New Horizons Envia as Melhores Imagens

Desde finais de Julho, a New Horizons enviou para a Terra apenas dados que requerem pouca largura de banda, recolhidos pelos instrumentos que “sentiram” o plasma, o vento solar e as partículas de poeira no ambiente interplanetário em torno de Plutão. Nada de imagens. Depois deste interregno de aproximadamente 1 mês, a sonda recomeçou o envio de imagens de alta resolução para a Terra no passado dia 5 de Setembro. A recepção é assegurada pela Deep Space Network, um conjunto de antenas nos Estados Unidos, Austrália e Espanha utilizados para enviar sinais de controlo e receber dados de missões planetárias. Segundo a equipa, as imagens que serão agora recebidas são as melhores obtidas pela sonda e incluem, entre outras, versões de alta resolução, sem compressão, das divulgadas em Julho. De facto, a amostra hoje publicada é de fazer “salivar” mesmo o mais casual observador e vou tentar demonstrá-lo apenas com 4 exemplos.

A imagem que se segue é um mosaico obtido a partir de várias imagens de alta resolução (800 metros/píxel) enviadas pela sonda. O mosaico foi mapeado numa superfície esférica por forma a dar uma ideia mais clara do que um hipotético astronauta veria se colocado a uma distância de 1800 quilómetros da superfície, sobrevoando a região equatorial de Plutão. Na altura em que a câmara LORRI obteve as fotos, no dia 14 de Julho de 2015, a sonda situava-se a 80 mil quilómetros do planeta anão.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

A região mais à esquerda na imagem, escura e coberta de crateras, sinal de que é geologicamente mais antiga, é informalmente conhecida por Cthulhu Regio. Mais à direita, esta região dá lugar às extensas planícies de Sputnik Planum. No topo esquerdo da imagem são visíveis enormes desfiladeiros e uma grande bacia de impacto com várias pequenas crateras no interior. Nos bordos de Sputnik Planum há várias cadeias montanhosas, entre as quais Norgay Montes e Hillary Montes, no centro à esquerda e em baixo à esquerda, respectivamente e as falésias de Cousteau Rupes, no bordo direito. Os campos de glaciares identificados em Julho situam-se no bordo superior de Sputnik Planum, formando um reticulado de polígonos irregulares. A grande estrutura de forma aproximadamente triangular, ao centro à esquerda na imagem, tem formações longas e estriadas que poderão ser dunas, não de areia mas de gelo!

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

A imagem seguinte é de Caronte, uma versão de qualidade muito superior de uma outra enviada previamente pela sonda e publicada em 15 de Julho. Foi obtida a uma distância de 470 mil quilómetros da lua, com uma resolução de 4.6 quilómetros/píxel, numa altura em que a sonda estava ainda a 10 horas do ponto de maior aproximação a Plutão.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

Com uns meros 1200 quilómetros de diâmetro, Caronte tem uma espantosa variedade de formações geológicas, indícios de uma história conturbada. Os cientistas da missão identificaram nesta imagem possíveis fracturas de origem tectónica, planícies com fracturas, montanhas que parecem afundar-se na superfície, regiões com grande número de crateras de impacto, uma rede intrincada de raios ou filamentos associados com crateras e, last but not least, a região escura, avermelhada na realidade, no pólo norte (parte superior da imagem, ao centro). Crê-se que a coloração desta última região tem a sua origem em material proveniente da atmosfera distendida de Plutão. Depositado na ultra-fria superfície do pólo norte de Caronte, e exposto à radiação ultravioleta solar e aos raios cósmicos, forma hidrocarbonetos complexos designados por tolinas que têm esta cor característica.

A próxima imagem mostra a atmosfera de Plutão, fotografada em contra-luz quando a sonda passou pela sombra do planeta anão, 16 horas depois do ponto de maior aproximação e já a uma distância de 770 mil quilómetros. A luz do Sol dispersada pela atmosfera muito rarefeita é visível como um halo branco em torno do seu lado nocturno (esquerda). Um processamento cuidado da imagem revela que existem muitas camadas de neblina na atmosfera localizadas a diferentes altitudes (direita).

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

A quarta e última foto mostra um efeito que também observamos aqui na Terra — a luz crepuscular. Rarefeita como é, a atmosfera de Plutão é suficientemente eficiente a dispersar a luz solar para poder iluminar tenuemente partes da superfície que se encontram para lá do terminador, i.e., onde o Sol já se pôs para um observador local. O efeito é visível na imagem que se segue, onde a linha vermelha marca o terminador (esquerda). Uma manipulação ligeira da imagem (direita), mostra pormenores na superfície para lá dessa linha, iluminados por essa ténue luz crepuscular.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

As imagens enviadas pela sonda estão a ser disponibilizadas neste sítio na Internet. Desta forma, qualquer pessoa pode visualizá-las em primeira mão e experimentar fazer o seu próprio processamento. A imagem que se segue é um modesto exemplo da minha autoria e mostra uma região adjacente à representada na primeira imagem. Os pormenores são fascinantes.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute e Luís Lopes.

Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute e Luís Lopes.

(Fonte: NASA)

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