Descoberta a mais antiga ferramenta de pedra

A ferramenta de pedra mais antiga conhecida: feita por chimpanzés ou por hominídeos?

A ferramenta de pedra mais antiga conhecida: feita por chimpanzés ou por ancestrais da Humanidade?

Aprendi na escola que o Homo habilis teria sido o primeiro hominídeo a utilizar ferramentas, daí o seu nome (habilidoso). As suas ferramentas seriam de ossos, madeira e pedra lascada. As primeiras ferramentas teriam assim cerca de 2 milhões de anos.

Entretanto, foram descobertas ferramentas de pedra com cerca de 2,6 milhões de anos, ao lado de Australopithecus garhi, sendo assim mais antigas que o Homo habilis.

No entanto, sabe-se agora, que os chimpanzés utilizam ferramentas de pedra para diversas aplicações (por exemplo, como bigornas e como martelos), como podem ler aqui e aqui.

Assim, é perfeitamente normal pensar-se que os antepassados dos homens e dos chimpanzés utilizavam ferramentas de pedra. Sendo assim, a utilização de ferramentas será anterior ao desenvolvimento do género homo, sendo assim muito anterior ao homem moderno, Homo sapiens, que terá somente 200 mil anos.

Resumindo: a utilização de ferramentas de pedra será certamente mais de 3 milhões de anos anterior ao homem moderno.
O interesse da investigação será agora perceber como esta utilização de ferramentas de pedra foi gradualmente e vagarosamente se desenvolvendo desde há quiçá 4 milhões de anos atrás até agora (ou melhor, até ao Homo habilis, porque depois disso temos uma melhor ideia de desenvolvimento).

Escavação na bacia do Lago Turkana

Escavação na bacia do Lago Turkana

Assim, foi sem grande surpresa que no mês passado foi anunciado que se encontraram ferramentas arcaicas de pedra com 3,3 milhões de anos. Ou seja, descobriu-se evidências de instrumentos de pedra com mais 700 mil anos do que as evidências que tínhamos até agora. A descoberta foi feita em Lomekwi 3, perto do Lago Turkana, no Quénia.
Sendo que “os primeiros membros do género Homo surgiram há 2,8 milhões de anos, segundo uma mandíbula encontrada na região de Afar, na Etiópia“, então estas ferramentas são cerca de 500 mil anos anteriores ao aparecimento dos primeiros “humanos”.
Não se sabe quem as fez. Mas tendo em conta que no Quénia por essa altura andavam Australopithecus, Paranthropus e Kenyanthropus platyops, então terá sido um destes a utilizar as ferramentas, provavelmente o Kenyanthropus platyops já que os seus fósseis encontram-se perto do local das ferramentas de pedra.

Apesar de ser uma descoberta importante, é uma descoberta “esperada”, já que como eu disse em cima, espera-se encontrar uma evolução gradual nas ferramentas, e essas etapas de transição (entre o que se vê hoje os chimpanzés a utilizar e as ferramentas rudimentares dos antepassados do homem moderno) estão agora a ser descobertas.
Certamente que há ferramentas mais antigas e rudimentares que as desta descoberta. Assim como existem inúmeras ferramentas primitivas para serem descobertas nos 700 mil anos (entre 3,3 e 2,6 milhões de anos) de “salto” de descobertas.
O puzzle da evolução vai gradualmente ficando mais completo.

Podem ler sobre esta descoberta aqui, aqui, aqui e aqui.

Apesar de ser uma descoberta “esperada”, no sentido de ser normal que haja cada vez mais descobertas da gradual evolução da utilização de ferramentas, alguns jornais/jornalistas preferiram divulgar o completo disparate:

disparate

É verdade que posteriormente corrigiram o título: substituíram o completo disparate pelo idiótico sensacionalismo.

sensacionalismo

A maioria dos comentários nesse artigo estão ao nível do título dado ao artigo: imbecis e conspiranóicos.

A minha pergunta é: com um título destes e com a disseminação desse tipo de comentários, o objetivo do jornal Expresso é estupidificar ainda mais a população?

5 comentários

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    1. É a mesma parvoíce do Harold Camping em 2011:

      http://www.astropt.org/tag/harold-camping/

        • Betinhofloripa on 10/06/2015 at 11:40

        Isso só prova que tudo no universo é cíclico. Algo a se pensar…..

    • Paulo Figueira on 05/06/2015 at 17:02
    • Responder

    Eu tenho uma teoria diferente. Não creio que seja o estupidificar da população, mas sim uma questão de sobrevivência. Com o incremento das noticias online os jornais tem cada vez mais dificuldade em sobreviveram, daí enveredarem cada vez mais por estas noticias sensacionalistas. Em minha opinião isto cria um paradoxo ainda maior, uma vez que abraçaram este caminho para tentarem atrair mais leitores, mas acabam por afastar cada vez mais leitores com este tipo de atitudes!!!

    • Ricardo André on 05/06/2015 at 12:33
    • Responder

    E o Expresso normalmente até não é nada sensacionalista e identifica bem as fontes.
    Lá deve ter sido algum jornalista novo vindo do Correio da Manhã ….

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