Ao analisar a curva de luz da estrela KIC 8219268, a equipa do satélite Kepler (NASA) usou o método dos trânsitos para detetar um objeto em orbita desta estrela, com um período de apenas 6,25 dias e a uma distância de apenas 2,32 vezes o raio da estrela.
Quase em simultâneo, uma outra equipa analisou os dados do Kepler, e propôs que este objeto estaria a emitir luz, sendo por isso uma estrela companheira. Deste modo, foi posto em causa se o objeto seria um planeta.
Uma equipa internacional, da qual fazem parte Nuno Cardoso Santos e Pedro Figueira (IA/CAUP), estima que o Kepler-91b seja o exoplaneta mais próximo de uma estrela gigante alguma vez detetado.
Pedro Figueira, investigador do IA/CAUP, comenta: “Este resultado ilustra o quão difícil é detetar pequenos planetas e como a comunidade está empenhada em encontrar novas maneiras, cada vez mais precisas, de o fazer.”
Recorrendo ao método das velocidades radiais, com dados obtidos pelo espectrógrafo CAFE (Calar Alto Fiber-fed Echelle), no Observatório de Calar Alto, a equipa internacional conseguiu medir a massa em 1,09 vezes a massa de Júpiter. Com técnicas de asterossismologia, foi ainda possível determinar que o diâmetro do objeto seria de 1,38 vezes o diâmetro de Júpiter, confirmando assim que o Kepler-91b se tratava, de fato, de um planeta.
Por orbitar tão próximo (o semi-eixo maior da órbita é de apenas 0,073 unidades astronómicas, ou seja, 5,3 vezes mais perto da estrela que Mercúrio está do Sol), a estrela KIC 8219268 chega a ocupar até 10% de todo o céu do Kepler-91b.
O Kepler-91b é ainda o primeiro exoplaneta confirmado recorrendo a dados do Observatório de Calar Alto. Esta investigação foi publicada no último número da revista Astronomy & Astrophysics.
2 comentários
“Quase em simultâneo, uma outra equipa analisou os dados do Kepler, e propôs que este objeto estaria a emitir luz, sendo por isso uma estrela companheira.”
Existem indícios de que o objeto realmente está a emitir luz?
O planeta poderia estar a emitir luz devido ao alto aquecimento de sua superfície, digo, como uma grande lâmpada incandescente aquecida pela estrela tão próxima?
A propósito, o planeta em questão tem superfície gasosa?
Muito obrigado, este é o melhor sítio de divulgação científica que conheço.
Abraços brasileiros.
Oi Leonardo,
Obrigado pelas suas palavras.
Se for devido ao aquecimento, então ele emitiria (como deve emitir) em luz/radiação infravermelha. O infravermelho é a emissão daquilo que popularmente chamamos de calor.
Numa lampada tem isso: emissão em luz visível (vemos a lâmpada) e emissão de radiação infravermelha (daí que se tocarmos ela está quente).
abraços