterrestres.

O filme baseou-se nas ideias de Spielberg em criança.
Tal como Elliott, Spielberg também era uma criança que se sentia só, após o divórcio dos seus pais. Por isso, criou um amigo imaginário com quem pudesse brincar.

É interessante também que Spielberg baseia-se numa família real (a dele), cheia de problemas, e não em famílias idealizadas por Hollywood que tendem a ser mais perfeitas.

É também bastante interessante que o E.T. e Elliott são basicamente a mesma personagem: ambos são crianças, ambos sentem-se sozinhos, ambos estão “perdidos” na vida (E.T. está perdido num planeta), ambos foram deixados pelo pai, ambos sentem-se assustados com o ambiente que as rodeia, ambos estão a descobrir como atuar perante situações desconhecidas, ambos tentam entender como lidar com pessoas, ambos estão a descobrir “o mundo”, etc.
Em resumo, um dos grandes temas do filme é o processo de crescimento na juventude.
Curioso igualmente que o nome de Elliott, começa com um E e acaba com um T (E.T.).

Outro grande tema do filme é a tolerância para com os outros e a comunicação entre seres.
A história mostra uma amizade entre um humano e um extraterrestre, mas na verdade o que Spielberg promove é que com tolerância e uma boa comunicação entre as pessoas, a compreensão mútua pode ser alcançada e as possíveis diferenças podem ser ultrapassadas.
Devido a esta faceta do filme, Spielberg recebeu a Medalha da Paz das Nações Unidas em 1982.

Uma outra excelente mensagem do filme é que o desconhecido pode não ser assim tão mau ou aterrorizante, como algumas pessoas nos querem fazer crer. Devíamos abraçar o desconhecido, e não ter medo dele.

Ainda outra grande mensagem no filme diz respeito à humildade.
Os extraterrestres vêm à Terra, não para se encontrarem com os Humanos, mas sim porque estão interessados nas plantas. Para os avançados alienígenas, as sempre-presentes plantas são mais importantes que os efémeros humanos.

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Provavelmente, o tema mais presente no filme é a religião. Neste caso, o Cristianismo.

Existem diversas semelhanças entre o filme e o Cristianismo, e entre E.T. e Jesus Cristo.
O E.T. pode mesmo ser interpretado como o Messias, que vem de outro mundo com uma tecnologia que parece divina para os primitivos humanos.

Vejamos 16 evidências de que este filme tem uma poderosa mensagem religiosa:
1 – O E.T. vem do céu (tal como Cristo desce dos céus).
2 – O E.T. vem de fora da Terra (tal como Cristo não é terrestre).
3 – O E.T. tem amigos humanos (discípulos) que acreditam nele.
4 – A mãe de Elliott chama-se Maria.
5 – O E.T. cura as pessoas com um simples toque.
6 – O E.T. faz milagres, tal como colocar as bicicletas a voarem.
7 – O E.T. tem um coração sagrado, que brilha (tal como no Catolicismo existe a mesma expressão).
8 – O E.T. dá a sua vida para salvar a de Elliott (tal como Cristo dá a sua vida para salvar a Humanidade).
9 – O E.T. é perseguido pela autoridade.
10 – O E.T. morre às mãos dessa mesma autoridade.
11 – O E.T. ressuscita.
12 – O E.T. consegue escapar e alcançar a liberdade, com a ajuda dos seus amigos, que sempre acreditaram nele.
13 – O E.T. diz aos que ficam, que vai estar sempre com eles, em mente e em espírito.
14 – O E.T. volta aos céus, para junto do(s) seu(s) pai(s).
15 – O arco-íris no final do filme, é um símbolo de esperança e de proteção divina, sendo também uma “benção dos deuses” (de que os deuses estão com os humanos).
16 – O poster do filme é uma quase-cópia do teto da Capela Sistina, em que temos Deus a esticar o dedo e a ligar-se ao dedo de (criar) Adão. Neste caso, no poster vemos a mesma imagem, substituindo o dedo de Deus pelo do E.T.

Concluindo, decididamente o E.T. representa Cristo.
O filme é, assim, uma representação cósmica da doutrina Cristã.

Apesar de adorar o filme, existem algumas coisas que me fazem “ficar de pé atrás”.

Adorei o filme em criança.
Depois, já adulto, no Reino Unido, tive que fazer um trabalho académico sobre ele e deparei-me com a interpretação religiosa do filme.
Senti-me “traído”. Pensava que adorava um filme sobre extraterrestres, e afinal tinham-me “vendido” um filme religioso com uma roupagem extraterrestre.

O extraterrestre é humanoide, o que para mim é detestável.

Porque o E.T. tem um coração semelhante ao nosso? Porque tem um pulso e uma forma de o medir semelhante ao nosso? Porque faz um eletrocardiograma semelhante aos nossos?
Parece-me uma limitação da imaginação.

Não consigo perceber muito bem a função do coração a brilhar/latejar.
Parece ser um dispositivo de comunicação, do género de telepatia feita com o coração.
Mas porquê o brilhar? Só consegue comunicar nessas alturas? Não parece…

Por outro lado, Michael diz aos agentes governamentais que o E.T. não comunica os seus pensamentos com Elliott, não é telepatia, mas Elliott sente o que o E.T. sente.
Ou seja, é mais empatia… uma comunicação empática.

Perto do início do filme, quando os irmãos perguntam ao E.T. de onde ele vem, ele responde fazendo algumas bolas levitarem e criando um modelo de sistema solar que representa o seu sistema planetário de origem. Ou seja, o E.T. percebe bem inglês. Como? Não se sabe…
Menos se percebe quando, mais tarde, o E.T. aprende a falar inglês ao repetir o que Gertie diz, enquanto Gertie vê o programa Rua Sésamo na televisão. Se o E.T. já entendia inglês, porquê aprender novamente?

O E.T. é uma criança alienígena. Como é que ele pode ter já tantos poderes?
Ele cura pessoas, ele ressuscita plantas, ele manipula a gravidade (objetos a voar), ele compreende línguas alienígenas (inglês), etc.
Se ele já tem tantos poderes fantásticos, quantos mais poderes terão os adultos da sua raça?

Como é que após 1 dia juntos, já existe uma ligação psíquica/sentimental entre Elliott e o E.T.?
Como é que num só dia, Elliott passa logo a ter uma consciência ecológica e uma empatia para com os animais na Terra?

Porque o fato de proteção química/biológica é idêntico aos fatos de astronauta?

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Uma curiosidade, ou melhor, duas:

Existe Guerra das Estrelas no E.T., e vice-versa.
No filme E.T. aparece o Yoda na festa de Halloween (com música de Star Wars).
E no primeiro filme de Star Wars, durante a conversa na câmara do Senado, aparece uma delegação de ETs.

Por fim, a maior surpresa: o filme era para ser de terror, com uma família barricada na sua casa e aterrorizada por extraterrestres. O filme ia incluir tortura de pessoas. Adicionalmente, o longo dedo do E.T. não servia para curar, mas para matar imediatamente as pessoas. O nome do filme era para ser Night Skies.
Incrivelmente, o argumento foi mudado, e o resultado foi o filme que conhecemos: E.T.

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1 comentário

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  1. Opa lembrei o nome do primeiro deles, Skyline. :p

  1. […] a enganar novamente, vestindo uma história religiosa de roupagem alienígena… como fez com E.T. – O Extraterrestre. É que o filme parece ter um anjo (Marcus) que entra na nave chamada Seraphim, e que dá um filho […]

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