Snowpiercer – o expresso do amanhã

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O filme Snowpiercer é extremamente interessante.
Gostei bastante do filme: é criativo, inovador, resulta muito bem, e representa um Metropolis do tempo moderno ou um dystopian brave new world com a problemática das alterações climáticas.

O aquecimento global é um problema atual.
Devido a este problema, em 2014 é libertado um composto químico na atmosfera de forma a contrabalançar o aquecimento global.
Os efeitos desta ação têm resultados devastadores, levando o planeta a uma nova era glaciar.
Os poucos humanos que sobrevivem embarcam num gigantesco comboio, o Snowpiercer.
Assim, em 2031, toda a vida na Terra encontra-se sob toneladas de gelo, exceto no interior do comboio Snowpiercer.

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O conceito geral do filme é muito interessante.
Mas as “menores” ideias dentro do filme ainda são mais interessantes.

Por exemplo, o comboio dispõe de uma locomotiva de movimento perpétuo. É uma locomotiva aparentemente eterna e que nunca para.
Também parece não descarrilar, mesmo com a acumulação de neve e gelo na linha férrea.
O circuito rodoviário aparentemente quase circular atravessa os 5 continentes, durante 438 mil quilómetros.
O comboio leva 1 ano a dar a volta ao mundo.
A passagem na Ponte Yekaterina representa a passagem de ano. Essa é a festa de ano novo. Esta é uma das situações interessantes do filme.
Durante 17 anos (2014-2031), isto passa-se sempre assim.

O comboio representa o mundo inteiro, com toda a humanidade sobrevivente lá dentro. É uma “arca de Noé” mecânica.
Para os passageiros, o comboio é todo o seu mundo. Durante 17 anos, eles estão isolados de tudo o resto.

As diferentes carruagens do comboio representam diferentes “ecossistemas”. Existe uma carruagem para a água, outra com floresta, outra que é um enorme aquário, outra que é uma escola para endoutrinar alunos, outra com os alfaiates, outra com os cabeleireiros, outra que é um bloco médico-cirúrgico, outra que é uma discoteca, etc.

As pessoas têm um “deus”.
A Locomotiva Sagrada dá tudo: energia, movimento, ordem, água, calor, vida…
As pessoas adoram, prestam homenagem, ajoelham-se perante a Locomotiva Sagrada.
Além disso, tudo é pré-determinado pela Locomotiva Sagrada. É assim, porque ela quer assim.
O maquinista, condutor do comboio, é o Divino Guardião da Locomotiva Sagrada. Ele é o intermediário entre os desejos da Locomotiva Sagrada e as pessoas.
Na verdade ele, Wilford, assemelha-se bastante a um ditador.

Para a humanidade sobreviver, é preciso existir ordem e liderança… senão, os mais pobres e ignorantes, a maioria da população, comem-se uns aos outros. Aliás, o canibalismo existe nas classes mais baixas, e mais numerosas, da sociedade, de modo a conseguirem sobreviver.
Para existir uma ordem rigorosa, Wilford dita as leis que todos têm que seguir. E têm que seguir, porque sim.
Daí que existe uma grande propaganda “política” de modo a que esta ordem e o status quo se mantenha.

Uma das regras que existe é que de tempos a tempos, é necessário existir uma grande matança (sobretudo dos mais pobres, claro).
A razão é que, para sobreviver, a humanidade precisa de ter um número ideal de pessoas.
Pessoas a mais consomem mais recursos, provocam mais problemas, etc, o que desestabilizaria a ordem das coisas.
Tudo se rege pelo equilíbrio.

A vida no comboio obedece a uma vincada estratificação social: as ricas elites viajam nas carruagens da frente, com todas as mordomias e privilégios, enquanto os mais pobres sofrem na cauda do comboio.
O tema principal é este: luta de classes sociais.

Aliás, achei muito curiosa a ideia que esta luta de classes é que faz descarrilar o comboio, ou seja, no final faz desabar o mundo tal como o conhecemos.

Achei bastante interessante a caricatura das classes sociais mais altas: são parvos e viciados em drogas.
E a caricatura das classes sociais mais baixas: não conseguem se auto-suster e raramente se apercebem que estão a ser manipulados pelas classes sociais mais altas.

Outra crítica social bastante interessante é que grande parte da população só come barras proteicas, feitas artificialmente, tipo ração. É uma crítica à comida de plástico.
Se bem que estas barras proteicas são feitas à base de escorpiões… e sabemos que os insetos serão a comida do futuro.

Achei muito interessante a ideia de que controlar a água é controlar o mundo (no comboio).
No entanto, não entendo isto, já que a única água existente não pode ser a que existe no comboio, já que lá fora existe muito gelo de água.

Não entendo como em 17 anos não existem avalanches de neve que façam descarrilar o comboio ou coloquem uma enorme quantidade de neve na linha férrea.
Só existe no final, ao fim de 17 anos. E curiosamente, destruiu quase todas as carruagens, exceto as primeiras (que contém os privilegiados da sociedade).

É dito no início do filme que toda a vida se extinguiu fora do comboio.
Mas isto é inconcebível. Não só não podemos viver isolados do ecossistema, mas sobretudo sabemos que existe vida que sobrevive no frio polar extremo.

O filme dá a entender que as mudanças terrestres de aquecimento global e posteriormente de Era Glaciar dão-se bastante rápidas. Sabemos que na realidade isto não se passa assim, mas é verdade que o filme não poderia demorar milhares de anos…

Detestei ver no filme que os cientistas são representados como os maus da fita, provocando a Era Glaciar.

4 comentários

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  1. Foi um filme que muito surpreendeu muito pela positiva. Pensava que não havia imaginação para criar um filme que considero excelente, tendo em as restantes foleiradas (na minha opinião) dos últimos anos.

    • Samuel Junior on 24/03/2015 at 14:45
    • Responder

    Parece interessante, vou ver.

  2. Alguém sabe onde posso baixar esse filme na versão dublado?

  3. Também gostei, foi uma boa surpresa…
    Existem algumas falhas de lógica cientifica, mas temos que ser ‘tolerantes’!

    Abraços

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