Tudo sobre o sistema de Plutão!

A Conferência de Imprensa da NASA acabou há minutos atrás, e isto é o que foi dito:

A Cintura de Kuiper tem objetos com enormes montanhas e enormes canyons!
Esta é uma das grandes surpresas do dia!
Os objetos não são “bonitinhos”, praticamente sem características interessantes. Não! São bastante diferentes e têm características bem diversificadas.

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Esta é Hidra, uma das luas de Plutão.
Pode não parecer grande coisa, mas é a melhor imagem que temos desta lua.
Hidra é feita de gelo de água.
E, pela imagem, sabemos que tem uma forma alongada, em que o comprimento dela é 30% maior que a sua largura. Tem a forma de uma batata, com um comprimento de 43 km e uma largura de 33 km.

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Esta é a lua Caronte, a maior lua de Plutão.
É bastante diferente do que se esperava.

A cor no pólo norte é uma cor real: do que veríamos com os nossos olhos.
E uma área enorme que se deve a processos geológicos internos.
Esta área mais negra é composta por várias sub-regiões. Para se saber do que é composta, ainda faltam os dados da espetroscopia.

A zona mais abaixo, deverá ter estado geologicamente ativa recentemente… daí não existirem crateras. A sua superfície é jovem.

O enorme canyon, na direita, tem cerca de 8 kms de profundidade!
O outro canyon, parecido com Marte, com um comprimento de cerca de 1.000 km, deverá ter 3 km de profundidade!

Tudo isto é muito interessante em termos geológicos. Vai dar para estudar durante anos.
Caronte não desiludiu!

Caronte para já, é tão surpreendente como Plutão… mas ainda só temos uma região pequena de Plutão vista ao detalhe. Temos que esperar o resto que virá nos próximos dias.

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As análises de espetroscopia mostram bastante gelo de metano na superfície de Plutão, mas com grandes diferenças nessa abundância, entre uns locais e outros. Por exemplo, no pólo norte de Plutão, o metano está diluído no gelo de azoto (nitrogénio).
Não se sabe as razões para as diferenças. Poderá ser da textura do terreno. Não se sabe.

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A região do coração foi nomeada como Região Tombaugh, em homenagem a Clyde Tombaugh, descobridor de Plutão.

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E esta é a imagem que todos esperavam!

Uma imagem mais de perto à superfície de Plutão, mostra terrenos diversificados: superfície plana e também enormes e recentes montanhas de gelo de água.
Plutão tem processos geológicos diversificados e muito para lá do que se esperava!
As partes planas poderão ser devido a “inundações de fluidos”, como água (?) ou lava, mesmo subsuperficiais. Mas provavelmente deverá ser outro processo geológico que ainda não sabemos… precisamos de receber mais dados.

As montanhas geladas têm até 3 km e meio de altura! E são recentes: com menos de 100 milhões de anos. A altura delas deverá continuar a aumentar, porque estas montanhas poderão estar ainda a ser formadas. Em locais gelados como Plutão, o gelo na superfície comporta-se como a rocha na Terra (formando enormes montanhas).

Além disso, parecem não existir crateras na superfície de Plutão. Ou seja, a sua superfície é jovem – uma das mais jovens do sistema solar!

O que isto mostra é que a superfície de Plutão é geologicamente ativa!

E como Plutão não é uma lua de um enorme planeta, então esta atividade geológica tem que vir de processos internos, não das interações gravitacionais.
Ou seja, um corpo sozinho, deste tamanho, pode provocar esse aquecimento e ter atividade suficiente para promover uma superfície jovem!
Estes pequenos planetas podem ser bastante ativos, mesmo tanto tempo após a sua formação! Isto é surpreendente!

Deverá existir atualmente crio-vulcanismo em Plutão, geyseres de água gelada, mas esses vulcões ativos ainda não foram encontrados.

Sabemos agora que um mundo deste tamanho e tão longe do Sol, pode ter muita atividade.
Plutão deverá ter um oceano interno (aqui e aqui), que deverá congelar quando Plutão se distancia na sua órbita excentrica, e quando se aproxima esse oceano interior deverá ficar líquido. Assim, estes processos deverão contribuir para muita atividade interna que afeta a superfície externa.

Tritão, lua de Neptuno, é o objeto mais similar a Plutão. Mas não tem os mesmos processos geológicos. Caronte é mais parecida com luas de Urano.

O que se comprova com tudo isto, é que o sistema de Plutão é muito mais complexo do que se pensava. E vai fazer com que equipas de cientistas estudem os dados nos próximos largos anos.

A rotação de Plutão é de cerca de 6 dias terrestres.
Isso quer dizer que só temos observações, imagens, da parte que está a ser iluminada pelo Sol.
No entanto, o outro lado de Plutão, que está de “noite” (sem luz do Sol) enquanto a New Horizons lá passa, terá imagens, após a New Horizons passar e estar um pouco mais distante. Claro que neste lado noturno teremos muito menos detalhes.

Como nos diz José Agustoni: Três regiões distintas da superfície de Plutão. Em vermelho uma planície, em amarelo uma região muito acidentada com montanhas escarpadas, e em azul uma região com contornos suavizados, arredondados. Quais os processos que geraram cada uma delas?

Como nos diz José Agustoni:
Três regiões distintas da superfície de Plutão: em vermelho uma planície, em amarelo uma região muito acidentada com montanhas escarpadas, e em azul uma região com contornos suavizados, arredondados.
E isto tudo apenas num cantinho de Plutão. Quais os processos que geraram cada uma delas?

Acham que já acabou? Não…
6ª feira vão existir mais imagens, melhores imagens e melhores dados!

Fiquem atentos! 🙂

6 comentários

3 pings

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  1. Alguma razão por esta imagem de alta resolução ser a preto-e-branco?

    Para quando imagens coloridas?

    1. As de melhor resolução vêm mais tarde, a partir da próxima semana 😉

      A cor é sempre colocada à posteriori 😉

  2. Plutão parece ser muito mais interessante do que se esperava. Também aguardo, com grande expectativa, novos estudos geológicos.

    🙂

    • Danilo Gravina Dalla Paula on 15/07/2015 at 22:40
    • Responder

    Excelente, estou entusiasmado demais com tudo isso. Realmente o planeta é lindo, vamos aguardar mais imagens. Carl Sagan deveria ter visto isso tudo.

  3. O Resumo possível por agora. Claro que a montanha de informação armazenada no disco da sonda é tão grande e a capacidade de a transmitir para a Terra tão lenta que levará uns 16 meses a transmitir toda a informação gravada neste fly-by.

    Muitas surpresas nos aguardam 🙂

    • Vanderlei dos Reis on 15/07/2015 at 22:20
    • Responder

    Belo trabalho! Sucinto!

  1. […] gelo de água não é surpresa. Já sabíamos desde que a New Horizons lá passou, que existem recentes montanhas de gelo de água. No entanto, este gelo de água normalmente está […]

  2. […] Conferência de Imprensa da NASA acabou há minutos atrás, e estas são as conclusões que se podem […]

  3. […] Plutão é o corpo astronómico mais famoso desta semana. […]

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