Desastre do Challenger foi há 29 anos

No dia 28 de Janeiro de 1986, o programa espacial norte-americano sofreu, provavelmente, o revés com  maior impacto na opinião pública mundial: o desastre do Challenger.

A morte de uma tripulação de sete, que pela primeira vez incluiu a astronauta civil Christa McAuliffe, numa explosão transmitida na rede nacional de televisão durante vários dias após o acidente deixou uma marca na mente do público.

Ainda mais profundo foi o impacto na NASA. Cega pelo sucesso dos primeiros voos do Shuttle, a gestão da Agência tinha desenvolvido uma atitude negligente em relação às advertências provenientes da comunidade de engenharia. A NASA tinha feito uma agenda impossível para o Shuttle, mesmo antes da sua entrada em serviço, para conseguir garantir o financiamento. Ao longo do tempo, os dirigentes da NASA estavam cada vez mais impacientes com os atrasos técnicos gerados por operar uma máquina tão complexa.

Tudo terminou numa manhã de frio intenso,  do dia 28 de Janeiro de 1986, quando sete astronautas perderam a vida à frente da família, amigos, e milhões de telespectadores. Um veículo que foi celebrado pela sua proeza técnica separou-se aos 73 segundos de voo, queimando cerca de 2 milhões de litros de combustível em apenas alguns segundos, criando uma nuvem sinistra de gás que ainda assola a memória de quem viu.

A tripulação da missão STS-51-L do Space Shuttle mission STS-51-L. Na fila de trás, da esquerda para a direita: Ellison S. Onizuka, Sharon Christa McAuliffe, Greg Jarvis, e Judy Resnik. Na fila da frente, da esquerda para a direita: Michael J. Smith, Dick Scobee, and Ron McNair. (Créditos: NASA)

Depois do acidente, foi criada uma comissão de inquérito para apurar as causas do acidente. Foram tempos conturbados e a opinião pública estava de olhos postos na comissão e ansiosa para saber a causa do acidente. Richard Feynman  esteve presente na comissão de inquérito, e a audiência da comissão de inquérito onde ficou pública a causa do desastre ficou na mente de todos, sobretudo pela explicação que Feynman fez. Podem vê-la no video seguinte:

No AstroPT já várias vezes foi referido o desastre do Challenger, incluindo o filme que foi feito sobre a investigação que se seguiu ao acidente. Cliquem aqui para verem todos os artigos publicados no AstroPT sobre o Challenger.

3 comentários

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  1. Erradamente continua-se a dizer que o Challenger explodiu, o que não é verdade.

    1. Olá Rui! : )

      Tens toda a razão. O Challenger em si não explodiu, e acabou por cair no mar, e infelizmente, a tripulação provavelmente percebeu o que se estava a passar.

      Nao utilizei o termo certo quando referi que a Comissão Rogers tinha como finalidade determinar as causas da explosão. Deveria ter escrito antes “as causas do acidente” para que não haja dúvidas. : ) Por isso mesmo, irei corrigir o texto. : )

      Obrigada
      Vera

    • Dinis Ribeiro on 28/01/2015 at 11:19
    • Responder

    No dia em que isso aconteceu eu estava em Austin, e assisti em directo á explosão pela TV. Como fazia parte duma organização que se chamava University of Texas Students for the Exploration and Development of Space ajudei a fazer uma “banner” que foi colocada alguns dias depois em frente á Texas Union na West Mall, virada para a Guadalupe St. que dizia: “Take up the challenge!”.

    Uma das consequências desse acidente que afectou directamente a nossa organização de estudantes, foi o adiamento “sine die” do lançamento de uma experiência do tipo “Getaway Special” para a qual estávamos a tentar obter financiamento, pois havia uma “reserva” que tinha já sido paga pela UT Austin.

    Haviam muitas ideias inovadoras sobre o que iríamos enviar a bordo e uma das mais interessantes tinha sido sugerida por este investigador que se correspondia connosco: http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_L._Forward e que conheci pessoalmente mais tarde, em 1994, em Oslo durante uma das conferências da Federação Internacional de Astronáutica.

    O programa “Getaway Special” que tinha um custo “muito mais acessível” permitiu o “lançamento” de muitas carreiras de investigação e desenvolvimento, pois dava uma oportunidade aos professores e estudantes de participar em missões espaciais inovadoras.

    Mais Informação: http://en.wikipedia.org/wiki/Getaway_Special

    Citação:

    Getaway Special was a NASA program that offered interested individuals, or groups, opportunities to fly small experiments aboard the Space Shuttle. The program, which was officially known as the Small, Self-Contained Payloads program, was canceled following the Space Shuttle Columbia disaster on February 1, 2003.

    Mais tarde surgiu este programa:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_Hitchhiker / http://en.wikipedia.org/wiki/Hitchhiker_Program

    Saliento uma missão que trabalhou no desenvolvimento duma tecnologia que me parece importante:
    http://www.spacepatchdatabase.com/tags/hitchhiker

    Citação:

    The Vented Tank Resupply Experiment (VTRE) will test the performance of Capillary Acquisition Vanes for future spacecraft liquid storage tanks. These vanes are designed to keep liquid from inadvertently venting from a tank during refilling or pressure relief operations in the zero gravity of orbit. Flown on STS-77

    Tenho particular interesse na Figura 2 na pág 8 deste documento:
    http://ntrs.nasa.gov/archive/nasa/casi.ntrs.nasa.gov/19970025336.pdf

    Hoje em dia, o que existe e é relativamente “equivalente” aos “Getaway Specials” são os “Cubesats”, que também dependem totalmente do sucesso dos lançadores para conseguirem ter acesso á orbita terrestre…

    http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_CubeSats / http://pt.wikipedia.org/wiki/CubeSat / http://en.wikipedia.org/wiki/CubeSat

  1. […] recordo aqui a explicação de Richard P. Feynman (já falamos dele aqui). Richard P. Feynman levou ao congresso americano um copo de água com gelo, um O-ring  e facilmente explicou o que […]

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