A Minha Super Ex-Namorada

Vi recentemente este filme, que é uma comédia romântica, devido à inclusão de super-heróis.

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Este é um filme com a mesma premissa do filme Super-Homem: uma pessoa aparentemente normal, como qualquer ser humano, que usa óculos, é tímida, discreta e tem um trabalho normal de bibliotecária… na verdade tem uma identidade secreta com super-poderes. No caso deste filme, é a G-Girl, uma super-mulher.
A sua identidade “normal” é Jenny Johnson (como o Super-Homem era Clark Kent).

Jenny conseguiu os seus poderes após entrar em contacto com um meteorito. Como o contacto com uma pedra normalíssima dá poderes? Ninguém sabe… mas supostamente tem a ver com radiação.
Ela estava com o seu namorado da altura, Bedlam. Eram ambos cromos na escola. Ela ganha poderes e ele não, porque ele não tocou no meteorito. Ele adora a rapariga, mas fica com inveja dos poderes dela e do facto dela se ter tornado popular. Assim, vai passar a utilizar a ciência para ter também alguns poderes e poder ser um super-vilão – qualquer filme com um super-heroi tem que ter um super-vilão.

Entretanto, muitos anos depois, Jenny conhece Matt. Tornam-se namorados.
Matt fica a saber que ela é uma super-mulher e obviamente ele passa a desfrutar de super-sexo (na realidade, ele ficaria desfeito… mas como é filme as cenas são cómicas).

Jenny mostra-se neurótica, insegura, controladora, impulsiva, bastante crítica, exigente, agressiva, ciumenta, possessiva, instável, manipuladora e demasiado carente. Matt não se sente bem na relação, começando a perder a sanidade. Matt é infeliz e sente-se preso, “refém do medo”. Quando não consegue aguentar mais a pressão que lhe é imposta, decide acabar o namoro com Jenny.
Simultaneamente, Matt começa a gostar de uma colega de trabalho, a adorável Hannah.

Jenny não gostou que Matt a tivesse deixado e passa a utilizar os seus super-poderes para se vingar de Matt. A essência do filme começa realmente aqui…

Jenny faz com que Matt perca o emprego, quase perca Hannah, e pense em deixar a cidade.
Matt só quer esquecê-la. Mas Jenny continua obcecada por ele.

Bedlam contacta Matt. Matt, Hannah e Bedlam “derrotam” Jenny.
Na verdade, Jenny recebe uma “sessão de intervenção da razão” (quase como se fosse para uma clínica de rehab, para deixar a droga) e ultrapassa a sede de vingança. Jenny finalmente compreende que o erro foi dela, das suas atitudes. Após essa auto-reflexão, encontra o amor: Bedlam.

Curiosamente, Bedlam também passou o tempo a tentar destruir Jenny, a vingar-se dela, porque… a ama.

No final, Jenny fica com Bedlam e Matt fica com Hannah. O esperado e normal… final feliz.

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O filme é “leve” e divertido, com algumas situações cómicas. Pessoalmente, eu gostei.

Claro que não devem esperar explicações científicas para os super-poderes. Elas não existem.
Na verdade, é o contrário: algumas das imagens são contrárias aos factos científicos. Por exemplo, quando se vê o meteorito no solo, incandescente, em fogo, tendo incendiado a zona ao seu redor.

O filme claramente coloca no papel central uma mulher. Na verdade, no final percebe-se que a “força” está com as duas mulheres do filme. Aliás, durante o filme, o próprio Matt queixa-se de se sentir “diminuído” e na imagem final o realizador quis mesmo reforçar essa ideia, retirando masculinidade aos dois homens do filme.

Uma característica que gostei é que Jenny é um anti-heroi.
A super-mulher, na verdade, é uma super-vilã, com inúmeros defeitos e problemas pessoais.

Se não estivéssemos na presença de uma comédia romântica, em que a mulher tem super-poderes, na segunda parte do filme poderia-se cair no drama em que se tornou o filme Atração Fatal

O tema “escondido” do filme parece ser a Dissonância Afetiva.
Jenny tem claramente problemas afetivos e emocionais, em que se mostra “louca”, “desequilibrada” e “doida varrida” (como dizem no filme), vendo a sua relação como um jogo, uma manipulação constante através de um controlo permanente, o que a faz ter atitudes que promovem relações negativas, instáveis e intempestivas. A super-mulher precisa de um super-psicólogo.
Curiosamente, Bedlam tem o mesmo problema, não conseguindo ter uma relação saudável com Jenny mas sim uma relação paradoxal: ama-a, e “por isso” quer vingar-se e destruí-la. Tal como Jenny, também Bedlam não sabe lidar com os seus afetos de uma forma saudável e equilibrada.

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