Geada na bacia de Hellas

Hellas_Chaos_Marte_HRSC_Mars_Express_230114Hellas Chaos visto pela câmara estéreo de alta resolução da sonda Mars Express, a 23 de janeiro de 2014.
Crédito: ESA/DLR/FU Berlin.

Obtida a poucas semanas do início do longo inverno austral em Marte, a imagem de cima mostra uma variedade de formações geológicas em Hellas Chaos cobertas por geada de dióxido de carbono. A região situa-se no interior da bacia de impacto de Hellas, uma gigantesca cicatriz com cerca de 2300 quilómetros de diâmetro e uma profundidade máxima de quase 8 quilómetros, localizada nas terras altas do hemisfério sul do planeta vermelho.

Hellas foi provavelmente formada há cerca de 3,8 a 4,1 mil milhões de anos, durante o Intenso Bombardeamento Tardio, um período em que os planetas do Sistema Solar interior foram sujeitos a uma intensa chuva de asteroides e cometas. Desde a sua formação, a bacia foi sendo esculpida pelo vento, gelo, água e vulcanismo.

Hellas_Chaos_contextoMapa topográfico mostrando a imagem de cima no contexto da bacia de Hellas.
Crédito: NASA/MGS/MOLA.

Hellas Chaos preenche uma extensa área na parte meridional de Hellas, com aproximadamente 100 mil quilómetros quadrados. A região exibe uma multitude de mesas e colinas de encostas alcantiladas, que dão forma a uma rede caótica de vales e canhões talhados pela erosão. Porém, até agora, não se sabe com precisão como foi formada esta paisagem extremamente complexa.

Os cientistas suspeitam que no passado foram depositadas grandes quantidades de sedimentos no interior de Hellas, parte dos quais foram posteriormente removidos pelo vento e pela torrentes de água que outrora fluiram a partir das encostas a nordeste, através dos vales de Dao e de Harmakhis. O levantamento topográfico da bacia revelou, no entanto, a presença de enormes fluxos de lava solidificados serpenteando em redor de Hellas Chaos, possivelmente com origem em erupções vulcânicas em Amphitrites Patera, um vulcão situado junto ao extremo meridional de Hellas.

Hellas_Chaos_Marte_HRSC_Mars_Express_230114_perspectivaPormenor de uma depressão alongada em Hellas Chaos, numa perspetiva criada a partir de imagens obtidas pela câmara estéreo de alta resolução da sonda Mars Express, a 23 de janeiro de 2014.
Crédito: ESA/DLR/FU Berlin.

Na imagem podemos ver uma depressão alongada tingida pela geada, com muitas colinas pequenas, com superfícies rugosas, elevando-se do seu interior. A depressão é flanqueada a sul por duas cristas iluminadas pelo Sol, que nessa altura espreitava no céu, cerca de 25º acima do horizonte. A norte estende-se uma área coberta por grandes poços de sublimação intercalados por terrenos com padrões poligonais. Estes padrões são criados pela contração e relaxamento da superfície resultantes dos ciclos de congelação e degelo gerados pelas mudanças de estação.

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